09-11-2021Campo Arqueológico de Mértola é "dos mais importantes centros de investigação"Com 40 anos de vida, o Campo Arqueológico de Mértola (CAM) é "um dos mais importantes centros de investigação" de Portugal e tem como "grande êxito" o contributo para a projeção e o desenvolvimento turístico da vila-museu. Atualmente, o CAM, que foi criado em 1978 e está a comemorar 40 anos, "é um dos mais importantes centros de investigação do nosso país", disse o diretor da instituição, o arqueólogo Cláudio Torres, em entrevista à agência Lusa.
A investigação produzida pelos investigadores e divulgada em publicações científicas e na revista anual do CAM "iniciou e desenvolveu os estudos medievais e islâmicos" de Portugal, "abrindo novas perspetivas de desenvolvimento de relações científicas pioneiras com a outra margem do Mediterrânio", frisou. Nos últimos 40 anos, "centenas de jovens universitários de toda a Europa e do Magrebe fizeram o seu tirocínio" no CAM em áreas como história medieval e islâmica, investigação antropológica e etnográfica, arqueologia funerária e arquitetura, indicou Cláudio Torres, referindo que a instituição tem projetos de investigação com várias universidades de Portugal, Espanha, Marrocos e Tunísia. A biblioteca do CAM especializada em Islão e época medieval, e com 50.000 volumes, "é uma das mais completas" de Portugal e, recentemente, foi enriquecida com as bibliotecas dos historiadores José Mattoso e Juan Zozaya e com a "fantástica intermediateca" do artista plástico António Sena. Segundo o arqueólogo, o "grande êxito" do CAM é "certamente" a importância e o contributo dos achados arqueológicos e projetos de investigação e musealização feitos pela instituição para a projeção e o desenvolvimento económico e turístico de Mértola, como vila museu. Os achados permitiram a "proliferação" de vários "espaços apetecíveis" que levam o visitante "a perder-se no emaranhado das vielas" da vila "à descoberta do mistério do labirinto e da beleza urbana e do grande museu aberto do casco antigo da velha" Mértola. O Museu de Mértola, tutelado pelo município desde 2014, tem 14 núcleos, 11 situados na vila e os restantes em outras três localidades do concelho, todos criados pelo CAM para preservar achados arqueológicos e edifícios emblemáticos. O "êxito desta dinâmica" tem sido "comprovado ao longo dos últimos anos" em que "a pequena vila" de Mértola, com pouco mais de mil habitantes, tem sido visitada, anualmente, "por mais de 50 mil turistas", disse. De "olhos postos" no futuro, Cláudio Torres disse que o CAM tem "em mãos" o "grande problema" de musealização e interpretação das quatro grandes estátuas romanas, datadas do século I, descobertas durante a obra de reabilitação da Casa Cor de Rosa, no centro histórico de Mértola. O CAM também tem "em mãos" a instalação, num edifício situado no interior da vila e cedido pela autarquia, da intermediateca entregue por António Sena. Juntando a intermediateca à sua própria biblioteca, o CAM vai ter "disponível e operacional um dos maiores centros de investigação" de Portugal, disse.
Campo Arqueológico de Mértola é ″dos mais importantes centros de investigação″ de Portugal |