Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


01-11-2021

Em Portugal a comunidade nepalesa cresceu 25 vezes em 10 anos




Comunidade nepalesa cresceu 25 vezes em 10 anos

Foto: Sara Matos/Global Imagens

 

Entre 2009 e 2021, a comunidade nepalesa em Portugal cresceu 25 vezes. Assim, no ano passado, eram cerca de 21 mil os cidadãos do Nepal que estavam a viver em Portugal com estatuto legal de residente, segundo a Pordata - base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Foi a comunidade estrangeira que mais cresceu. 

Segundo as estatísticas compiladas pela Pordata - com base em dados do Instituto Nacional de Estatística e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras/Ministério da Administração Interna -, havia, em 2019, 590 mil pessoas com nacionalidade estrangeira a viver em Portugal com estatuto legal de residente. Ou seja, mais 111 504 do que no ano anterior. Desses, cerca de um quarto (150 919 pessoas) era de nacionalidade brasileira. E seguiam-se, por ordem decrescente, os imigrantes naturais de Cabo Verde, do Reino Unido, da Roménia e da Ucrânia.

Apesar de o Brasil ser o país de origem da maior parte dos estrangeiros que residem em Portugal, a comunidade nepalesa é aquela que mais tem crescido nos últimos anos. Se em 2009 havia apenas 684 cidadãos do Nepal registados, no ano passado o número já tinha subido para 16 947. Os dados compilados pela Pordata indicam, ainda, que, nos mesmos dez anos, a comunidade italiana aumentou seis vezes, a francesa cinco vezes e a indiana três. Ao mesmo tempo, as comunidades espanhola, chinesa e britânica duplicaram.

No contexto da imigração dentro da sociedade portuguesa, os grupos de imigrantes com origem asiática são os mais significativos entre os de pequena dimensão (Pires, Machado, Peixoto & Vaz, 2010). Estas comunidades situam-se, sobretudo, na região da Grande Lisboa e desenvolvem-se em torno de atividades económicas em que predominam os pequenos negócios, como lojas e minimercados. Dentro destes grupos, a comunidade nepalesa destaca-se pela sua presença na área da restauração. A proliferação de restaurantes nepaleses é notória na região de Lisboa. Quantos de nós, em algum momento na mesa de um desses restaurantes, sentimos curiosidade em saber mais sobre o povo do país do Monte Everest? O que fazem em Portugal, o que pensam do nosso país, como conseguem aprender a nossa língua?

 

Nepal é um país de tradições, com um sistema de organização social baseado em castas e onde a religião é algo importante. Só no vale de Kathmandu existem 2.700 cultos religiosos. De acordo com o censo de 2001, 81% da população era adepta do hinduísmo e 11% era budista. As duas religiões têm co-existido ao longo de várias gerações e muitos dos ícones hindus podem ser encontrados em templos budistas. Alguns deuses e deusas são compartilhados pelo hinduísmo e pelo budismo, embora com nomes diferentes, e as duas religiões têm sido influenciadas por outras religiões baseadas em cultos ancestrais e animistas, que têm sobrevivido . Existem ainda minorias islâmicas e cristãs. 

A língua no Nepal com mais falantes é o Nepali, com cerca de 11 milhões. Esta é também a língua oficial, juntamente com o Inglês, e pertence à família de línguas indoarianas, trazidas da Ásia Central pelos arianos. O original, ou seja, o indo-ariano antigo, deu origem ao sânscrito a partir do qual derivou o Nepali ou Nepalêsque utiliza o sistema de escrita Devanagri (ou escrita da cidade dos deuses, às vezes conhecida como Nagari), que deriva da escrita Brahmi da Índia antiga

Os nepaleses descendem de três grandes migrações: da Índia, do Tibete e da Ásia CentralOs ancestrais das castas Bramane e Chetri vieram da Índia, enquanto outros grupos étnicos têm as suas origens na Ásia Central e no Tibete, tais como os Gurungs e os Magars no oeste, os Rais e os Limbus no leste, e os Sherpas e os Bhotias no norte. Grande parte da sua população é física e culturalmente similar à população indo-ariana do norte da Índia.

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Fonte: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9923/1/ulfl127540_tm.pdf e jornais portugueses