Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


30-01-2022

“Soldado da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (Recife, Brasil


“Retrato de pintor anonimo (sic) de um soldado negro da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. Segundo o historiador Allison Blakely o Governo de Mauricio de Nassau recrutava um numero considerável de soldados negros e portugueses judeus no Brasil”

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As informações do site de onde se extraiu a imagem (Flickt) atibuidas de Blakely são vagas e imprecisas.

Na verdade o pintor é, notoriamente Albert Eckhout, um dos artistas da comitiva de Maurício de Nassau, incumbido de produzir, exclusivamente retratos de autoridades holandesas, africanas e de tipos populares locais (Recife).

Eckhout foi um mestre do estilo pictórico denominado “Verismo”, criado por artistas holandeses na Europa nessa época, importante por ter, como fonte historiológica, a mesma importância da fotografia, surgida séculos depois.

Na verdade o fluxo de africanos para Recife e adjacências, oriundos de Angola (Reino do Kongo) era intenso e constante na época do chamado “Brasil Holandês” (1637/1654).

Os batavos na época dominavam Angola e o Brasil que, na ocasião, se resumia praticamente às capitanias de Pernambuco e Bahia.

A historiografia brasileira trata com notável -e bem suspeita - desimportância as fontes holandeses na história da escravidão nessa época crucial da implantação do sistema de trabalho escravo no Brasil.

Eventos fundamentais como o Kilombo de Palmares por exemplo, uma sociedade, seguramente com fortes laços culturais com a África Central, notadamente o norte de Angola do século 17, são estudados aqui, exclusivamente por meio de precárias e manipuladas fontes coloniais, em sua maior parte compostas por documentos e relatórios oficiais, enviados à Coroa lusitana.

Spirito Santo Janeiro 2021

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