Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


28-05-2021

Biografia de um autor: Aquilino Ribeiro (1885-1963)


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Aquilino Ribeiro nasce em Tabosa do Carregal, Sernancelhe, a 13 de setembro de 1885, fruto do relacionamento do padre Joaquim Francisco Ribeiro com a camponesa Mariana do Rosário Gomes.

Os pais de Aquilino RibeiroInline image

Faz, em 1895, o exame da 4.ª classe em Moimenta da Beira, entrando, de seguida, no Colégio de Nossa Senhora da Lapa.

Por iniciativa de sua mãe, que ambicionava fazê-lo sacerdote, frequenta o Seminário de Beja de onde acabaria por ser expulso, em 1904, por incompatibilidade com o padre Manuel Ançã, um dos diretores da instituição.

Em 1906, já a residir em Lisboa, inicia uma colaboração com o jornal republicano A Vanguarda.

No ano seguinte, escreve, em parceria com José Ferreira da Silva, o conto A Filha do Jardineiro, obra onde enaltece o republicanismo, criticando figuras do regime; entra para a Maçonaria através do Grande Oriente Lusitano e é acusado de anarquista.

Evade-se da prisão em 1908, mantendo, em Lisboa, contactos com os regicidas.

Em 1910, vamos encontrá-lo em Paris, estudando na Faculdade de Letras da Sorbonne. A 5 de outubro, é implantada a República em Portugal. Aquilino visita Lisboa mas regressa a Paris, onde se havia enamorado pela alemã Grete Tiedemann, com quem casaria mais tarde, após uma breve passagem pela Alemanha.

De regresso a Paris, nasce, nesta cidade, em 1914, o seu primeiro filho. Nesse mesmo ano escreve Jardim das Tormentas

O despoletar da Primeira Grande Guerra obriga Aquilino e a sua família a mudar-se para Portugal.

Apesar de não ter concluído a licenciatura na Sorbonne, é colocado como professor no Liceu Camões, onde permanecerá três anos.

Em 1918, publica A Via Sinuosa, entrando, no ano seguinte, para a Biblioteca Nacional de Portugal, onde contacta outras distintas personalidades como Jaime Cortesão e Raul Proença.

Entre a sua valiosa produção textual publicada a partir desta data, recomendamos, como essencial, a leitura de Terras do Demo (1919), A Casa Grande de Ramarigães (1957) e O Romance da Raposa (1959).

 

Sociedade Portuguesa de Escritores foi fundada em 1956, tendo sido os Estatutos aprovados por despacho ministerial em quatro de Julho do mesmo ano. Tinha como finalidade "promover, pelos meios ao seu alcance, a defesa da língua e da literatura portuguesas como património espiritual da nação". O primeiro presidente foi Aquilino Ribeiro seguindo-se Jaime Cortesão, Joaquim Paço d'Arcos, Ferreira de Castro e Jacinto Prado Coelho.

Sociedade Portuguesa de Escritores fomentou várias atividades entre as quais se contam, cursos, conferências, encontros de escritores portugueses e estrangeiros e atribuição de prémios aos diferentes géneros literários (poesia, teatro, novelística e ensaio) e ainda prémios "revelação" para jovens escritores.

Para além de ter integrado a direção da revista Seara Nova, deu o seu contributo literário a outras publicações.

 

Após a sua primeira esposa ter falecido, consorcia-se, em 1929, na cidade de Paris com Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado. O filho de ambos, Aquilino Ribeiro Machado, viria a ser o 60.º Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, de 1977 a 1979.

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Aquilino Ribeiro-Jornal Tornado

Apesar de Aquilino ser considerado persona non grata pelos governantes do Estado Novo, é proposto, em 1960, por inúmeras personalidades portuguesas, para o Prémio Nobel da Literatura.

A 27 de maio de 1963, morre, em Lisboa, o escritor português Aquilino Gomes Ribeiro.

Quando morre a censura então vigente proíbe os jornais de publicar notícias sobre as inúmeras homenagens que lhe estavam a ser prestadas.

A 14 de Abril de 1982, é agraciado, a título póstumo, com o grau de Comendador da Ordem da Liberdade.

Em 2007, a Assembleia da República Portuguesa decide, por unanimidade, homenagear a sua memória, concedendo aos seus restos mortais as honras de Panteão Nacional. A cerimónia de trasladação do Cemitério dos Prazeres para este novo local viria a ocorrer a 19 de setembro desse mesmo ano.

Nos dias atuais, a maior homenagem que cada um de nós pode fazer-lhe é continuar a ler a sua vasta obra pautada por uma linguagem com excecional riqueza lexicológica, deixando-nos transportar para o seu mundo literário onde imperam inúmeras construções frásicas de raiz popular, repletas de regionalismos, fruto da sua intensa vivência.

Obras

Romances

• A via sinuosa, 1918
• Terras do demo, 1919
• Filhas da Babilónia, 1920
• Andam faunos pelos bosques, 1926
• O homem que matou o diabo, 1930
• A batalha sem fim, 1932
• As três mulheres de Sansão, 1932
• Maria Benigna, 1933
• Aventura maravilhosa de D. Sebastião Rei de Portugal depois da batalha com o Miramolim, 1936
• São Bonaboião: anacoreta e mártir, 1937
• Mónica, 1939
• O servo de Deus e a casa roubada, 1941
• Volfrâmio, 1943
• Lápides partidas, 1945
• Caminhos errados, 1947
• O arcanjo negro, 1947
• Humildade gloriosa, 1954
• A Casa Grande de Romarigães, 1957
• Quando os lobos uivam, 1958
• A mina de diamantes, 1958
• O Malhadinhas, 1958
• Arcas encoiradas, 1962
• Casa do escorpião, 1963

Biografias

• Luís de Camões: fabuloso e verdadeiro (2 volumes), 1950
• O romance de Camilo (3 volumes), 1956

Contos

• A filha do jardineiro, 1907
• Jardim das tormentas, 1913
• Valeroso milagre, 1919
• Estrada de Santiago, 1922
• Sonhos de uma noite de Natal, 1934
• Quando ao gavião cai a pena, 1935

Literatura infanto-juvenil

• Romance da raposa, 1924
• Arca de Noé I, 1936
• Arca de Noé II, 1936
• Arca de Noé III, 1936
• O livro do menino Deus, 1945
• Fernão Mendes Pinto: aventuras extraordinárias de um português no Oriente, 1952
• O livro de Marianinha: lengalengas e toadilhas em prosa rimada (Edição póstuma), 1967

Memórias

• Alemanha Ensanguentada, 1935
• É a guerra: diário, 1934
• Cinco réis de gente, 1948
• Um escritor confessa-se (Edição póstuma), 1974

História

• Os avós dos nossos avós, 1943
• Príncipes de Portugal: suas grandezas e misérias, 1952

Tradução

• A retirada dos dez mil, de Xenofonte (tradução e prefácio)
• D. Quixote de la Mancha de Miguel de Cervantes Saavedra
• O príncipe perfeito, de Xenofonte (tradução e prefácio)
• O Santo (1907) de Antonio Fogazzaro

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Aquilino Ribeiro (1885-1963)
 

 

   
 

Aquilino Ribeiro (1885-1963)

Literatura Portuguesa

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