23-05-2021Barcos Célebres e Piratas da BarbáriaBarcos Célebres e Piratas da Barbária O Chabeco. Fala-se pouco da intensa escravatura de brancos pelos árabes do Norte de África, que entre 1530 e 1780 aterrorizavam os mares e costas do Mediterrâneo e Atlântico, até ao Canal da Mancha. No entanto, estimativas históricas calculam que nesse período tenham sido escravisados mais de 1.250.000 homens, mulheres e crianças brancos. Um escravo branco famoso foi Miguel de Cervantes, que esteve cativo em Argel durante muitos anos, até ser resgatado e regressado à Espanha, onde escreveu a sua obra prima da literatura. Um dos instrumentos mais poderosos dos Piratas da Barbária, que operavam a partir dos portos de Argel, Tunis e Trípoli, foi o chabeco, um barco lindíssimo, inspirado nas caravelas portuguesas e, tal como elas, muito ágil e rápido e com velas latinas. Era facilmente reconhecido ao longe pelo seu amplo castelo da popa. Quando os Piratas da Barbária foram finalmente suprimidos, após fortes investidas das armadas francesa, holandesa e norte-americana e a invasão da Argélia pela França em 1830, o chabeco caíu em desgraça. Embora rápido e ágil, era pouco prático para a pesca e comércio de mercadorias, pelo que começaram a ver-se chabecos abandonados nas costas norte e sul do Mediterrâneo. Foi assim que surgiu a expressão portuguesa “não vale um chaveco”. Na foto, um garboso modelo de chabeco da empresa italiana de modelismo Amati
O negócio preferido dos piratas eram os resgates, que envolviam as ordens religiosas dos países de origem dos escravos, que os localizavam e inventariavam e atuavam como mediadoras. O Miguel Cervantes, que tinha sido capturado juntamente com um irmão numa viagem no mediterrâneo, teve o problema de ser um homem culto e bem falante. O resgate do irmão foi barato e rapidamente conseguido, mas Miguel Cervantes foi considerado mais “valioso” e a família levou anos a conseguir dinheiro para pagar.
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