22-05-2021GALERIA DE PERSONAGENS NA HISTÓRIA DE UBERABA MG – WAGNER DO NASCIMENTOWAGNER DO NASCIMENTO -
FUSCÃO PRETO foi o apelido que o Prefeito Silvério Cartafina colocou em Wagner do Nascimento, seu Vice-Prefeito, durante um comício no qual lutava pelo seu candidato, nas eleições municipais de 1982. O apelido pegou como fogo em rastilho de pólvora. Até 1982, Wagner pertencia aos quadros do PDS. Desentendido com Silvério, e não encontrado espaço no Partido para sua candidatura a prefeito, embora fosse lhe oferecido a vice pelos outros candidatos das sublegendas do PDS, Wagner, na firme convicção de que havia chegado sua hora, se filiou ao MDB. Afinal, já havia sido vice de Arnaldo Rosa Prata e era o vice de Silvério. Disputando com Renê Barsan e Arnaldo Rosa Prata na sublegenda do PMDB e com Hugo Rodrigues da Cunha e João Junqueira do PDS, Wagner do Nascimento foi o vencedor com cerca de trinta mil votos (37,7%), mas, somando os votos de seus companheiros de sublegenda (33,73%), o PMDB conseguiu mais de 70% dos votos. Wagner contou com o decisivo apoio de seu maior cabo eleitoral, sua esposa Isabel. Wagner, em seu governo, se destacou em cinco setores: Desenvolvimento, Saúde, Agricultura, Educação e Cultura. Na área de Desenvolvimento, criou a Secretaria de Indústria e Comércio, entregando-a para Anderson Adauto, criando as bases para a atração de indústrias para serem implantadas em Uberaba, aproveitando, assim, o trabalho criado pela ACIU em seu “Projeto Indústria”. Além de ser o responsável pela implantação da Du Pont no DI I, procurou trazer a Carbocloro, só não oficializando a implantação em decorrência da redução da planta industrial da processadora de titânio que acabou encerrando suas atividades anos após. A importância dessa secretaria, no setor político e econômico, pode se verificar através dos fatos: o secretário Anderson se tornou prefeito em 2005. E quando Hugo estava no comando, na segunda gestão, seu secretário de Indústria e Comércio, Luiz Neto, veio a ser eleito prefeito em 1992. Ademais, os Secretários de Indústria de Comercio, desde sua criação, deram uma grande contribuição ao desenvolvimento econômico ao enriquecer o parque industrial da cidade com centenas de novas empresas. Na área de Saúde, sob a responsabilidade de Benito Meneguelo, foi criado o serviço de atendimento psicológico. Nas áreas de Educação e Cultura, a responsabilidade era de seu secretário da Educação, José Thomas da Silva Sobrinho, escolha que não agradou ao PMDB por ele pertencer aos quadros do PDS. Houve preocupação da área de Educação em oferecer oportunidade de ensino para todo cidadão uberabense. Naquela gestão é que foi criada a Escola Mirim de Trânsito, o CIEM, o CESU (Centro de Estudos do Ensino Superior), com mais de mil alunos, culminando com a implantação do Estatuto do Magistério Municipal, que efetivou todos os professores e criou o cargo de psicólogo escolar. É ainda de sua gestão a criação do PROJETO FUMESU, cuja intenção era suprir Uberaba de faculdades não atendidas pela iniciativa privada, com a prefeitura arcando com os investimentos e custeios e os alunos com o custo do professorado. Este projeto acabou sendo transferido, vinte anos após, para a ACIU, através da Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro, gestão de Karim Abud, que, além de Presidente da Entidade, era o titular da SEPLAN no governo de Anderson Adauto. Na área cultural, o primeiro passo dado por Silvério Cartafina na criação da Fundação Cultural em 1982 ensejou ao governo Wagner a partir de 1983 a criar: Circo do Povo, Museu Sacro (Igreja Santa Rita), Museu Paleontológico em Peirópolis, Museu Histórico, Arquivo Público, Conphau, Biblioteca Infantil e Biblioteca Ambulante Rural. Nesse período, também foram criados os projetos Folklândia e o PRODEC. No setor AGRO, por influência do criador do “Bolsa de Arrendamento”, José Humberto Guimarães, Wagner deu destaque à esse projeto que teve um grande êxito, atraindo produtores de outras regiões que traziam recursos financeiros e novas tecnologias para as terras arrendadas, fazendo com que o município desse um grande salto na produção de grãos. Em 1996, Wagner voltou a disputar a prefeitura com Marcos Montes, no entanto não foi feliz, pois repetiu o mesmo resultado de 1982, cerca de trinta mil votos, contra oitenta e sete mil de MM. As sublegendas partidárias iniciadas em 1965 no governo Castelo Branco, terminaram em 1979, governo de João Figueiredo. Foi o fim do bipartidarismo – Arena e MDB. Wagner nasceu em 27 de julho de 1936. Formou-se em engenharia em 1964 pela FIUBE, hoje UNIUBE, da qual foi professor. Foi engenheiro da CDI (Companhia dos Distritos Industriais) e colaborou intensamente com as implantações dos DI I, II e III. Sua trajetória política se iniciou em 1966 quando foi eleito vereador. De 1970 a 1972 e de 1977 a 1982, vice-prefeito. De 1983 a 1988, prefeito. De 1991 a 1999, por duas vezes se elegeu para deputado federal. Foi o primeiro político negro a assumir a prefeitura de uma cidade brasileira. Teve alguns percalços com a Justiça em razões de alguns processos pelos quais foi condenado. Segundo seus apoiadores, tudo decorreu por questões de perseguição política. Wagner faleceu em 06 de setembro de 2007, aos 71 anos, deixando viúva Isabel do Nascimento, e os quatro filhos, entre eles Wagner Jr. (que foi candidato a prefeito) e Werner. Sua família instituiu em maio de 2013 a Comenda Wagner do Nascimento, para perpetuar seu nome e sua obra. Fonte – Jornal da Manhã Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA. Presidente do PDS em 1982
|