12-05-2021Trova do Vento que Passa Manuel Alegre, escritor, poeta e poli?ticoTrova do Vento que Passa Pergunto ao vento que passa noti?cias do meu pai?s e o vento cala a desgrac?a o vento nada me diz. Pergunto aos rios que levam tanto sonho a? flor das a?guas e os rios na?o me sossegam levam sonhos deixam ma?goas. Levam sonhos deixam ma?goas ai rios do meu pai?s minha pa?tria a? flor das a?guas para onde vais? Ningue?m diz. Se o verde trevo desfolhas pede noti?cias e diz ao trevo de quatro folhas que morro por meu pai?s. Pergunto a? gente que passa por que vai de olhos no cha?o. Sile?ncio -- e? tudo o que tem quem vive na servida?o. Vi florir os verdes ramos direitos e ao ce?u voltados. E a quem gosta de ter amos vi sempre os ombros curvados. E o vento na?o me diz nada ningue?m diz nada de novo. Vi minha pa?tria pregada nos brac?os em cruz do povo. Vi minha pa?tria na margem dos rios que va?o pro? mar como quem ama a viagem mas tem sempre de ficar. Vi navios a partir (minha pa?tria a? flor das a?guas) vi minha pa?tria florir (verdes folhas verdes ma?goas). Ha? quem te queira ignorada e fale pa?tria em teu nome. Eu vi-te crucificada nos brac?os negros da fome. E o vento na?o me diz nada so? o sile?ncio persiste. Vi minha pa?tria parada a? beira de um rio triste. Ningue?m diz nada de novo se noti?cias vou pedindo nas ma?os vazias do povo vi minha pa?tria florindo. E a noite cresce por dentro dos homens do meu pai?s. Pec?o noti?cias ao vento e o vento nada me diz. Mas ha? sempre uma candeia dentro da pro?pria desgrac?a ha? sempre algue?m que semeia canc?o?es no vento que passa. Mesmo na noite mais triste em tempo de servida?o ha? sempre algue?m que resiste ha? sempre algue?m que diz na?o. Poema da autoria de Manuel Alegre de Melo Duarte, escritor, poeta e poli?tico portugue?s, nascido em A?gueda, em 12 de maio de 1936 Parabe?ns pelo seu 85.º aniversa?rio!
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