01-09-2002Marca dos Açores nos Sertões das Minas Gerais Nelson Rodrigues, polêmico jornalista e escritor pernambucano dizia que nós esquecemos o passado, e que um dia desses quando acordássemos seriamos um povo sem história. Nunca um pensamento como este foi tão forte como para o povo que veio para os sertões das Minas Gerais. Após se embrenharem nas matas, à procura das riquezas do el dourado, esses homens afastados de tudo e de todos, desbravaram e colonizaram a terra, e nela tornaram-se donos e senhores podo-poderosos, deixando para trás histórias e raízes às vezes não tão nobres. A fome e necessidades de toda a ordem grassava entre esses pioneiros. Foi preciso abastecer o interior de carne, que veio através, principalmente, dos caminhos do sertão do sul, região meridional do país, onde os imigrantes açorianos criavam gado e plantavam trigo. Com o gado vieram vaqueiros, tropeiros que nas novas terras do sertão ficavam e recebiam, como pagamento, parcelas de terra e porcentagem de gado, que dividiam desigualmente com os donos pioneiros das sesmarias. Traziam consigo hábitos, costumes, tradições que receberam modificações e acréscimos, e que passaram a fazer parte do seu cotidiano, sem contudo perderem as características que os tornava um povo vivo e culturalmente identificável. A distância das origens, a rusticidade do meio, a união com o índio e o africano, a luta pela sobrevivência e pelo chão, fez desse imigrante um forte, o pai de um novo povo. O povo brasileiro. Era o açoriano daquele tempo um homem atirado, profundamente religioso, hospitaleiro, amável, de espírito independente, desconfiado, curioso, rijo de físico e caráter. Tinha hábitos de festas populares, em geral de ordem religiosa como a festa do Divino Espirito Santo. O amor à família, o apego às tradições, o costume da mesa farta, nos doces , pães e queijos eram características e hábitos ,ainda hoje vistos , principalmente nos mineiros, herdados, sem dúvida ,dos seus antepassados açorianos. Maria Eduarda Fagundes Nunes Médica, natural do Faial, Açores Membro do ELOS Clube de Uberaba |