10-05-2021PATRIMÔNIO - A fiação aérea no centro histórico de Itabira e a Pampulha de sempre
Mauro Andrade Moura Era ainda o ano de 2007 e o presidente Lula lançou o PAC do Turismo, Programa de Aceleração e Crescimento, um esforço concentrado para o Brasil sair de sua letargia corriqueira e voltar a crescer economicamente. Um ano depois foi lançado o PAC para as Cidades Históricas de Minas Gerais, com verba específica para revigorar nossos sítios históricos. Após o lançamento, reunimos, eu e alguns outros interessados na limpeza do Centro Histórico de Itabira, no intuito principalmente de propor a substituição da fiação aérea por redes elétricas e telefônicas subterrâneas. No governo do prefeito Li, quando ocorreu a reforma do Centro Histórico, ao que consta, foi deixada a tubulação subterrânea para passar a fiação elétrica no pequeno trecho do paredão da Rua Tiradentes. Neste esforço para obter essa conquista para Itabira, transcorriam os dias e findava o prazo de apresentar a proposta para esse investimento revitalizador do centro histórico. Não foi fácil convencer o pessoal de engenharia da Secretaria Municipal de Obras a preparar um orçamento básico. Mas enfim ficou pronto e o orçamento foi apresentado e protocolado na Caixa Econômica Federal já no limite do dia e hora de entrega. Aprovada a proposta inicial pelo Governo Federal, surgiu um porém. Na proposta inicial foi previsto somente a retirada da rede elétrica, tendo ficado de fora os cabos de conexão de televisão a cabo e também de internet. A cidade de Ouro Preto, pelo que me lembro, aceitou a verba limitada somente para a fiação elétrica; É bem possível que mais alguma Cidade Histórica tenha aceito. Nisto de fazer o já aprovado e tentar rever o orçamento, na época de R$ 10 milhões, na mesma ocasião teve início, em Belo Horizonte, um movimento em prol da revitalização do conjunto arquitetônico da Pampulha, antes de ser reconhecido como patrimônio da humanidade pela Unesco. O Brasil andava em ebulição com obras para a Copa do Mundo de 2014 e a Prefeitura de Belo Horizonte tentava angariar verbas para as reformas da Pampulha. Os administradores municipais das verdadeiras Cidades Históricas titubearam e acabaram aceitando uma proposta inócua de apresentação de novo PAC para os sítios históricos. E concordaram que a verba inicial do PAC das Cidades Históricas fosse todo revertido para a Pampulha. O mundo gira, as horas correm e esse novo PAC das Cidades Históricas nunca mais foi apresentado e as Cidades Históricas ficaram sem nada. Foi assim que Itabira viu, mais uma vez, seu direito sucumbir, com os recursos que viriam para a fiação subterrânea, sendo transferidos para a revitalização do conjunto arquitetônico da Pampulha, na capital mineira. Não imagino qual foi o critério de aceitar um sítio/local, formado por obras realizadas em 1942, como sendo histórico em desmerecimento a todos outros patrimônios dos séculos XVIII e meados de XIX. A Pampulha continua a mesma, com os mesmos problemas de sempre. E a maquiagem que nela foi feita para receber turistas em 2014, pouco ou quase nenhum efeito surtiu. Infelizmente perderam as cidades históricas do interior em favor da metrópole mineira. Trata-se de uma contínua preferência de sempre para a capital. Vemos agora Itabira meio que mendigando alguma verba da Cemig para tentar retirar a fiação aérea do Centro Histórico em seus 2,5 quilômetros. Que não seja mais uma vã promessa. http://www.viladeutopia.com.br/a-fiacao-aerea-no-centro-historico-de-itabira-e-a-pampulha-de-sempre/ |