Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


11-06-2020

Sérgio Tréfaut perde parte da sua história


Realizador não sabe do paradeiro de dezenas de livros pessoais enviados para o Brasil e que serviriam de base para trabalho.Sérgio Tréfaut é português , filho de pai português alentejano: o jornalista Miguel Esteves Cardoso e de mãe francesa.Nasceu no Brasil, em 1965São Paulo.

Miguel Azevedo14 de Maio de 2020 às 08:24

Sérgio Tréfaut, de 55 anos, encontra-se no Brasil a trabalhar em projetos de cinema e num livro

Sérgio Tréfaut, de 55 anos, encontra-se no Brasil a trabalhar em projetos de cinema e num livroFOTO: Bruno Colaço

DEZENAS DE LIVROS DE VALOR AFETIVO "REUNIDOS AO LONGO DE UMA VIDA, EDIÇÕES ESGOTADAS, SUBLINHADAS E ANOTADAS" DO REALIZADOR PORTUGUÊS SÉRGIO TRÉFAUT , E QUE DEVERIAM TER CHEGADO AO BRASIL, FORAM EXTRAVIADAS PARA PARTE INCERTA PELA TRANSPORTADORA TNT, PARTE DA NORTE-AMERICANA FEDEX.


O realizador vai agora processar a empresa que lhe cobrou 1608 euros por um serviço a que chama de "embuste". Os prejuízos não estão calculados mas, ao Correio da Manhã, o cineasta avança que está já a determinar um valor de indemnização juntamente com os advogados. "Perderam quase 1/4 dos meus livros pessoais, parte da minha história. Não há seguro que pague isto", desabafa Tréfaut.

Foi em março que o realizador, de 55 anos, recorreu à TNT para enviar nove caixas com livros para o Brasil, que lhe serviriam de base para vários projetos "de filmes mas também um livro". Tréfaut acabou por chegar ao Brasil primeiro do que as encomendas, sendo que das nove caixas nem todas alcançaram o destino.

"Duas nunca chegaram", diz o realizador que durante várias semanas foi acompanhando, através do site da transportadora, o que chama de "extravagante paradeiro" e "caminho exótico" dos seus livros: Lisboa-Madrid-Liège-Seattle-São Paulo-Rio de Janeiro. Já apresentou várias queixas e preencheu diversos formulários, mas sem sucesso. "Justificação não têm nenhuma. Pedem desculpas."

O CM tentou uma reação junto da TNT mas sem sucesso.

A opinião de Sérgio Tréfaut sobre o caso: 

A IMPOSTURA MILIONÁRIA VERSÃO EXPRESSO
"Não sei se todas as companhias de transporte prometem e não cumprem e se, além disso, perdem o que lhes entregamos.

Vou partilhar a minha aventura com a TNT de modo a que outros ingénuos não caiam nos mesmos enganos.

Há pouco tempo tive de mandar livros de Lisboa para o Brasil. Livros necessários ao meu trabalho.

Optei por uma empresa internacional, a TNT, que propõe serviços imbatíveis em rapidez e fiabilidade, por um preço elevado.

Quando telefonei para agendar o levantamento, surgiu uma gravação a canalizar-me para o serviço online. Após insistência, consegui falar com uma assistente. Verifiquei que o valor proposto em atendimento telefónico era cerca de 700 euros mais elevado que o on-line. «O serviço é exatamente o mesmo e tem toda a vantagem em fazer o pedido online» disse a assistente. «Paga apenas o que o sistema indica». Obedeci. Paguei 1.608,89 euros.

O site permitia a escolha do horário de levantamento, com uma hora de margem. Bastava clicar num dos horários propostos. Segui as instruções e esperei no dia do levantamento. Ninguém veio. Liguei para a TNT. Após longa espera, disseram-me que não faziam levantamentos de manhã. Mas o site indica essa possibilidade. «O site está errado, só fazemos à tarde».

O levantamento teve lugar no dia 12 de Março para entrega até 26 de Março. O documento da TNT é claro: a mercadoria chega até o dia X. Duas semanas e serviço porta-a-porta.

Podem imaginar o trajeto? Lisboa-Madrid-Liège-Seattle-São Paulo- Rio de Janeiro. Durante semanas, tentei seguir o extravagante paradeiro dos meus livros.

Por lapso da companhia, fui recebendo mails de desculpas dirigidos a outros clientes: «A sua mercadoria chegou ao destino, lamentamos o atraso!» Mas imediatamente recebia a resposta do cliente «Ao destino? Não! Acaba de ser devolvida à procedência. Está nas minhas mãos. Não tratem mais disso, quero o reembolso».

No meu caso, a situação é mais triste. Das nove caixas enviadas, chegaram seis, em estado lastimável, com duas semanas de atraso. (atraso que nada tem a ver com o coronavírus!)  Uma outra caixa apareceu mais tarde. Duas caixas nunca atingiram o destino. Uma parte dos livros que reuni, sublinhei e anotei ao longo de uma vida ficou perdida para sempre graças à ineficiência da TNT. Pergunto-me quem estará a ler Jean Jacques Rosseau e Machado de Assis. É esse o serviço pelo qual paguei 1.608,89 euros?

Assim funciona a TNT – hoje parte da holding americana FEDEX - uma companhia que garante serviços de primeira qualidade."

 

Filmografia

 

 

   
 

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