28-11-2006 Ídolos e heróis em perigo do Brasil Francisco G. de Amorim
Ídolos e heróis em perigo
Os ídolos ou os heróis de um povo podem ser grandes vilões para outro, como foram os generais romanos para os povos derrotados, Átila para os godos, Napoleão para os ingleses, Pizarro para os mexica, Caxias e Tamandaré para os paraguaios e tantos e tantos outros, talvez todos aqueles que ficaram na história como heróis. No post 25 de Abril em Portugal até o Vasco da Gama quase virou um famigerado bandido pela dureza com que puniu ladrões e outros que lhe eram adversos, e assim se vai desconstruindo a história, a cultura, a base, e orgulho, de uma nação. Quando um ignorante se levanta e começa a bramar contra atos mais ou menos condenáveis cometidos por esses heróis de há uns quantos séculos, até há pouco tempo o máximo que lhe podia acontecer era ser trancafiado num manicômio até a “doença” lhe passar. Hoje não. Há o que eufemisticamente se chama de “direitos humanos”! O ignorante, o revoltado, o frustrado, começa a bramar contra os heróis que ajudaram a construir o seu país, que o alimenta, junta mais uns quantos idiotas e vão para as ruas com cartazes ameaçar a consciência e a paz das pessoas normais! E não fica a agressividade desses anormais só pelos heróis militares. Vão buscar qualquer figura da história, encontrando sempre algo que a possa denegrir. Mesmo que seja mentira. Causou-me profunda impressão ouvir no noticiário de França que, por medo de eventuais perturbações da ordem pública, indo na contramão do que sempre se fez, não foram este ano festejados os aniversários de Napoleão, que descansa envenenado no Invalides, num suntuoso sarcófago de granito, e, pasmem, ó gentes, o de Corneille!!! Um dos maiores gênios do teatro francês, que tem o melhor teatro do mundo, também não foi festejado com a tradicional exibição de umas quantas peças clássicas, para evitar confrontos com grupos que decidiram classificar o grande mestre de... De que mesmo? A França é um país que admiro profundamente, talvez com exceção dos motoristas de táxi de Paris que sempre aproveitam para nos meter a mão nos bolsos, mas fico perplexo ao tomar conhecimento destas notícias. Será que a França se acovardou? Não dá para acreditar! O país da sensacional Resistance durante a II Guerra Mundial, assustar-se agora porque uns quantos mentecaptos decidiram que Napoleão era igual a Hitler e Corneille protegido de um rei absoluto? Onde vamos parar? Por este andar não admira que Le Pen acabe por ser eleito! Foi assim que a Alemanha elegeu Hitler! Cutucou nos brios do povo. Na sua cultura e tradição. Enalteceu os seus heróis. Tudo estava a ser espezinhado e denegrido pelos vencedores da I Guerra. Hilter se já não era muito bom da cabeça, depois endoidou! É assim que surgem os ditadores: do caos, da desmoralização do povo. Stalin, Mão Tse Tung, Mussolini, Franco e Salazar e agora os novos sul americanos, seguindo com rigor as pisadas de todos estes, apoiados no velho e podre Fidel. Por estas bandas brasis acontece o mesmo. Quase tudo quanto os construtores deste país fizeram acabou por se tornar uma herança maldita. Imaginem se fossemos todos uns “bem aventurados sem qualquer herança”! Pobres. Como o Darfur. Não estamos muito longe disso. Festejamos como heróis um pobre diabo a quem estupidamente cortaram o pescoço para assustar a elite liberal, e um herói mítico que não se sabe bem se morreu, se teve o pescoço cortado, mas que tem feito um magnífico serviço aos políticos fala barato! Heróis, escritores, cientistas e outros que per obras valerosas se vão da morte libertando... são simplesmente ignorados, desconhecidos ou, na modernidade, muitos deles contestados. Viva a ignorância e a covardia!
27-nov-06
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