Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


04-10-2008

Herança Judaica De Portugal ao sertão nordestino


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De Portugal ao sertão nordestino

 

Até o século 15, viveram na Península Ibérica três diferentes populações identificadas pela religião: judeus, mouros e cristãos. Mas a região passou por um processo de homogenização, em que as leis restringiram as religiões.

A partir de então, haveria um só governo e uma só religião. Em 1497, por ordem do rei Dom Manuel, em Portugal, os judeus que viviam em terras lusas foram obrigados a se converter ou teriam de deixar o país.

Naquela época, estima-se que quase um terço da população portuguesa fosse composta de judeus. Os que ficaram se tornaram cristãos-novos. Com as dificuldades para deixar o país por conta da ameaça dos piratas, mares revoltos, saques e seqüestros comuns naquele período, muitos ficaram e se converteram. Mesmo os que mudaram de religião, sofreram preconceitos, perderam direitos (não puderam se tornar professores universitários, sacerdotes, oficiais do exército, entre outras funções importantes) e eram persecutoriamente fiscalizados pelo Santo Ofício. Se fossem descobertos praticando costumes judaicos, poderiam ser condenados à pena de morte; separados em bairros (judiarias) e teriam que usar roupas com inscrições e desenhos que representavam o primeiro passo para ser queimado.

Com a descoberta do Brasil, em 1500, parte dessa população vislumbrou que poderia vir para cá. Com o objetivo de fugir da inquisição e pela promessa de negócios em terras novas, muitos cristãos-novos se estabeleceram no Recife, em Salvador e em outras regiões litorâneas.

Mas as perseguições não acabaram. Em 1591, começaram a aparecer o que se chamou de ''visitador'' - representante do Santo Ofício - que procurava pessoas que estavam ''judaizando'' (praticando a religião). Depois da invasão holandesa em 1624, instaurou-se uma certa liberdade religiosa nos locais onde se estabeleceu o domínio holandês (Pernambuco e Paraíba), possibilitando que mais cristãos-novos e mesmo judeus imigrassem para cá.

Com a expulsão dos holandeses, 40 anos depois, uns voltaram para Holanda ou foram para o Caribe e para Nova Amsterdam (Nova York), onde fundaram a primeira sinagoga da América do Norte. Os que tinham menos recursos rumaram para as regiões inóspitas do sertão do Brasil. Eles sabiam que eram descendentes de judeus e casaram entre si para preservar a identidade. Em 1773, surgiu a figura de Marquês de Pombal, em Portugal, um estadista que entendeu que todo português era igual a outro, sem distinção. A partir dessa data a repressão acabou, no entanto, um grupo de cristãos-novos continuou mantendo alguns rituais judaicos secretamente.

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernos/domingo/2005/08/20/jordom20050820002.html