28-06-2006 O Velho e o Novo Mundo I Francisco G. de Amorim
O VELHO E O NOVO MUNDO - I
Na Europa, os países ex-império-colonialistas deparam-se hoje com um problema curioso: dão e não dão o estatuto de cidadão aos ex-colonizados, queixam-se da migração constante, e o que cada vez mais se verifica é que daqui a poucos anos vai ser difícil encontrar um inglês na Inglaterra - ainda vão ficar uns quantos no norte do Reino Unido, só que essa união... - o mesmo se passando em Portugal e em França. Pelo menos. Mão de obra barata vai chegando de todas as partes do mundo onde esses “impérios” dominaram, conseguem muitos encaixar-se nos postos de trabalho mais humildes, vão mandando dinheiro para as famílias enquanto não conseguem criar condições para as levar para junto de si, proliferam mais do que os autóctones europeus, e qualquer dia... Na Península Ibérica, sem que as condições se possam igualar às de hoje, já dominaram os iberos, os celtas, os godos e mais uma catrefada deles, e o mundo seguiu em frente. Como em cada segundo do presente começa o futuro, e sem ter qualquer bola de cristal, o que aparenta é que o tempo, talvez mais breve do que parece, se encarregará de trocar os atuais indígenas branquelas por aqueles a quem até há pouco estes chamavam, um tanto pejorativa, ou superiormente, de indígenas àqueles que, sossegados, estavam nas suas terras. Sossegados enquanto não se matavam e comiam uns aos outros! Mas enfim... Em Londres é difícil ouvir falar inglês dentro dum bus! Línguas estranhas soam para quem é de linguajar original do latim ou anglo-saxão, mas que será árabe, hindi, africano e muito também de português e brasileiro. Mais brasileiro. Em Portugal os sotaques baralham-se, o que é bonito de se ouvir, às vezes um crioulo de Cabo Verde ou Guiné, de mornas ou coladeiras, outros de rebitas, quizombas ou marrabentas, e pasmem ao ouvir uma outra língua cheia de rrr e shshsh vindos de uma infinidade de eslavos fugidos do tal neoliberalismo da Ucrânia, Moldávia, Rússia, Polônia e mais ainda Desde há uns anos se inverteu o fluxo migratório. O novo mundo, que causou maravilha e espanto quando surgiu aos olhos dos primeiros europeus que o avistaram, não tardou a virar terceiro, para não dizer quarto. Mundo! O primeiro é aquele onde se ganha e gasta bem, o segundo é o que nem fede nem cheira, o terceiro o que alimenta os dois de cima, e o quarto... o que serve para experimentos bélicos e farmacêuticos e ganha doações de medicamentos com prazos vencidos. Vencidíssimos. Generosidade! Curioso é querer-se hoje combater o que se chama de neo-liberalismo que outra coisa não é e não tivesse já sido vista no passado, com a diferença de nos tempos mais antigos não haver muita moeda para acumular, nem bancos usurários, mas assim mesmo os mais ricos construíam para si palácios, reservavam-se as melhores terras para a caça, mandavam vir para concubinas as jovens mais bonitas das suas terras, etc. E o povo... O povo? Continua igual. Leva na cabeça e parece que gosta. Mas voltemos às economias. Continuemos nós procurando a felicidade, a nossa e dos outros, para começar, à nossa volta neste Mundus Novissimus, que este ano vai enfrentar uma luta muito mais difícil do que vencer a Copa do Mundo: escolher os novos mandatários do povo (?). Já no próximo dia primeiro de Outubro.
28 jun. 06
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