09-11-2017

Como pedir um café em Lisboa

Os portugueses, tal como os italianos, espanhóis ou latino-americanos, têm diferentes formas de pedir um café. Isto é, existem vários nomes para os cafés em Portugal, dependendo do que se serve, e de como se serve. Para muitos é um tema quase religioso… o café é uma verdadeira instituição em Portugal! Aqui deixamos uma lista de diferentes preparações do café e que poderás experimentar em Lisboa.

Um galão e uma torrada

Antes de mais, há quem goste de pedir café com a chávena escaldada (muito quente) e há quem prefira pedir com a chávena fria. Se não disseres nada, será servida uma chávena à temperatura normal… cada um que aprimore o seu ritual do café.

Bica: É uma bica, se faz favor – a  bica é o mais parecido a um espresso italiano. Uma pequena chávena de café negro forte, o verdadeiro shot de cafeína e imprescindível à maioria dos lisboetas no seu dia-a-dia. Reza a lenda que o nome advém do café “A Brasileira” (no seu início de actividade); ao ver que as pessoas não gostavam tanto daquela bebida amarga, decidiram colocar na rua uma tabuleta onde se lia “beba isto com açúcar”. Seja a historieta verdade ou não, a bica é o ideal para preparar uma boa caminhada pela cidade e para lisboar a sério!

Galão: é um café com leite que se toma (em geral) antes do meio-dia. É habitualmente servido num copo de vidro comum e o acompanhamento típico é uma torrada com manteiga (ou para quem visitar Belém, um pastelinho) ou alguma iguaria da pastelaria nacional do costume (como o croissant com creme, o mil-folhas, etc.).

Meia-de-Leite: Em termos de conteúdo, é igual a um galão. No entanto, e uma vez que (ao contrário do primeiro) é servido numa chávena, a mistura poderá sair um pouco mais equilibrada (nas quantidades) do que no galão.

Café cheio/curto: Um café cheio trata-se de uma bica com um pouco mais de café, enchendo um pouco mais a chávena. E um curto? Um curto é exactamente o que estás a imaginar: um café ainda mais forte que a bica, a “bomba” para acordar, o verdadeiro shot dos cafés!

Garoto: é uma bica com um pouco de espuma de leite.

Pingado: é uma bica com um pouco de leite frio.

Carioca: é um “segundo café”: ao colocar-se o grão na máquina, tira-se um café mas não se enche a chávena. Só depois é que se tira outro café, com os mesmos grãos (mas desta vez mais fraco, pois foi tirado um antes), e aí sim, serve-se na chávena.

Carioca de limão: ora este aqui nem sequer café tem…! Pois é, o carioca de limão é apenas água fervida com uma casca de limão, em jeito de chá. Pode pedir-se também curto ou em chávena grande. Continuemos!

Descafeinado: como o nome indica, é… descafeinado!

Café com cheirinho: provocador de sorrisos onde quer que se escute. O “cheirinho” significa um toque de “bagaço” (aguardente, parecida à grappa italiana) e pode ser tomado em jeito de digestivo.

Duplo: dois cafés numa chávena maior que a da bica.

O misterioso abatanado rodeado por pastéis de nata.

Abatanado: alvo de inúmeras discussões e quezílias, o abatanado é o café controverso por excelência: há quem diga que “são duas bicas mais um bocadinho de água“, ao que alguém responderá que isso é “um verdadeiro disparate, um abatanado é uma bica com um pouco de água“. Há quem diga que é exactamente a mesma coisa que um duplo. Outros defendem que é outra palavra para uma meia-de-leite. Não fique de fora quem defende que é um café com o dobro da água de um espresso, para que fique pouco concentrado.

Enfim, neste melindroso assunto o staff do Lisboando tem a seguinte opinião: o abatanado é deixar o mesmo café perfazer uma chávena maior quase na sua totalidade (em vez de se encher a mesma com duas bicas, como um duplo). E quem quiser diluir um pouco acrescentando água, faça favor. Em qualquer caso, aqui não vamos meter as mãos no fogo, “não vá o diabo tecê-las“: boa sorte!

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