Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


04-09-2008

Diferença entre genomas europeus traduz distâncias geográficas


03.09.2008 - 10h34 Nicolau Ferreira

A diversidade genética dos europeus está relacionada com as distâncias geográficas entre os países, revelam dois estudos publicados recentemente. Apesar de haver migrações, as diferenças genéticas estão relacionadas quase exclusivamente com o local onde se nasce.

A partir de 3000 indivíduos os cientistas utilizaram 1387 pessoas de 36 nações europeias diferentes em que havia uma grande confiança nas suas origens. Os estudos concluem que “a geografia é importante”, explicou John Novembre, geneticista populacional da Universidade de Califórnia, em Los Angeles, que liderou o estudo publicado na revista científica “Nature”.

Os cientistas escolheram várias regiões do ADN e em vez de analisarem as diferenças entre os genes inteiros, que são compostos por milhares de bases, foram comparar estas bases (as unidades do material genético) entre os vários indivíduos.

Chamam-se às variações existentes entre as bases "single nucleotide polymorphisms" (SNPs). Os cientistas analisaram milhares destas variações e apesar de a diferença genética entre os europeus ser mínima, o grande número de variações permitiu construir um gráfico das distâncias genéticas entre os indivíduos.

Para cada pessoa, os investigadores descodificaram meio milhão de SNPs. Posteriormente utilizaram um modelo matemático que permitiu situar o genoma de cada pessoa num gráfico de duas coordenadas em que a distância entre dois pontos traduzia a diferença entre os genomas de duas pessoas.

O que viram nascer foi uma dispersão de genomas que fez lembrar imediatamente o mapa da Europa. O genoma dos portugueses e dos espanhóis estavam juntos e a sudoeste do genoma dos franceses que por sua vez estava a noroeste dos italianos e a sudeste dos ingleses.

O mapa parecia tão semelhante à Europa que a equipa de Novembre resolveu sobrepor o mapa geopolítico ao genético. Os investigadores verificaram que metade dos genomas estava a 310 quilómetros de distância do seu país de origem e 90 por cento a 700 quilómetros.

“Um padrão em que os genes espelham a geografia é essencialmente o que se esperaria de uma história em que as pessoas se movimentavam lentamente e cruzavam-se na maior parte das vezes com os vizinhos mais próximos”, explicou à revista “New Scientist” Noah Rosenberg, um geneticista da Universidade de Michigan, em Ann Arbor.

O segundo estudo foi feito paralelamente por um grupo de laboratórios de várias nacionalidades que utilizou informação partilhada com o grupo de Novembre. A equipa publicou na revista científica “Current Biology”.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1341442