28-05-2004Como nasciam as cidades no Trângulo MineiroPor Eduarda Fagundes Nunes, Médica e Estudiosa da História O Triângulo Mineiro foi ocupado a partir dos migrantes que vinham do centro-sul de Minas Gerais. O branco vinha com o negro implantando uma economia baseada na exploração predatória do solo e da natureza. Como o nível cultural e de desenvolvimento dos proprietários e da força de trabalho era baixo, a riqueza se representava na forma de aquisição de terras e escravos. Apesar da diferenciação econômico-social ser grande (a sociedade se fundamentava no tradicional valor da fidalguia e desprezo pelos "defeitos mecânicos"), a divisão e qualificação de trabalho não eram pronunciadas, pois eram muitas as propriedades que tinham escravos como força complementar aos esforços familiares. Nesta região ter escravos não era necessariamente sinal de privilégio. Os grandes proprietários rurais viviam nas fazendas com suas famílias. Algumas dessas propriedades chegavam a formar minivilarejos onde se encontravam capela, barbearia, vendas, paiol, eiras, senzalas, casas para os colonos e até estação ferroviária. Haviam ainda os posseiros, homens que viviam e tiravam seu sustento das fazendas alheias, com a permissão do dono. Os arraiais surgiam quando por iniciativa de algum abastado fazendeiro terras eram dadas para construir um patrimônio em homenagem a um santo. No espaço doado, irmandades religiosas erigiam uma capela ou igreja e arranjavam um padre para abençoar o local, onde missas aos domingos e feriadios eram rezadas, casamentos, funerais e batizados realizados e festas comemoradas. Surgiam vendas, construíam-se Instituições publicas e eclesiásticas, e uma população urbana surgia, dando ao arraial uma identidade própria . No Sertão da Farinha Podre( Uberaba), Tristão de Castro doou em 1812: "...uma posse de terras com matas e campos na paragem entre o Sítio das Toldas, a estrada de São Paulo e o Sítio do Lageado que compreenderá (...) uma légua de terra em quadro (...)por este papel fazemos a doação ao Senhor Santo Antônio e São Sebastião, para patrimônio de sua Igreja e ao procurador que houver dos referidos santos, ao qual cedemos e traspassamos todo o domínio que até então tínhamos.( Pontes, 1978, pg. 79). Assim apareceu o embrião da futura Uberaba, quando em 1816, foi erigida a capela de Santo Antônio e São Sebastião, padroeiros da nossa cidade. Eduarda Fagundes Nunes Ref. bibliog. A Oeste de Minas Gerais ( Luís Augusto Bustamante Lourenço) |