Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


15-10-2018

AMÉRICO “ENDIREITA” DÁ NOME A RUA DE SILVA ESCURA - Fernanda Alves


 

Américo Silva Santos, mais conhecido por Américo “Endireita”, devido aos seus dotes na medicina popular, é já nome de rua em Silva Escura. Uma ideia da junta de freguesia e uma “justa” homenagem, de acordo com o presidente, José Sousa Dias. A atribuição do topónimo foi aprovada pela Comissão de Toponímia da Câmara Municipal da Maia.

A PRIMEIRA MÃO, confessa que nem queria que lhe fizessem esta homenagem. “Não gosto de grandezas”. Afirma-se uma pessoa simples e humilde, que não gosta muito de dar nas vistas. A escolha do local para a homenagem deixou-o satisfeito, e à esposa, orgulhosa. 

 

Na freguesia é também conhecido pelo trabalho que tem desenvolvido na paróquia. Em 1944 começou como ajudante de missa do reverendo padre António Francisco Sousa. E assumiu o cargo de Juiz da Cruz em 1970 e a tarefa de tocar o sino e o zelo das alfaias da igreja. Hoje, os sinos são eléctricos e o pároco conta com a ajuda de outros acólitos. Mas, de resto, “sou eu que faço tudo na igreja. Sou o zelador das alfaias da igreja. Ninguém faz nada sem falar comigo”, afirma.

Foi através de uma senhora “muito velhinha” de São Romão do Coronado, também conhecida na medicina popular, que descobriu o dom que possuía nas mãos.

“Ela teve problemas, até foi julgada e suspensa. Não podia fazer aqueles trabalhos. Mas as pessoas iam lá e ela pedia-me para ajudá-la. Ela um dia pôs as mãos dela nas minhas e disse ‘você tem mãos para isto, mas vai ajeitar problemas’. E eu disse ‘há-de ser o que Deus quiser’.. E eu, sempre com aquela vontade, nas orações da Santa Missa, pedia para que Deus me desse uma luz e uma inspiração para que eu pudesse fazer esse serviço”, revela. Foi desde então que Américo Silva Santos dedicou a sua vida a tratar as maleitas físicas dos outros. “Isto não é de aprender. É um dom”, diz a esposa, Adélia Silva.

Hoje, é conhecido no país pelo Américo “Endireita”.. À sua casa, por dia, recorrem dezenas de pessoas. E ajuda-as graciosamente. Não cobra dinheiro a ninguém, garante. As pessoas dão o que podem e o que quiserem.

“Mãos abençoadas”

Américo Silva Santos não faz qualquer preparação espiritual quando está a tratar as pessoas. Apenas coloca as suas mãos na pessoa, e aí, “sente nele a dor da pessoa”. É tudo uma questão de fé. “Basta colocar a mão e sei logo o que a pessoa tem”, diz. E apesar de sentir na pele a dor do paciente, fica satisfeito quando o consegue tratar.

O seu único objectivo é “aliviar a dor e o sofrimento” de quem o procura. Batem à sua porta pessoas das mais diversas profissões e classes sociais. “Vêm aqui médicos, advogados, padres”, revela. Atletas, militares da GNR e pessoas de vários pontos do país.

“A freguesia foi conhecida por mim, dizia a junta e o padre da freguesia”, refere.

E essa terá sido uma das razões que levou a junta a avançar com a ideia de dar o seu nome à rua junto à sua casa. Já com 76 anos de idade, Américo Silva Santos só descansa ao domingo. De resto, trabalha de segunda a sexta-feira a partir das 15h00 e aos sábados de manhã. Chega ao fim do dia “cansadíssimo”. Mas diz, “faço isto com gosto e sem interesse. Tanto faço para o pobre como para o rico”. O domingo é para ir à igreja e para a família.

Entre os vários casos que tratou, Américo recorda um que lhe ficou gravado na memória. Tratava-se de uma criança que chegou a sua casa ao colo do pai, um pescador de Lavra. A criança não conseguia andar e já tinha percorrido vários médicos, mas ninguém o conseguia tratar. “Eu deitei-lhe a mão e saiu daqui a andar. O pai ficou abismado. Tinha os tendões fora do sítio nas ancas. Meti-lhe os tendões no sítio, dei-lhe as massagens e liguei-o”, lembra. Entre atletas conhecidos que recorreram à ajuda de Américo Silva Santos constam os nomes de Albertina Dias e Fernanda Ribeiro. Lembra o caso de Albertina Dias. “Há um anos, teve um problema. Foi ao hospital onde lhe disseram que tinha de estar oito dias com o pé ligado para cima. Ela veio aqui e ao fim de três dias foi correr e ganhou”. Em agradecimento, a atleta voltou dias mais tarde para lhe entregar a taça que recebeu por ter vencido a prova. Outro paciente ofereceu-lhe um quadro com a imagem de umas mãos em posição de oração, em agradecimento pelas suas “mãos abençoadas”.

Fernanda Alves

Américo “Endireita” vai dar nome a rua de Silva Escura - Maia Primeira Mão

 

   
 

Américo “Endireita” vai dar nome a rua de Silva Escura - Maia Primeira Mão

Américo Silva Santos, mais conhecido por Américo “Endireita”, devido aos seus dotes na medicina popular, vai ser...