Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


09-08-2017

ANGOLA IMPULSIONA RESGATE DA CULTURA PRÉ-COLONIAL AFRICANA DOS PAÍSES DO ANTIGO CONGO


Luanda, 05 ago (Lusa) – O antigo porto da rota de escravos de Loango, na atual 

República do Congo, vai ser candidatado a Património da Humanidade da UNESCO, no 

âmbito de um movimento para resgatar a cultura pré-colonial africana impulsionado por

 Angola.

A informação foi prestada pelo Ministério da Cultura angolano, após a visita que a titular 

da pasta, Carolina Cerqueira, realizou, entre quinta e sexta-feira, à República do Congo 

e ao Gabão, para agradecer o apoio ao processo de classificação das ruínas de 

Mbanza Congo, antiga capital do Reino do Congo, na província angolana do Zaire, 

como Património da Humanidade, daquela Organização da ONU para a Educação, 

Ciência e Cultura, que aconteceu a 08 de julho.

Com cerca de 800 anos, Mbanza Congo foi capital do antigo Reino do Congo, 

organizado e estruturado ainda antes da chegada dos portugueses, e que além de 

Angola se prolongava pelo atual território da República Democrática do Congo, 

República do Congo e Gabão.

Do encontro da ministra Carolina Cerqueira com o Presidente da República do Congo, 

Denis Sassou Nguesso, além do apoio congolês à promoção conjunta da nova 

classificação – que envolverá, por indicação da UNESCO, a realização de um festival 

anual dos quatro países da sub-região -, surgiu a garantia da preparação, em curso, 

pelos especialistas congoleses, do Projeto de Candidatura do sítio do Loango a 

património da humanidade.

Trata-se de um reino igualmente de origem pré-colonial, que além daquele território 

chegava até ao atual enclave de Cabinda (Angola), sendo a área alvo da candidatura à 

UNESCO conhecida como antigo porto da rota de escravos, “de onde participaram 

cerca de dois milhões de pessoas para a América do Sul, Caraíbas e América do Norte”.

Ainda de acordo com o Ministério da Cultura angolano, Denis Sassou Nguesso referiu 

que com a inscrição de Mbanza Congo como património mundial “cria-se uma motivação para se investir mais no resgate dos valores culturais históricos e organização da sociedade antes da época 

colonial”.

Além de Denis Sassou Nguesso, a ministra Carolina Cerqueira reuniu-se no Gabão, 

com o chefe de Estado gabonês, Ali Bongo Ondimba, a quem também transmitiu a 

mensagem de agradecimento do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, do 

apoio ao processo que levou à candidatura e classificação de Mbanza Congo, 

capital de “um dos mais poderosos estados existentes na África Subsariana 

antes da chegada dos europeus”.

Uma candidatura que para Angola – que tenta mobilizar os restantes países -, 

não se esgota com a classificação da UNESCO, mas que implica a necessidade de 

“um trabalho em comum visando um aprofundamento dos valores culturais e da 

organização do poder administrativo político”, recorrendo aos estudiosos da história do reino do Congo, “envolvendo, sobretudo, as universidades da sub-região e não só”.

A cooperação entre os países do antigo reino passa desde logo pela pretensão do Governo angolano de promover o turismo cultural e científico em Mbanza Congo, lançando um festival cultural com a participação dos grupos tradicionais da região.

O projeto “Mbanza Congo, cidade a desenterrar para preservar”, que tinha como 

principal propósito a inscrição desta capital do antigo Reino do Congo, fundado no 

século XIII, na lista do património da UNESCO, foi oficialmente lançado em 2007, 

mas a sua classificação é culminar de um processo com cerca de 30 anos.

O centro histórico de Mbanza Congo está classificado como património cultural nacional de Angola desde 10 de junho de 2013.

Reino do Congo  

A candidatura de Angola destacava que o Reino do Congo estava perfeitamente 

organizado aquando da chegada dos portugueses, no século XV, uma das mais 

avançadas em África à data.

A área classificada envolve um conjunto cujos limites abrangem uma colina a 

570 metros de altitude e que se estende por seis corredores.

Os trabalhos arqueológicos realizados no local envolveram a medição da fundação 

de pedras descobertas no local denominado “Tadi dia Bukukua”, 

o antigo palácio real.

Angola impulsiona resgate da cultura pré-colonial africana dos países do antigo Congo

 

   
 

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