23-01-2008TU BISHVAT- PLANTE ESTA IDÉIA Jane B. Glasman
Celebramos preparando uma mesa com frutos, tipo um luau kasher, com shivat há-minim, as 7 espécies citadas na Torá (Dt 8:8) como especiais de Israel: trigo, cevada, uva, figo, romã, azeitona e tâmara. O mel é o das tâmaras e não de abelhas. “As amêndoas também tinham um lugar proeminente nas refeições de Tu Bishvat, pois se acreditava que as amendoeiras fossem as primeiras árvores a florescerem em Israel. Apesar de não estar mencionado no versículo de Deuteronômio, a alfarroba era a fruta mais popular a ser usada, já que poderia sobreviver à longa viagem desde Israel para as comunidades judaicas da Europa, do norte da África, etc[4]”. Outro costume é ter 15 frutos diferentes na mesa para simbolizar o 15 de Shvat. Também procuramos uma fruta que ainda não comemos neste ano, para recitar a bênção Shehe’heianu. O costume de comer frutos tornou-se Halachá (Shulchan Aruch, Orach Hayim 131:16). Na época do ARI, Rav Isac Luria, os cabalistas atribuíram a Tu Bishvat um significado adicional, expressando a relação entre o homem e a terra e seus frutos. Visando ao Tikun Olam (reparar o mundo espiritualmente) , interpretavam o comer frutas como uma forma de expiação pelo fruto da Árvore do Conhecimento comido no Gan Eden. Para eles, árvores simbolizam a Árvore da Vida, que leva a bênção divina ao mundo. A relação entre o comer e a Árvore da Vida, é explicada, pelos cabalistas, através do número de dentes que um ser humano adulto tem (32) como mesmo número de vezes que a palavra Elohim (Deus) figura no relato da Criação: a mastigação usando os 32 dentes conectaria diretamente com a Criação e sua continuação. Um antigo costume de Tu biShvat era plantar um cedro para cada varão que nascia e um cipreste para cada menina. Quando se casavam, os ramos destas árvores, plantadas em sua homenagem, eram usados para a hupá (dossel nupcial). Assim a árvore era associada ao ciclo de vida judaico[6]. Hoje em dia, em Israel, é costume plantar árvores, para aproximar as pessoas da terra e para o reflorestamento, marcando a data como uma das mais antigas práticas ecológicas.Este ano, sendo de Shemitá, no qual o plantio de árvores é proibido, foi criada uma alternativa cibernética pelo Keren Kayemet LeIsrael: um site de plantio virtual... (sério mesmo! www.kkl.org. il/virtual_ planting/ default.htm) Ainda atinente ao binômio Judaísmo & Ecologia, a Torá proíbe cortar ou danificar uma árvore que dá frutos (Dt 10:19), cruzar árvores em crescimento para produzir uma nova classe de frutos e não comer os frutos de uma árvore durante os 3 primeiros anos (Lv 19:23), período que termina em Tu biShvat, no quarto ano após o plantio, de acordo com o Shulchan Aruch (Yore Deah 24:4). “O plantio de árvores em Israel é uma das 613 mitzvot, parte importante do preceito de povoar a Terra de Israel. No Midrash (Tanchumá, Parashat Kedoshim, 8) é dito: Hakadosh Baruch Hu disse ao Povo de Israel: 'Ainda que a encontrardes repleta de tudo que é bom, não digais: sentemo-nos e não plantemos; ao contrário, sede cuidadosos e plantai'. Pois é dito: 'E plantareis toda árvore frutífera'. Do mesmo modo que entrastes na Terra de Israel e ali encontrastes cultivos feitos por outros, devereis plantar para vossos filhos'. A plantação de árvores é também um dos itens da adesão a Hashem, conforme escrito no Midrash (Vayikrá Rabá, Parashá 25): Desde o início da Criação do Mundo, D'us se ocupou do cultivo da terra. Conforme está escrito (Gênesis, 2:8): 'E plantou o Eterno D'us um jardim no Éden'. Também vós, ao entrardes na Terra de Israel, vos ocupareis primeiro do seu cultivo[7]”. Podemos também, simplesmente, fazer passeios, nos colocando em contato com a natureza - política e ecologicamente correto, além de saudável! A Torá compara o ser humano às árvores: "Pois o homem é como uma árvore do campo" (Dt 20:19). Assim como as pessoas são julgadas em Rosh haShaná, as árvores são julgadas em Tu biShvat. Nesta data também devemos repensar os exemplos que as árvores inspiram: 1.Uma árvore se compõe de raízes, tronco e frutos; o homem também. As raízes, não se vê; estão escondidas sob a terra, mas é delas que a árvore tira sua força e vitalidade. Quanto mais fortes forem, mais forte será a árvore. No homem, as raízes são a fé e também por onde absorve o saber. O tronco, a parte mais evidente da árvore seria como o homem se mostra ao mundo. Quanto aos frutos, a plenitude de uma árvore só é atingida quando começa a dá-los. Para que serviriam raízes profundas e um tronco imponente, se nada vivo saísse dos mesmos? No homem, frutos simbolizam a capacidade de ajudar e ensinar, tornando-o uma árvore sólida. 2.Das árvores podemos (e devemos) tirar também outro ensinamento: a humildade. As árvores são diferentes no inverno e no verão (embora aqui em "Pindorama" seja menos evidente...) No inverno, quando os frutos já foram colhidos e as folhas caíram, as árvores ficam retas, os galhos apontando para cima. No verão, carregadas de frutos e folhas, as árvores se inclinam com o seu peso. O mesmo acontece com os seres humanos. O homem vazio de conhecimento é arrogante e orgulhoso. O homem sábio se curva, pois quem é realmente grande é verdadeiramente humilde. A palavra humildade todos conhecem, difícil é aplicá-la na vida prática... Ela é necessária no convívio com os outros e no relacionamento com Deus. O sucesso cega as pessoas a ponto de perderem-No de vista. Na presença da doença ou da morte, todos são humildes, mas quando a sombra negativa se afasta, o antigo orgulho volta e Deus sai de cena. Todos nós podemos ter tido esta atitude alguma vez... E você - o que acha? Publicado em Rio Total, Comunidade Judaica, 19/1/2008 ________
[1]“Tu BiShvat – tempo de celebrar a passagem do tempo” www.pletz.com colunistas: coluna Jane, fevereiro de 2001 “Tu biShvat: mais um ano novo, kasher e politicamente correto” Revista Rio Total, fevereiro de 2001.www.riototal. com.br/comunidad e-judaica/ (História e Tradição) “A relação do judaísmo com a natureza”, Revista Morashá nº 35 dezembro de 2001 www.morasha. com.br “Calendário e Ecologia juntos no Judaísmo”, Moadon, articulista, www.moadon.com. br “3 x 15 = 3 x 7?” Visão Judaica nº 21 www.visaojudaica. com.br fevereiro 2004 [2]Jacob Richman reúne em seu site links para outros 55 sobre Tu BiShvat; incluem explicações e costumes até jogos e receitas, a maioria em inglês hyper-link www.jr.co.il/ hotsites/ j-hdaytu. htm Encontramos entre eles sites brasileiros como www.netjudaica. com.br e www.chabad.org. br Acesse o songbook- músicas na HomePage [3] www.shalom.org. br/index_ chaguim.html [4] Idem. Não deixe de consultar também os comentários de Parashat háShavua de Rav Bergman, CIP News, Tropicasher, Meor haShabat, Rav Kamnitzer www.eifo.com. br/indexpar. html [5] Para mais detalhes sobre a visão cabalística de Tu biShvat visite www.shalom.org. br www.chabad.org/ library/article. asp?AID=465912 [6] Politicamente incorreto um pouco de marketing pessoal: leia mais em "`A Luz da Menorá: Introdução à Cultura Judaica", da autora deste artigo, Capítulo IV: Festas e Feriados Judaicos. [7] “Por que a arvore precisa ano novo?” Por Rav Moshe Bergman, 22/01/2002. |