18-04-2018Embaixador de Portugal em Caracas faz radiografia da situação na VenezuelaO embaixador português em Caracas afirmou hoje, durante audiência na Assembleia da República, em Lisboa, que a comunidade portuguesa na Venezuela era “de classe média”, mas agora vive “graves dificuldades”, devido à crise económica naquele país. Portugal Digital com Lusa
“A grande maioria da nossa comunidade, em tempos, era classe média, e neste momento, devido à desvalorização da moeda, tem graves dificuldades”, afirmou Carlos Sousa Amaro, embaixador em Caracas desde setembro passado, numa audição pelos deputados da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas. O relato da difícil situação económica, “o que mais afeta” a comunidade portuguesa e lusodescendente – estimada em meio milhão de pessoas – dominou grande parte da intervenção inicial do embaixador. O responsável sublinhou que a comunidade portuguesa goza de “um grande prestígio” junto das autoridades venezuelanas, que destacam o seu caráter “trabalhador” e o contributo para o desenvolvimento do país. A maioria dos portugueses na Venezuela estão ligados ao comércio e, como tal, estão mais expostos à insegurança. Apesar de não ter números sobre os cidadãos que têm saído do país, o embaixador referiu que “têm sido muitos”, mas que geralmente não se trata de saídas definitivas. Há empresários, por exemplo, que fazem sair as famílias, devido à instabilidade que se vive no país, mas eles permanecem para salvaguardar os seus negócios. Sousa Amaro apontou uma dificuldade: no caso de cidadãos luso-venezuelanos, “é muito difícil obter um passaporte venezuelano” – obrigatório para sair do país -, porque “muitas vezes têm de pagar mil dólares” (cerca de 800 euros). Por outro lado, a embaixada portuguesa em Caracas tem procurado “apoiar o mais possível as pessoas carenciadas”. “Eu não quero que nenhum português ou luso-venezuelanos esteja a passar fome, sem-abrigo, na rua”, disse o diplomata, afirmando que as instituições têm sinalizado esses casos, com “algum sucesso”. O embaixador recordou que o adido social fez um roteiro por todo o país – dos 23 estados, falta apenas visitar o Amazonas, o que está previsto para o próximo mês -, permitindo estabelecer contactos com as comunidades portuguesas espalhadas pelo território. O diplomata afirmou que há seis pessoas detidas por delitos comuns e, até esta segunda-feira, havia um preso político, mas terá sido detido um cidadão luso-venezuelano ao final do dia de segunda-feira. “Trata-se de um cidadão que esteve detido durante dois anos e foi libertado em outubro passado”, indicou, referindo que os serviços da embaixada estavam ainda a tentar obter mais informações. O embaixador comentou que, no caso dos cidadãos com dupla nacionalidade, a Venezuela “dificulta o acesso” das autoridades portuguesas. Sousa Amaro descreveu que a economia teve um crescimento negativo de 13%, no ano passado, a inflação é de 81 por cento por mês – segundo estimativas, porque não há dados oficiais do Governo venezuelano – e que um salário mínimo equivale a uma dúzia de ovos. Não há notas a circular, o que gera “todo um negócio em volta disso”, pelo que o custo da nota atinge os 180% do seu valor facial. Além disso, apesar da riqueza dos recursos naturais, a produção de petróleo está a cerca de um quinto da capacidade, as indústrias estão a trabalhar a um quarto da capacidade e há hospitais com carência de medicamentos na ordem dos 90%. Em algumas partes da capital e em quase todo o país há racionamento de água e de luz. __________________________________________
Comentário Crónica de uma morte anunciada, na sua fase de agonia Com o petróleo a US$ 100 o barril, muito governos, como o brasilero e portguês por exemplo, batiam palmas ao comandante Chavez, fazendo vista grossa à gigantesca corrupção, irrespeto total aos directos humanos e inexistência mínima de um Estado de Direito à dissidência política , em troca de negócios muito lucrativos. Pagam agora os Venezuelanos as contas.
Embaixador de Portugal em Caracas faz radiografia da situação na Venezuela - Portugal Digital
|