10-06-2005 Tudo vale a pena…disse o poeta da nossa língua
Margarida Silva e Castro* 10.06.05
“Esta é a ditosa pátria, minha amada,/ À qual se o Céu me dá que eu sem perigo/ Tome, com esta empresa já acabada” (Luís Vaz de Camões, 1524?- 10.06.1580, Os Lusíadas, III,21)
lendo@aprende.e.cresce Comemoramos, em 10 de Junho, Luís Vaz de Camões, o poeta que levou a língua portuguesa a todos os continentes. “Os Lusíadas” são referência em muitas latitudes. Destacamos o fato da primeira gravação em CD Rom, de vários exemplares da primeira Edição do épico, ter surgido nos EUA. Para falarmos do poeta gastaríamos muitos serões! A leitura de sua obra levanta questões ligadas à História, aos Movimentos Culturais da Renascimento, Humanismo e Classicismo e às fontes do poema - históricas, literárias e científicas. O poeta, com vastos conhecimentos, deixou para os jovens o exemplo da busca incansável do “saber”. A juventude lendo Camões , aprende e cresce. Tem gente de Uberaba que cresceu por participar no concurso de redação sobre Camões, da Rádio Difusão Portuguesa Valeu a pena? Valerá também a pena repetir a iniciativa da “Associação Portuguesa de Telemática Educativa” (educom.sce.fct.unl.pt/proj/por-mares/biografias.htm) que desenvolve trabalho criativo na “Rede”. Sob o título “Biografias Dramatizadas” lemos o texto apresentado por estudante que contou a história de Camões na primeira pessoa. Idéias! Outra ação chegou-nos de Moçambique, onde o Instituto Camões instituiu (www.instituto- camoes.pt/destaques/premioic_mz.htm) o Prêmio Instituto Camões para Conto e Banda Desenhada. O concurso estimula o gosto pela leitura e escrita do conto, além da recolha de contos tradicionais que, por serem transmitidos oralmente, tendem a desaparecer.
formacao.da.juventude@civismo.e.cidadania A Câmara Municipal de Uberaba ao promulgar a “Lei do Civismo”, que define a cidadania como uma das principais vertentes dos projetos educativos nas escolas, assumiu o compromisso com a formação da juventude em valores como o da Justiça, Igualdade, Tolerância e Solidariedade. “Tudo vale a pena” disse Camões. A iniciativa representará o “nunca mais” à corrupção, ao preconceito, ao egoísmo e às poucas oportunidades do diálogo multicultural. Mas o que se entende por civismo e por cidadania? A cidadania implica o dever de participar na vida da sua comunidade, contribuindo para a manter e melhorar. Mas este dever é simultaneamente um direito, o de participar na tomada das decisões que afetam a comunidade. Já o civismo, significa as atitudes e comportamentos que no dia-a-dia manifestam os diferentes cidadãos na defesa de certos valores e práticas assumidas como fundamentais para uma vida coletiva de modo a preservar a sua harmonia e melhorar o bem estar de todos os seus membros. Mas, atenção, o civismo manifesta-se em três dimensões: a ética, a identitária e a normativa. Tanto a cidadania como o civismo fazem parte de um mesmo processo, inerente à vida em sociedade e são suportes da vida social. Mas a cidadania e o civismo dependem da participação ativa dos cidadãos.
memorias.e.herancas@importam.preservar Existem caminhos a percorrer para a consolidação da cidadania e do civismo. Levantemos a questão da dimensão identitária que defende que tanto as sociedades, como as cidades são anteriores aos próprios indivíduos que as constituem. Tem memórias, valores e heranças patrimoniais que importam preservar, sob pena de perderem aquilo que as diferencia e individualiza como tais. O civismo é em última instância uma atitude de defesa da própria cidade e da cultura que a mesma possui. É esta dimensão que explica melhor o papel do Estado no respeito pela liberdade cultural do povo e na definição de políticas de proteção cultural, de formação cultural e de promoção cultural. As políticas públicas devem contribuir para a criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento cultural e promover o acesso à produção de bens e serviços, preservando o patrimônio e memória culturais, incentivando a diversidade cultural. A implantação no município de Uberaba do Conselho Municipal de Cultura e do Fundo Municipal de Cultura dará a expectativa, à antiga Princesa do Sertão, de não perder para “sempre” as heranças das nações que para aqui vieram. Tudo valeu a pena.
• Margarida Silva e Castro é engenheira agrônoma e membro do Elos Clube, E-mail: raizes75@terra.com.br
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