25-08-2017No Brasil, um rei negro Zumbi Eduarda FagundesZUMBI
Para despertar sentimentos ou interesses que valorizem a história e seus personagens existe a humana tendência para fantasiar pessoas e fatos. Em 20 de Novembro comemora-se, no Brasil, o Dia da Consciência Negra, data em que morreu Zumbi o lendário líder de armas e rei negro do Quilombo dos Palmares. Relatam as fontes que em 1693, dois anos antes da morte de Zumbi, o quilombo mais famoso do país caiu fatalmente atingido pelo temido bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, após muitos anos de resistência a ataques de 17 expedições de forças coloniais, primeiramente holandesas e depois luso-brasileiras.
Domingos Jorge Velho Negros dos Palmares
Segundo o artigo de Leandro Narboch - O Enigma Zumbi (revista Veja de 15 Nov/2008), apesar das muitas estórias e lendas o nome Zumbi só aparece em oito documentos da época, inclusive naquele em que se relata a morte dele ao Governador de Pernambuco. Conta ainda que pareceres atuais de professores e estudiosos de História desmistificam o que dizem os livros didáticos escolares brasileiros. O quilombo (agrupamento de escravos negros fugidos, ex-escravos, mestiços e brancos pobres e refugiados) longe de formar uma sociedade igualitária como foi idealizado, onde todos tinham os mesmos direitos a terra e ao poder, se espelhava nos modelos culturais africanos de origem, onde a escravidão estava fortemente enraizada desde o século VII, quando o norte da África foi dominado pelos árabes.
Representação de Zumbi
Dizem os pesquisadores que o conceito de liberdade e igualdade na época do Brasil colonial, não fazia sentido político na Europa, muito menos na África. Mesmo em Angola e Congo, de onde provinha a maioria dos escravos negros brasileiros, os reis tribais eram considerados divindades com plenos poderes, servidos por um grande séquito de escravos. Aliados dos portugueses, alguns desses reis enriqueciam com o comércio escravagista. Descendente de família de reis africanos, nascido livre e em Palmares, Zumbi era considerado um líder guerreiro. E quando ascendeu como rei do quilombo, substituindo o seu tio, Ganga Zumba, muito provavelmente teve escravos para seu uso. Acredita-se que a Republica dos Palmares, como era chamado o quilombo pelos luso-brasileiros, tinha relacionamentos comerciais com aldeias próximas, e “acordos de interesse” com as autoridades coloniais, que foram quebrados pelo então governante Ganga Zumba. Levantada a contenda, derrotado pela expedição armada do sertanista pernambucano (ou sergipano) Fernão Carrilho, Zumba aceitou a paz. Porém Zumbi e outros chefes não concordaram com as condições do Acordo de Recife (1678), e resolveram continuar as lutas. Até que em 1693, Macaco, o mocambo principal (aldeia do rei), foi destruído. Mais uma vez Zumbi escapou e reorganizou a resistência por mais dois anos. Mas, traído, morreu lutando pela sua liberdade e dos seus companheiros a 20 de Novembro de 1695. Esquartejado, sua cabeça foi exposta em lugar público, como exemplo, seguindo o modelo de pena capital instituído nos países ibéricos do século XVII para castigar os traidores da pátria, e para desmistificar a lenda de que era imortal.
Dados compilados: Revista Veja (15 Nov./2008)
Enciclopédia Universal Tratado dos Viventes (Luiz Felipe de Alencastre) Wikipédia
Maria Eduarda Fagundes Uberaba, 30 de Novembro de 2008. |