01-08-2007Genealogia Genética: Conheça seus antepassadosConheça seus antepassados Projeto Brasil, lançado no início do ano, dá acesso a pesquisas de genealogia genética (por VIVIANE FAVRETTO) Para Oliveira, a genealogia genética pode ser considerada hoje a principal ferramenta do conhecimento para combater o racismo. O homem tem a possibilidade de descobrir que todos pertencem a uma grande família. “A existência da raça branca e da raça negra é uma invenção política. Não existe geneticamente”, afirma o professor.
O professor menciona que outro mérito do Projeto Brasil é a recuperação do DNA histórico de populações indígenas que não existem mais. Um exemplo é o DNA Bandeirante (dos tupis) que continua vivo nos brasileiros e representa os índios do século 16. “O material genético vive nos brasileiros contemporâneos.” Dúvidas Oliveira alerta que as pessoas interessadas em fazer a pesquisa devem estar cientes de que o resultado pode ser desagradável para “mentalidades conservadoras”. Segundo ele, a investigação pode apontar casos de infidelidade, adoção e troca de crianças, por exemplo. À medida que o indivíduo vai avançando na pesquisa, ele pode perceber alterações que só seriam explicadas por estes eventos, diz o professor. Também há casos de pessoas que ficam decepcionadas ao descobrir a grande diversidade e a diferença étnica presentes em sua família. São casos de negros que têm antepassados europeus e brancos com antepassados africanos. Algumas dúvidas históricas também podem ser sanadas pela genealogia genética. Oliveira lembra das especulações sobre a possibilidade de o ex-presidente dos Estados Unidos Thomas Jefferson (1801 a 1809) ter tido filhos com uma escrava negra. As pesquisas mostram que os descendentes masculinos da família dele tem o mesmo haplótipo (seqüência numérica) dos descendentes da escrava. Esta informação indica que eles realmente tiveram filhos, explica o professor. Interesse de cientista Oliveira é professor de Sociologia Política da Universidade Federal do Paraná e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Ele explica que tem interesse na genealogia genética como cientista social. O professor conta que há mais de 15 anos tem se dedicado a pesquisar a genealogia documental. “Identifiquei mais de 1.500 dos meus antepassados “, afirma. E desde o fim do ano passado Oliveira tem estudado a genealogia genética. Ele descobriu que o seu haplogrupo é o J1b. Ele explica que descende de grupos que viveram na Natólia Oriental e no Cáucaso e de lá migraram para a Europa Ocidental. O professor defende a hipótese de que houve uma migração tribal dos alanos do Cáucaso para a Península Ibérica durante a queda do Império Romano. Projeto Genográfico A Family Tree DNA é a empresa que faz os testes para o Projeto Genográfico (Genographic Project), realizado pela National Geographic Society e a IBM. Trata-se de uma pesquisa que pretende retraçar a história da migração da espécie humana. O projeto vai usar análise sofisticada de amostras de DNA, em laboratório e computadorizada, de centenas de milhares de pessoas, incluindo representantes de populações nativas e representantes da sociedade em geral, para mapear o povoamento da Terra. Liderado por Spencer Wells, PhD, explorador-residente da National Geographic, um grupo de cientistas internacionais e pesquisadores da IBM vão coletar amostras genéticas, analisar os resultados e elaborar relatórios a respeito das raízes genéticas dos seres humanos contemporâneos. Os cientistas vão montar dez centros espalhados pelo mundo. Espera-se que o projeto revele detalhes a respeito da história da migração global dos seres humanos e que leve a uma nova abordagem das conexões e diferenças que compõem a espécie humana. O banco de dados público resultante do trabalho abrigará uma das maiores coleções de informações genéticas sobre a população humana jamais reunida e servirá como fonte de pesquisa para geneticistas, historiadores e antropólogos. |