02-02-2001Governança Por Margarida Castro" Nós somos gerações de compra e venda e tu África, que nos trouxestes ao mundo, vem ver, estamos ...., erectos como o mais colossal dos embondeiros" (Manuel Augusto Morais, angolano, escritor em seu livro "A Seiva" ) Diversidade- A Sociedade da Informação que defendemos será uma utopia realizável nos países emergentes. Mas é preciso que esta "crença" seja abraçada por todos. Para o Diretor Regional da Secretaria de Estado do Trabalho, Assistência Social, Criança e do Adolescente de Minas Gerais, Dr. Luís Borges, o poder público, as entidades de classe, os clubes de serviço podem cooperar na busca da democratização do acesso à informação e do conseqüente domínio do conhecimento. A democracia se consolida com o reconhecimento da diversidade. As pessoas precisam de deixar de ficar receosas por se sentirem diferentes nas opiniões, na cor ou na cultura, e os outros de nos olharem como menos iguais. "A consolidação da Sociedade da Informação", diz Luís Humberto, "depende da existência de locais onde a comunidade, incluindo os carentes, possam acessar a Internet a custo subsidiado". O turismo cultural é também uma conquista da Sociedade da Informação. Temos fatores que nos estimulam. O amor à língua portuguesa pode-nos levar a outras culturas e nos permite sermos cicerones no nosso país de grupos admiradores da diversidade dos povos lusófonos. Oportunidades maiores de empregabilidade! O Dr. Luís Borges considera que a língua portuguesa "é um exemplo pelos termos e pronunciações diferenciadas de regiões do Brasil ou de outras nações" e é uma "vereda" a descobrir. A viagem dos povos trouxe para o Brasil palavras da língua Umbundu. Isto é o que nos afirma o pesquisador uberabense Carlos Pedroso : " candongo é palavra africana que significa no "ca ", pequeno, e no "ndong", benzinho. Em Uberaba a candonga era praticada no século XIX por Querubina que acolhia os negros escravos fugitivos de fazendas até a solução do motivo da fuga" . Riqueza- A riqueza cultural dos povos lusófonos tem parcela de responsabilidade no processo de mundialização que quando aliada ao turismo cultural é uma das alternativas do desenvolvimento sustentado e da prevalência da diversidade regional das populações. Este o tema que foi debatido na Universidade Federal de Pelotas, entidade organizadora do Congresso "Turismo Cultural, Lusofonia e Desenvolvimento" no qual participaram também a Associação das Universidades de Língua Portuguesa e diversas entidades portuguesas do pelouro do turismo. A arte é também motivo de turistificação e permite que se promovam intercâmbios lusófonos. Arte é uma linguagem que transpõe fronteiras e é fator de solidariedade. Como se trata de um sistema afetivo de símbolos, a solidariedade pela arte é mais estreita. A arte age sobre a vida coletiva e pode transformar a sociedade. Dê uma olhada na página virtual www.terravista.pt/mussulo/1478 onde encontra um projeto curioso de construção de instrumentos musicais. A institucionalização da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa veio exatamente ao encontro das naturais afinidades dos povos que se expressam em português e que têm culturas próximas. O dia 17 de Julho é o dia da Cultura Lusófona. Será que nossos municípios estão dando dimensão à expressão cultural local que além do mais representa a força solidária que podemos oferecer aos outros povos? A prática do Encontro de Povos realizada no município de Uberaba (www.terra.com.br/cidades/uba) é o fórum ideal para "cavaquear" idéias que reduzam as diferenças e nos permitam responder à criança que nos pede "Tia, me dá um futuro !" E qual futuro ? Social- No Fórum Social Mundial 2001 debateu-se a "governança" mundial. A ausência de regras éticas é o principal fator responsável pela dificuldade em interligar os povos numa comunidade não dirigida apenas pela lógica do capital. Infelizmente esta idéia não encontra repercussão concreta entre os partidos políticos brasileiros. Talvez esta a dificuldade que impede a criação de Comitês Locais do Fórum Social e a prática regular destes debates. A ausência de regras éticas nos municípios é no meu entender o fator mais sério da mundialização econômica. Muitos vêm ameaças noutros continentes mas o inimigo está mais próximo. No entanto há necessidade de se buscarem os valores comuns, a ética cívica global e uma liderança inovadora capaz de levar os países à constituição de uma comunidade única. Então comecemos por descobrir as iniciativas locais formadoras de lideranças inovadoras e das regras éticas. Só assim como sugere o escritor angolano Mário , estaremos eretos ....como o mais colossal dos embondeiros. Margarida Castro |