Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


18-09-2016

Famalicão abre debate nacional sobre as incursões vikings no país


  1. O que fez o Castelo de Vermoim, cabeça de terra reconhecida, “merecer” ser atacado por um grupo de invasores tão popular como mortífero – os vikings – durante uma incursão à região Entre-Douro-e-Minho, em 1016. Quais foram as suas motivações e qual a verdadeira importância do Castelo Vermoim? As questões que foram levantadas pelo professor da Universidade do Porto, Armando Coelho, serão certamente respondidas por especialistas no assunto, no próximo dia 17 de setembro, durante o colóquio comemorativo dos “Mil anos de incursão normanda ao Castelo de Vermoim”.

    No dia em que se completaram exatamente mil anos sobre este acontecimento histórico, que se registou no dia 6 de setembro de 1016, Armando Coelho e Mário Jorge Barroca, ambos coordenadores científicos do colóquio, e ainda Nélson Pereira, responsável pela divisão da Cultura da Câmara Municipal de Famalicão, apresentaram em conferência de imprensa o evento, assim como as razões que levaram a autarquia famalicense a promover este debate sobre os vikings, algo que acontece pela primeira vez em Portugal.

    O colóquio que conta já com cerca de cem pessoas inscritas, vai realizar-se no Centro de Estudos Camilianos, em S. Miguel de Seide, e trará a Portugal alguns dos mais destacados especialistas internacionais no tema das incursões normandas ou vikings na Europa. É o caso de Gareth Williams (British Museum, Londres), Stefan Brink (University of Aberdeen, Escócia), Alban Gautier (Université du Littoral, Boulogne, França), Irene García Losquiño (University of Aberdeen, Escócia), Fernando Alonso Romero (Universidade de Santiago de Compostela), Hermenegildo Fernandes (Universidade de Lisboa), Hélio Pires (IEM - FCSH, Universidade Nova de Lisboa), André Oliveira Marques (IEM - FCSH, Universidade Nova de Lisboa), Luís Amaral (Universidade do Porto), Mário Barroca (Universidade do Porto) e Francisco Queiroga (Universidade Fernando Pessoa).

    Ao reunir alguns dos maiores especialistas internacionais na questão das incursões vikings, a organização pretende por um lado suscitar o interesse e atenção dos investigadores para este acontecimento, e por outro valorizar e salvaguardar o património cultural e paisagístico famalicense.

    “Tem-se dado pouca importância histórica a esta vaga de incursões que atingiu o Castelo de Vermoim, sendo que o episódio era até desconhecido por muitos historiadores, no entanto, os vikings estiveram no Vale do Ave durante nove meses e é importante estudar mais sobre este acontecimento determinante no processo da fundação da nacionalidade portuguesa”, assinalou Armando Coelho. Para Mário Barroca “seria interessantíssimo que Portugal se começasse a interessar pelas incursões vikings”.

    Desta forma, a autarquia irá aproveitar este evento para reforçar o processo de classificação como monumento nacional do conjunto arqueológico e patrimonial desta área do concelho, que se encontra pendente na Direção Geral da Cultura do Norte.

    Segundo Nélson Pereira “existe neste momento um processo em curso que tem a ver com a intenção da Câmara Municipal de classificar toda aquela área dos montes de Vermoim, onde se enquadra o Castelo, mas também as mamoas, e os castros lá existentes”. “O colóquio servirá também para sublinhar a importância e urgência desta classificação”, acrescentou o responsável.

    O colóquio irá decorrer ao longo de todo o dia. “Vamos fazer uma aproximação por grandes ciclos: vamos começar por uma visão europeia, depois vamos chegar à dimensão peninsular, depois à visão portuguesa e finalmente ao Castelo de Vermoim”, explicou Mário Barroca que considerou o programa “muito interessante para Famalicão, mas principalmente para os investigadores da arqueologia medieval”.

    Armando Coelho abre o debate, pelas 10h10, com o tema “O espírito do tempo e do lugar”. Seguem-se Gareth Williams com “O Mundo Viking” e Stefan Brink com “Vikings escandinavos de volta para casa, fora da Europa; e o caso especial de Bjorn e Háteinn. Da parte da tarde, pelas 15h00, é a vez de Alban Gautier falar sobre os “Grupos armados em ambos os lados do canal (865 – 899): Podemos investigar gangues vikings individuais?”. Seguem-se Irene Garcia Losqiño com o tema “Os Vikings na Península Ibérica: Novas perspetivas sobre o caso da Galiza”; Fernando Alonso Romero com “A navegação e itinerário do exército normando de Gunderedo (967 – 969); e Hermenegildo Fernandes com “Os Vikings e o mundo mulçumano”. Por fim, a partir das 17h30, decorrem as intervenções de Hélio Pires “De Norte para Sul: os vikings em Portugal”; André Oliveira Marques com “As incursões vikings no Norte de Portugal: uma revisitação historiográfica”; e Francisco Queiroga com o tema do “Castelo de Vermoim”.

    Famalicão abre debate nacional sobre as incursões vikings no país

     

       
     

    Famalicão abre debate nacional sobre as incursões vikings no país

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