10-06-2008Luís de Camões e a Primeira Edição d’Os Lusíadas K. David JacksonExiste um CD ROM da Edição Original d’Os Lusíadas que recomendo muito.Trata-se de um trabalho, do prof K David Jackson, Yale University, que resultou de muitas décadas de sua dedicação ao estudo da obra do POETA maior da língua portuguesa Na data em que Camões é homenageado, em muitas latitudes da língua portuguesa e noutras mais (10 de Junho de 1572 é a data do falecimento de Luís de Camões) , por gerações e gerações de admiradores de sua obra, presenteio os amigos com o texto que se segue. Na introdução do CD ROM da Edição Original d’Os Lusíadas(encontra-se à venda em algumas livrarias) , que acompanhou o número 9 da revista Portuguese Literary & Cultural Studies, da Universidade de Massachusetts Dartmouth, David Jackson apresenta-nos o processo da edição d’Os Lusíadas. Vamos mais uma vez ler o que nos diz David Jackson sobre a obra que mais projetou Camões no Universo e a aventura dos navegantes portugueses, descobridores dos caminhos do mar. E que como David me disse há alguns anos , a grandeza da obra de Camões é que ainda hoje ele nos sensibiliza ao falar "clara e diretamente sobre os temas e problemas humanos que nos preocupam. Camões conseguiu juntar idéias e experiências muito diferentes, tais como o saber clássico e mítico com as viagens de exploração e conquista; as pretensões humanas com as lições do classicismo,a viagem de Vasco da Gama com a de Ulisses. E conseguiu entender a própria experiência poeticamente, em termos dos grandes arquétipos da experiência humana, que expressou com muita originalidade, honestidade e arte." E vamos ler Camões! Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades Margarida Castro Luís de Camões e a Primeira Edição d’Os Lusíadas, 1572: Uma Introdução ao CD-ROM K. David Jackson 13 Dedicado a Luís de Camões (1524?-1580), o número 9 da revista Portuguese Literary & Cultural Studies, da Universidade de Massachusetts Dartmouth, acompanhado por um CD-ROM, facilita aos estudiosos e leitores o acesso a quase todos os exemplares sobreviventes da primeira edição (1572) do poema épico, Os Lusíadas, que se encontra entre as obras clássicas da literatura mundial. Pela primeira vez reproduzem-se vinte e nove exemplares oriundos de bibliotecas e coleções de oito países e três continentes. Estes exemplares encontram-se agora disponíveis em CD-ROM publicado pela revista literária da Universidade de Massachusetts-Dartmouth, sendo que cada um deles pode ser consultado em forma de livro, consecutivamente, do começo ao fim. Foram igualmente consultados outros seis exemplares incluídos no estudo, embora não se encontrassem disponíveis para reprodução, constituindo assim um total de trinta e cinco exemplares consultados. Os leitores d’Os Lusíadas terão acesso a esta obra célebre na sua primeira edição. O CD-ROM tem por objetivo apoiar uma análise compreensiva da primeira edição em todas as suas variantes, servindo tanto de fonte de estudo comparado destinado a especialistas, como de fonte de apreciação para os leitores de Camões. Tem sido um ideal da crítica, sobretudo desde o século XIX, e por razões variadas, segundo os interesses de filólogos, gramáticos, editores e bibliófilos, reunir os exemplares d'Os Lusíadas que, evocando o verso camoniano, foram “espelhados pelo mundo em pedaços repartidos.” Na primeira reprodução “photo-lithografica” de uma primeira edição de 1898, Teófilo Braga considerava a primeira edição de 1572 chave indispensável com vista à recuperação do texto autêntico do poema: “A reprodução photo-lithographica da primeira edição dos Lusíadas é uma das mais úteis e importantes contribuições para o estudo do texto puro e authentico da Epopêa de Camões.” Por ocasião do Quarto Centenário da viagem marítima à Índia, Braga mencionou a raridade da primeira edição d'Os Lusíadas e o imperativo de consultá-la de forma a se poder estabelecer o texto autêntico de uma obra que fora, ao longo dos séculos, inúmeras vezes alterada por editores e tipógrafos: São de extrema raridade os exemplares conhecidos d'essa edição, e quando por qualquer circumstancia apparecem no mercado ficam monopolisados pelos privilegiados da fortuna […] E' indispensavel que exista um padrão sempre accessivel da edição authentica dos Lusíadas, ao qual com facilidade se recorra nas constantes reproducções do poema camoniano […] Para o estudo de documentos litterarios d'esta ordem é sempre imperscindivel recorrer ás primeiras edições […] Felizmente a industria moderna achou meio de tornar accessiveis os exemplares unicos, e o que é consolador, o recurso de restaurar os thezouros litterarios truncados pelos accidentes do tempo […] E que momento mais significativo para dar á luz a reproducção authentica dos Lusíadas, de que agora n'este jubileu nacional do quarto Centenario do descobrimento maritimo da India? ("Aos Camonianos" 1898) Em meados do século XX, o Professor Doutor Francis Rogers, da Universidade de Harvard, preferiu trabalhar com edições foto-facsimiladas, achando essencial uma comparação universal de erros e de variantes para qualquer edição crítica que se preparasse. Ainda esperava publicar uma reprodução fotográfica da ‘verdadeira primeira edição,’ com todas as variantes dos outros exemplares, assim como as “estâncias desprezadas,” reproduzidas na página * A descrição geral do volume patente no estudo de Francisco Dias Agudo (1972) apresentará ao leitor algumas das feições mais salientes da obra: O volume em que se apresenta o Poema é em 8.°, com 2 + 186 folhas, estas numeradas ao alto; e seu verso, não. Agrupadas em 24 fólios ou folhas de impressão, denominados cada um por uma letra e todos pelo conjunto desde A até Z, começando pelo canto I. Ao fundo de cada página em cada fólio, índices: A para a 1.ª folha; A2 para a 2.ª, etc. O 1.° fólio, que contém o rosto, só consta de duas folhas. O último tem em si integrado um pequeno fólio suplementar de quatro páginas. No canto inferior da direita de cada página figura o indicativo das palavras, uma ou duas, com que abre o primeiro verso da página seguinte. O rosto—// Os // Lusíadas // de Luís de Ca- // mões. // Com privilégio Real. // Impressos em Lisboa, com licença da // Sancta Inquisição, e do Ordina- // rio: em casa de António // Gõçalvez Impressor. / 1572 Estes dizeres são emoldurados, como pode ver-se, por uma composição de arte formada em desenho por duas colunas laterais, um balcão em rodapé e um frontão, ao alto, com o pelicano ao meio. Isto é comum aos exemplares […] (1972: 3-4). Leia o texto completo em www.camonianatravessias.com.br/index_arquivos/Pesquisa/K.David%20Jackson.doc |