Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


13-03-2016

Exposição explora ligação dos Descobrimentos à criação de palavras A artista plástica belga Ana Torfs fala durante uma visita guiada à imprensa à sua exposição individual "Echolalia", 10 de março de


A artista plástica belga Ana Torfs fala durante uma visita guiada à imprensa à sua exposição individual "Echolalia", 10 de março de 2016 no Centro de Arte Moderna - Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa. TIAGO PETINGA/LUSA

A artista plástica belga Ana Torfs fala durante uma visita guiada 

à imprensa à sua exposição individual "Echolalia", 10 de março

 de 2016 no Centro de Arte Moderna–Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa. 

TIAGO PETINGA/LUSA

 

por Observatório da Língua Portuguesa  Março.11,2016




OS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES E A CRIAÇÃO DE PALAVRAS

Lisboa, 11 mar (Lusa) – Uma exposição com obras da artista belga Ana Torfs explora, em várias instalações, as ligações dos Descobrimentos portugueses à universalização de produtos e palavras como café, tabaco e chocolate.

Intitulada “Echolalia”, a exposição – primeira individual da artista em Portugal – reúne quatro instalações sobre o mundo das palavras, e abre hoje ao público, no Centro de Arte Moderna (CAM), da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde ficará até 13 de junho.

“O que me interessa são as palavras por detrás das palavras”, disse Ana Torfs aos jornalistas, durante uma visita guiada a esta mostra, que revela diversas ligações aos Descobrimentos portugueses.

Uma das instalações consiste em seis tapeçarias de cerca de três metros por três metros, que apresentam imagens antigas sobre os produtos descobertos em novas geografias pelo mundo, e cujos nomes se tornaram universais: chocolate, tabaco, gengibre, café, açafrão e açúcar.

“Estes produtos acabaram por ser levados a todo o mundo e tornaram-se essenciais. Os portugueses fizeram contactos com outros povos a uma escala extraordinária”, comentou a artista.

Ana Torfs, de 53 anos, criou as quatro instalações da exposição nos últimos sete anos, e mostrou-a recentemente em Bruxelas e, agora, em Lisboa, com curadoria de Caroline Dumalin, em resultado de uma colaboração com o Centro de Arte Contemporânea WIELS, em Bruxelas, na Bélgica.

Noutra das instalações, a artista colocou painéis com imagens da natureza tropical, ao mesmo tempo que se escutam vários narradores a ler os diários da primeira viagem de Cristóvão Colombo à América, nos quais descreve a natureza, as riquezas, os costumes dos nativos, com quem estabeleceu uma comunicação gestual.

A Ana Torfs interessa todo o mundo da comunicação, desde a palavra ao gesto, e a própria história por detrás da criação das palavras, nomeadamente na botânica, porque é “uma jardineira apaixonada”, como afirmou no encontro com jornalistas, na quinta-feira, horas antes da cerimónia de inauguração.

Desde o início da década de 1990 que Ana Torfs tem vindo a construir uma obra marcada pelos mundos que as palavras revelam, incluindo os nomes científicos em latim de vinte e cinco famílias de plantas, ou os nomes comuns de vinte corantes sintéticos, na obra “STAIN”, também apresentada nesta mostra.

Nas instalações, Ana Torfs usa vários suportes, como som, vídeo, fotografia e projeções de diapositivos, serigrafia e tapeçaria.

Nascida em 1963, Ana Torfs vive e trabalha em Bruxelas, e participou em numerosas exposições coletivas, incluindo “Parasophia”, em Quioto, no Japão (2015), na 11.ª Bienal de Sharjah (2013), nos Emirados Árabes Unidos, na Manifesta 9, em Gent, Bélgica (2012).

AG // MAG – Lusa/Fim

 

 TIAGO PETINGA/LUSA

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