Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


16-12-2004

A propósito de “Há rapazes maus”


do Brasil Francisco G. de Amorim
A propósito de “Há rapazes maus”

 

O simpático jornal “A Voz da Póvoa” fez há dias um comentário sobre a febre de pedofilia que atingiu a “terrinha” como uma gripe asiática, chagendo a pôr em causa a dignidade da Casa do Gaiato! Artur Queiroz fez um micro resumo da Obra da Rua, criada há 60 anos pelo Padre Américo e, contra o seu habitual estilo, foi demasiado condescendente com o governo português que, pelo que parece, continua a usurpar uma herança que há muito devia estar entregue a essa maravilhosa Obra.

Portugal conhece bem a Obra do Pe. Américo, assim como a conhecem Angola, Moçambique e um já sem número de países, como a Espanha, Inglaterra, África do Sul, Itália, e até a FAO e a UNICEF, através das suas generosas contribuições para o desenvolvimento do espantoso, imenso, admirável trabalho social que a Casa do Gaiato, depois de Portugal, vem desenvolvendo em África.

Eu conheço relativamente bem a Obra, não sómente a Casa do Gaiato, há mais de 40 anos! Já lhes dei um pouco do meu tempo e trabalho colaborando nos seus programas. Mas fico estarrecido ao ver a tal “ febre da pedofilia” querer macular uma Obra que os portugueses conhecem, admiram e respeitam há muito tempo, possivelmente com veladas intenções políticas, e porque não, financeiras! Que vergonha.

Em vez de entregar a tal herança de António Sardinha e esposa a uma Obra fantástica, o governo usa esse dinheiro para favorecer comparsas através de comissões e administrações que todos nós sabemos que não servem mais do que para delapidar!

Amigo Artur Queiroz. Desta vez você não pôs os nomes aos bois. Disse simplesmente que, ao contrário do que afirmava o Pe. Américo, há mesmo rapazes maus. É pouco! Deveria ter dito que sempre houve ladrões, políticos sem vergonha, covardes e ineptos.

Porque não sabem governar, governam-se. Porque não têm coragem para ter uma vida pública digna e transparente, lançam lama em cima de obras intocáveis e grandiosas que a sua mesquinhez jamais seria capaz sequer de imaginar.

Que o Padre Américo lhes perdoe. Eu, que sou simplesmente humano, não perdoo.