Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


23-02-2016

Do bairro cigano do Casal dos Estanques em Vialonga para os holofotes do mundo



 

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A mais jovem realizadora de sempre a vencer o Urso de Ouro no festival de cinema de Berlim na categoria de curtas-metragens é de Vila Franca de Xira, tem 23 anos e arrebatou o júri com uma história sobre a xenofobia contra a comunidade cigana.

A surpresa foi tal que Leonor Teles nem teve palavras para usar no discurso, confessando não saber como um filme “parvo” e “tosco” sobre sapos à porta das lojas (que muita gente ainda pensa poder afastar os ciganos de entrar) pudera vencer num dos mais prestigiados festivais de cinema. “Balada de um Batráquio” venceu por ser considerado pelo júri como enérgico, irónico e irreverente. É um filme que Leonor esperava poder levar a uma mudança de atitude da comunidade face ao povo cigano.

O prémio catapultou-a para uma presença mediática a que não estava habituada.

Em 2013 contou a O MIRANTE, quando falámos com a jovem cineasta ainda longe das luzes da ribalta, que não ficava nada vaidosa com os prémios e que estes apenas confirmavam o que queria fazer na vida: realizar. Nesse ano venceu o prémio Take One! do festival de cinema de Vila do Conde e uma menção honrosa no IndieLisboa, com o filme “Rhoma Acans”, passado no Casal dos Estanques, mas praticamente nenhuma imprensa nacional lhe deu uma linha sequer de atenção.

Leonor está de regresso a Portugal e vai continuar a trabalhar, o seu próximo filme será rodado em Vila Franca de Xira e acompanha uma personagem da região e da sua relação com o rio Tejo. Garante que desta vez o filme não terá nada a ver com ciganos, um tema que diz estar encerrado. Leonor continua a trabalhar também noutros projectos e em televisão, porque só na realização não dá para viver.

Filha de pai cigano que já faleceu, Leonor Teles resolveu ir à descoberta das suas raízes quando realizou a sua primeira curta-metragem premiada. Diz que se o pai não tivesse rompido com a tradição cigana, hoje muito provavelmente já estava casada, já tinha filhos e não tinha um curso superior. “O meu pai nunca se integrou totalmente na comunidade cigana e nunca gostou das tradições inflexível e retrógradas”, contava a O MIRANTE. Cresceu e vive em Vila Franca de Xira e o modo de vida de Leonor foi sempre diferente da de uma jovem cigana. “O crescimento de um jovem na cultura cigana é árduo porque é limitado. É difícil para um cigano arranjar emprego fora da comunidade”, salientava a jovem realizadora

 

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