17-12-2015Esquerda unida mas plural António Costa PintoEsquerda unida mas pluralANTÓNIO COSTA PINTO , politólogo, Doutorado pelo Instituto Universitário Europeu (1992, Florença) e Agregado pelo ISCTE (1999), é presentemente Investigador, professor de política e história europeia contemporânea no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Professor Convidado no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Os seus interesses incluem investigação do fascismo e autoritarismo, democracia e justiça transitória nas novas democracias, a União Europeia e estudo comparativo das mudanças políticas na Europa. 16/12/2015 - 19:50 António Costa dirige o governo mais “parlamentar” da democracia portuguesa e a negociação entre o PS e o seus aliados em São Bento será dura. Apesar de ter sido uma a novidade este primeiro acordo entre o PS e os partidos à sua esquerda para viabilizar o Governo, convém não esquecer que o outro factor foi a conjuntura milagrosa do Presidente não poder dissolver a Assembleia da República. Dito isto, o debate quinzenal, na sua aparente normalidade, esconde a maior centralidade do Parlamento na vida política portuguesa. É nele que se testará a solidez dos acordos e será nele que se desencadeará a sua queda. Nesta perspectiva, o debate desta quarta-feira consagrou o regresso de Passos e Portas ao Parlamento e a falar na primeira pessoa. Quanto ao resto, o que fica claro é demarcação clara da esquerda perante o anterior Governo de coligação PSD-PP. Recuperação salarial e alguma alguma “desamortização” fiscal sobre o trabalho, mas também em quase todo os outras marcas distintivas do passado, sem esquecer a diversidade discursiva entre o PS, o Bloco e o PCP, certamente presente no debate sobre a União Europeia, o terrorismo ou a Síria. Mas não será por aí que a castanha rebentará. No fundo é a (escassa) margem de manobra económica e a UE que decidirão o futuro desta primeira maioria parlamentar de esquerda. |