01-11-2004Encontro das NaçõesMargarida Silva e Castro* “E por vezes as noites duram meses./E por vezes os meses oceanos./E por vezes os braços que apertamos/nunca mais são os mesmos” (David Mourão-Ferreira,1927-1996) Em Uberaba, o Elos Clube (www.ldc.com.br/iclas), grupo que iniciou com o nome de Instituto de Cultura Lusófona Antônio Borges Sampaio, vai realizar o “4 º Encontro das Nações”, em 8 de Novembro. O evento propõe o reconhecimento dos que construíram os “elos” de intercâmbio. Na oportunidade, artistas declamarão poetas, em homenagem a todas as etnias que somaram à terra de Major Eustáquio. Será mais um momento de convivência e de diálogo, que esperamos constitua uma chamada de atenção aos estudiosos, para que promovam a divulgação da história das famílias que participaram na fundação e desenvolvimento da Cidade de Uberaba. Já Angola, país irmão, promove em Novembro,Luanda, o “Encontro de Quadros Técnicos Angolanos na Diáspora”, ( www.angolanosnadiaspora.com), com o objetivo decriar um espaço de debate sobre o modo de participação dos quadros no exterior, no esforço de desenvolvimento do país, bem como trocar conhecimentos, capacidades e asseverar das potencialidades humanas e institucionais existentes. A Comissão Organizadora registrou mais de 700 candidatos, tendo sido selecionados 250 para participar no evento. Muitos dos candidatos estão no Brasil. vozes@patrimonio.em.risco No mundo existem mais de 5.000 línguas, 95% delas estão em perigo de desaparecer. O estado de catástrofe lingüística em que o planeta se encontra, passa despercebido para a maioria. É que nas quase 200 nações do globo, fala-se mais de 5.000 línguas. No Brasil temos 195 línguas. Mas a política mais comum nos Estados adota um idioma oficial e uma total identificação entre língua e Estado. Atualmente, os países que reconhecem sua diversidade lingüística interna, são pouquíssimos, e menos ainda são os que têm políticas públicas para preservar esse patrimônio. A força arrasadora da globalização e o efeito da mídia colocam as línguas em situação de risco e calcula-se que, em poucas décadas, restarão somente 300 línguas. Com este lingüícídio morre para sempre um mundo e um saber acumulado, desaparece outro ponto de vista, com seus conteúdos simbólicos. Além de que, das 5.000 línguas existentes, 200 são escritas e apenas 80 têm acesso aos meios de comunicação em massa, o que significa, que as realidades e pontos de vista de milhões de seres humanos são totalmente ignorados. Para alertar as consciências sobre esta diversidade que caminha para a ruína, há que fazer algo pela preservação do patrimônio lingüístico, pois cada língua que desaparece, representa a morte da riqueza de um pensamento, suas lendas e literatura, uma visão singular do mundo, parte da história da humanidade. américa.latina@identidade.mestica Os latino americanos têm uma identidade mestiça. Primeiro são visigodos, iberos, celtas, gregos, judeus, árabes, e depois ibero americanos. São mediterrâneos, antes de serem atlânticos. A história do continente desafia-nos a procurar em cada um de nós traços fenícios, godos, cartagineses, semíticos. Uma mistura étnica complexa. Como filhos de todas as navegações, os latinos americanos guardam a lembrança dos traslados europeus, africanos, orientais, compulsivos e traiçoeiros. Há muito aprendemos que a cultura, na qual afundamos, traduz uma maneira particular de nos relacionarmos com o mundo. E que estabelece o embate imposto pelas forças provindas da realidade mestiça em falsa oposição à cultura herdada. A mestiçagem no Brasil está presente nas várias heranças. Ela é, por exemplo, reforçada com a melancolia portuguesa, cuja política de alianças matrimoniais inoculou a nobreza européia com este sutil traço poético do temperamento humano. Encontro das Nações é uma herança que vale resgatar! *Engenheira agrônoma e membro do Elos Clube de Uberaba , E-mail: raizes75@terra.com.br |