22-09-2016Escrevo romances em legítima defesa , Arturo Pérez-Reverte em entrevistaA Europa da liberdade morreu. O Ocidente vai perder a guerra com o Islão. Já não há homens brilhantes, e os escritores não têm nada para contar. O olhar pessimista de Arturo Pérez-Reverte, o antigo repórter de guerra que escolheu a literatura para se salvar,mas não a usa para salvar o mundo.
Arturo Pérez-Reverte veio a Portugal para participar no Festival Internacional de Cultura (FIC), em Cascais, e promover o romance Homens Bons, editado pela Asa. É uma história passada no século XVIII, em que dois académicos espanhóis viajam para França com o objectivo de trazer para o seu país os 28 volumes da Enciclopédia. A luta entre razão e obscurantismo alimenta as peripécias da narrativa, que pretende explorar literariamente as raízes históricas do atraso ibérico. Por que razão um homem que viajou por todo o mundo como repórter prefere, como temas dos seus romances, a História à actualidade? A História permite-nos compreender melhor o presente. O novo não é mais do que o passado que já esquecemos. Tudo já aconteceu. Quem não leu a Guerra de Tróia não compreende Sarajevo, quem não leu Xenofonte não compreende a guerra dos mercenários em Angola, em 1978. Sem História somos órfãos e incapazes de compreender. Por isso uso nos meus romances a História, como mecanismo de compreensão, como chave para o presente. Nesse sentido, Homens Bons, tal como outros romances seus, não é propriamente um romance histórico.
leia aqui a entrevista https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/escrevo-romances-em-legitima-defesa-1744625 |