10-06-2002Camões em Debate1. Guido Bilharinho Camões - Biografia e Glorificação 2. Nádia Póvoa Chaia Camões - Lírica Camoniana 3. Margarida Castro Camões: humanismo universalista 4. Diógenes Pereira Araújo Camões, cantor dos desconcertos do mundo 5. Diógenes P. Araújo Camões : Franqueza 6. Margarida Castro [ELOS-L] Camões - Lírica Camoniana 7. Margarida Castro Camões , representa.... 8. K. David Jackson Dia 10 de Junho 9. K. David Jackson Camões, Dia 10 de Junho 10. Dalva Arcega Um Rebelde Sonhador 11. José Seara Matias Camões –História de Vida &&&&&&&&&&&&& 1. Guido Bilharinho, escritor, Uberaba BR 05 de Maio de 2002 Camões - Biografia e Glorificação A vida, os amores, as dificuldades e vitórias dos artistas não têm importância maior do que as mesmas coisas ocorrentes com qualquer ser humano. O que possui significado na existência de qualquer autor é a qualidade de seu trabalho. Isso, aliás, é mais que acaciano. Porém, se não fosse isso, ou seja, a obra, não existiria o artista e nem se perderia mais tempo com ele do que com qualquer pessoa. Contudo, quando a produção do artista é importante, os fatos de sua vida despertam curiosidade e até certo interesse, embora não devessem passar da primeira hipótese. Assim, por mera curiosidade pode-se tomar conhecimento dos traços biográficos de um autor. É o que acontece com inúmeros deles, inclusive, Camões. Os principais acontecimentos de sua existência são por demais sabidos: amores, namoros, prisões, invejas, desterro, naufrágio, guerras coloniais, etc. Justamente eles é que recheiam o filme Camões (Portugal, 1946), de Leitão de Barros (1896-1967), o mais conhecido e festejado cineasta português depois de Manuel de Oliveira. Pela época de sua realização, ápice da ditadura salazarista, já se pode antever certo timbre oficialista a impregná-lo, eis que o Governo português de então não deixaria passar incólume um filme com temática tão cara aos portugueses: a vida de seu maior vulto, não só literário, mas, artístico. Imagine-se, pois, a feitura de um filme desses num país pequeno, mergulhado em façanhuda ditadura. Claro, o filme é convencional, oficialesco, bem comportado. Todavia, pela competência do cineasta e os recursos alocados, que permitem a recuperação adequada da época, o décor, embora academicamente construído, permite uma visão, senão correspondente, pelo menos aproximada dos ambientes daquele tempo, seja em Coimbra, onde Camões estuda, seja na Corte Lisboeta, onde se emaranha nas intrigalhadas e invejas palacianas, seja em Ceuta, onde perde um olho. O filme, como não poderia deixar de ser nesse contexto, mormente por se tratar não só do maior vulto artístico português, mas, de um verdadeiro herói e mito nacional, é glorificador e reverente. Nem por isso, no entanto, deixa de mostrar (como escondê-la?) toda a impetuosidade e afoiteza de Camões, que só lhe causam problemas, agravados pela inveja de concorrentes e pelo ressentimento de amores contrariados. Mas, se sua honradez e coragem pessoal não lhe melhoram a vida, seu gênio constrói e molda obra soberba, malgrado um tanto verborrágica, como notado por Pound, que, segundo consta, aprende português apenas para lê-la no original. O filme, porém, nem de longe focaliza e revela a alegria da criação artística e, muito menos, as motivações e os íntimos processos elaborativos da obra camoniana. Isso, ainda está por ser feito. Alguém terá condições de fazê-lo? É necessário. O cinema, como arte que é, não pode cingir-se a contar estórias e divulgar biografias no que elas apenas têm de ação e acontecimentos, geralmente comuns, mesmo em suas múltiplas variações, a todos os seres humanos. As causas, influências e estímulos dessa portentosa obra literária nem de longe são aflorados ou referidos, a não ser rapidamente no que tange ao insight para elaboração de Os Lusíadas, provavelmente episódio conhecidíssimo dos portugueses, tal seu significado. O filme, assim, resume-se a reconstituir e a glorificar. Nem, por isso, contudo, pode deixar de ser visto, não só pelas qualidades apontadas en passant, como por se tratar de quem se trata. Mesmo porque ver Camões ler os Lusíadas para Dom Sebastião, que logo depois iria desaparecer na célebre batalha de Alcácer Quibir e se transformar em mito, não é de se dispensar. Principalmente, porque a façanha de elaborar o poema é tão grandiosa (a nosso ver mais ainda) do que a própria (e sem dúvida magnífica) façanha que canta, elogia e glorifica, isto é, o périplo de Vasco da Gama, por sinal e coincidentemente também efetuado pelo próprio Camões à época da idealização e elaboração de sua epopéia. Se no filme o que se homenageia é apenas a pessoa, conquanto digna, por sinal, a todos os títulos, conforme faz o filme questão de timbrar e tudo indica que corretamente, pelo menos seja motivador de leitura da obra camoniana e nem só de Os Lusíadas, mas, também, de seus sonetos, canções, sextinas, odes, elegias, églogas e o mais que fez, que não é pouco e nem pequeno. # &&&&&&&&&&&&&&&&&&&& 2. Nádia Póvoa Chaia, bisneta de Euclides da Cunha, Niterói BR Para :elos-l@ldc.com.br 4 de Junho de 2002 Camões - Lírica Camoniana Em 1977, por ocasião da comemoração do Dia de Camões, foi publicado o "CAMÔES - Diário" (uma espécie de agenda) , por Isabel da Nóbrega e Moraes Editores (Rua do Século, 34 - 2º - Lisboa), Edição do Conselho da Revolução, com vários trechos da obra lírica de Camões. A manhã bela e amena, Seu rosto descobrindo, a espessura Se cobre de verdura, Clara, suave, angélica, serena. Oh! deleitosa pena! Oh! efeito de Amor alto e potente! (trecho de Canção III) Nádia &&&&&&&&&&&&&&&&&& 3. Margarida Silva e Castro , Uberaba BR Para: Diogenes Pereira de Araújo , Poeta, Bauru, BR 01 de Janeiro de 2002 Camões: humanismo universalista Diógenes, A sua analise sobre Camões. Ficou boa. “ Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” . Mas com ética! A maior contribuição de materiais para a lenta transformação do pensamento do mundo moderno, se deve à época dos navegantes portugueses. Concorda? As relações de viagens, tratados de ciência e poemas, sem esquecer “Os Lusíadas”, despontam pela primeira vez o humanismo universalista, que defende a dignificação do homem, não pelo regresso aos limitados cânones da Antigüidade, mas, ao contrário, como resultado duma experiência nova e universal, que permitiu a comparação e unificação de todas as idades de cultura e tipos de humanidade. A obra "Os Lusíadas" se inspirou no motivo épico do “ descobrimento do Mundo” , nas suas origens, amplitude e conseqüências humanísticas. Margarida &&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&& 4. Diógenes Pereira Araújo Baurú BR 31 de Maio de 2002 Camões, cantor dos desconcertos do mundo OLÁ MARGARIDA: Mando algumas palavras sobre Camões. CAMÕESCantor dos desconcertos do mundo. Camões é o maior poeta lírico do Classicismo português. Dotado de inegável genialidade, coube a ele a melhor performance do soneto em língua portuguesa. Camões segue estritas regras de composição, obedecendo aos padrões das formas italianas como as do poeta Petrarca. A brevidade do soneto -- dois quartetos, dois tercetos -- requer grande concentração emocional, geralmente disposta sob a forma de tese-antítese com desfecho conclusivo que busca a síntese ou a unidade. A linguagem é condensada no decassílabo, utilizando a palavra de forma precisa, permeada pelo controle rígido da razão, mesmo quando o tema é uma aparente desordem. Assim, Camões é capaz de expressar-se de maneira extremamente concisa em sonetos narrativos como o famoso "Sete anos de pastor Jacó servia" e de lamentar de maneira semi-romântica a ausência da amada em "Alma minha gentil, que te partiste". É nos sonetos de análise que o poeta alcança maior desenvoltura, tecendo reflexões sobre o tempo - "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" - buscando uma definição do amor, ilustrada por uma de suas mais famosas produções - "Amor é fogo que arde sem se ver". Ele capta a psicologia feminina através de versos inesquecíveis, cujo exemplo mais significativo está em "Um mover de olhos, brando e piedoso". São muitas as composições lírico-amorosas, em que a mulher e o amor são idealizados como forma de atingir a supremacia do Bem e da Beleza. Camões se deixa levar por um certo sensualismo carnal que se opõe ao ideal petrarquiano do amor, ilustrado por "Transforma-se o amador na coisa amada". Além do tema amoroso, Camões se faz cantor dos desconcertos do mundo. Espírito muito atento à sua época, tem plena consciência de que tudo muda, nada é eterno. O homem, embora queira sempre atingir o ideal e a perfeição, depara-se com a terrível restrição imposta pela própria condição humana. O poeta chega à conclusão de que não existe o absoluto ou o eterno, restando a ele divagar sobre o real e o ideal, o eterno e o transitório, a morte e a vida, o pessoal e o universal. Nesses pares, encontram-se as mais profundas tensões que a lírica já deixou transparecer. Trago esse texto arquivado cuja autoria não transpira ser de minha autoria e, todavia, não sei a quem atribuir. Diz-se ter morrido pobre. Esta condição coroa a existência de muitos gênios. Poder-se-ia acrescentar o nome de Fernando Pessoa e de tantos outros. Coroa sim a existência: pessoas que enriqueceram aos humanos e, no entanto, não tiveram um enriquecimento oriundo de comportamentos desumanos, corolário de muitas riquezas econômico-financeiras. Freud escreveu: "Seja qual for o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim". Também a Psicologia Contemporânea, que oportuno tempore insiste no crescimento contínuo para o ser humano poderia fazer sua essa afirmação de Freud. A afirmação de Camões, na estrofe final do poema adiante ressalta a necessidade do crescimento continuado e também o papel da vontade nesse crescimento, quer capacidade da vontade de decidir, quer de manter a decisão de mudar, - crescer -, em curso. Abaixo pois a resistência à mudança para melhor e a manutenção de estados de ignorância. SEM TEIMOSIA Sim: sou fiel comigo. Há hierarquia em minhas preferências e escalão em todos meus valores. A alegria tem posto de destaque e o coração decide quase tudo. Eu poderia até dizer que acima da razão eu ponho o coração. No dia a dia, amigos, quero agir com decisão; amigos, quero agir, estando atento, e aprender de Camões, sem mais tardança o que entendera e já há tanto tempo: «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades Todo o mundo é composto de mudança Tomando sempre novas qualidades..." Talvez pudesse, ainda, afirmar que o poema abaixo me lembrar algo de Camões, não sei o quê. Diógenes Pereira de Araújo &&&&&&&&&&&&&&&&&&& 5. Diógenes Pereira de Araújo Baurú BR Para: Margarida Castro 17 de Março de 2002 FRANQUEZA Pretendo partilhar, com consistência, meu mundo: interior e exterior; não que eu queira impingir minha carência; tenho também valor, algum valor Pretendo partilhar, na convivência, os talentos que tenho, sem temor, de mostrar meus defeitos, de me expor. Ninguém logra fugir à transparência, à mostra em cada gesto, em cada olhar Nós precisamos, logo, descobrir um modo de viver mais consistente um meio de ajudar-se, sem julgar, um meio de uns aos outros se assumir, de ser, - também na fala -, transparente Diógenes Pereira de Araújo &&&&&&&&&&&&&&&&&&&& 6. Margarida Castro < margaridacastro@ldc.com.br> Uberaba BR Data: 02 de Junho de 2002 [ELOS-L] Camões - Lírica CamonianaNa Publicação Rhythmas de Luís de Camões , impressas em Lisboa por Manoel de Lyra "a cura de Estevão Lopez mercador de libros", 1595, foi registrada um dos núcleos canônicos mais importantes da lírica camoniana .O /A amido/a pode cooperar na divulgação destes belos textos: Canção I,II, III, IV, V ,VI, VII, VIII, IX, X . Será o nosso modo de divulgar junto dos falantes da Língua Portuguesa, o maior artista da palavra em língua portuguesa que ,certamente, é o nosso maior embaixador. Cantemos em todas as latitudes. "Formosa e gentil Dama, quando vejo a testa de ouro e neve, o lindo aspeto, a boca graciosa, o riso honesto, o colo de cristal, o branco peito, de meu não quero mais que meu desejo, nem mais de vós que ver tão lindo gesto, ...)" (Canção I) O Camões lírico não teria sido o que é sem a viagem , o contacto com o Oriente, a problematização dos inúmeros acidentes e incidentes do seu dramático percurso biográfico individual por longes terras. Disso ficou um testemunho que é um dos mais altos momentos do lirismo ocidental . Margarida "Se com razões escuso meu remédio, sabe, Canção, que por não vejo, engano com palavras o desejo" ( Canção I) &&&&&&&&&&&&&&&&&&&&& 7. Margarida Castro Uberaba BR Junho 2002 Camões, representa.... Camões, representa, certamente, a mais respeitada figura humana de língua portuguesa. Há que fazer uma leitura moderna de sua obra e colocá-la na rede mundial. A palavra de Camões, une povos no mesmo sentimento e é geradora de vontades. Os Lusíadas fizeram emergir, pela primeira vez, o humanismo universal que valorizou a dignificação do homem como resultado de uma experiência universal e nova, que permitiu a comparação e unificação de todas as idades de cultura e de tipos de humanidade. " Mudem-se os tempos, mudem-se as vontades" é um pensamento atual. Margarida &&&&&&&&&&&&&&&&& 8. K. David Jackson Yale EUA 09 de Junho de 2000 Para: Margarida CastroDia de Camões
Cara Margarida, Obrigado pela mensagem lembrando o grande poeta Camões e o seu dia. Ainda me lembro que em 1975 Jorge de Sena voltou a Portugal e ofereceu um discurso sobre o Poeta, colocando-o sob nova luz depois da revolução portuguesa. Acho que uma das provas da grandeza da obra de Camões 'e que ainda hoje nos fala clara e diretamente sobre os temas e problemas humanas que nos preocupam. Como no caso de outros grandes gênios que o seguiram, Mozart por exemplo, Camões conseguiu juntar idéias e experiências muito diferentes, tais como o saber clássico e mítico com as viagens de exploração e conquista; as pretensões humanas com as lições do classicismo, a viagem de Vasco da Gama com a de Ulisses. E conseguiu entender a própria experiência poeticamente, em termos dos grandes arquétipos da experiência humana, que expressou com muita originalidade, honestidade e arte. Soube cultivar as artes e a estética no meio das viagens e ainda viveu humildemente no Oriente por 17 anos. Todos devem parar para pensar que foi a arte e vida de Camões que sobreviveram os séculos e não as empresas oficiais das viagens. Ha o lado trágico humano, também, do poeta separado da sua musa, exilado da pátria, vivendo (como Pessoa mais tarde) uma vida de 'fingimento' poético, apoiado por uma filosofia barroca, com certo estoicismo. Os Lusíadas não deixa de nos impressionar, na medida em que submete a experiência (viagem) as forcas maiores dos deuses, dos sonhos, dos mitos e da tradição oral--o que contamos sobre as nossas historias, para nos 'inventar' para os outros. Feliz dia 10 de junho, Dia de Camões, a todos, Saudações, K. David Jackson &&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&& 9. K. David Jackson Yale EUA 26 de Maio de 2002 Para: Margarida Castro Camões, Dia 10 de Junho
Margarida, Como vai? Espero que todos os amigos de Uberaba estejam bem! Acho que neste dia 10 de junho, vale a pena festejar a primeira nação nova a entrar nas Nações Unidas no novo milênio, Timor, e o fato que esse pais escolheu a língua portuguesa como língua oficial. Junta-se, nessa decisão, aos países africanos (PALOP) e ao Brasil--uma vez que seu contato com Portugal remonta as primeiras décadas do século XVI. O caso de Timor comprova que o português, como língua contemporânea, é também uma das grandes línguas pos-coloniais, graças a sua flexibilidade, a incorporação de vocábulos de inúmeras línguas de contato através dos séculos, sendo a maior língua de miscigenação do mundo. Ao falar e estudar essa língua, homenageamos uma cultura global -- que no século XVI já foi ate ao Japão--foi a primeira língua moderna a se espalhar no globo, sobretudo na Ásia, e a dominar mais do que metade do continente sul-americano. Graças ao Camões, mais do que ninguém, o português também é uma grande língua de cultura, unificando a mitologia clássica com as viagens de descobrimento, através da figura do escritor- viajante - o poeta e a sua pena--outro Ulisses, herói que vai se repetir ate Joyce e as Galáxias. Brindamos o futuro de Timor, caso insólito da língua portuguesa no mundo! Abraços, David &&&&&&&&&&&&&& 10.Dalva Ribeiro Árcega Uberaba MG 10 de Junho de 2002 UM REBELDE SONHADOR Luís Vaz de Camões Poeta, 1524(?) - 1580(?). Não me importa onde realmente nasceu, onde viveu, e como conseguiu sobreviver. O que eu posso observar e vivenciar é que os conflitos de gerações sempre fizeram parte de um mundo de aventuras e descobrimentos, e que a vontade desenfreada dos jovens sempre conseguem levar a algum lugar. Luiz Vaz de Camões, não foi diferente em sua época, rapaz inteligente, astucioso, buscava sempre novidades de vida, vivia o presente como se fossem seus últimos minutos, amava, brigava, gastava, mas amava muito a sua terra. Serviu às armas e por uma fatalidade envolve-se em briga de rua, golpeia um jovem, onde seu castigo foi deixar o seu País, e foi para as Índias, combater piratas no estreito de Malaca. Volta as Índias, naufraga, e salva-se a nado com os manuscritos, “Os Lusíadas”, devia ser um exímio nadador. Imponente, sempre teve admiradores ao seu redor, e pobre nunca lhe faltaram amigos para lhe dar o que comer, beber, e vestir. Volta à Lisboa em 1569 e a impressão de sua obra “Os Lusíadas” sai no dia 29 de setembro de 1571, com o privilégio Real. Sua criação literária é dedicada ao rei D. Sebastião, a qual lhe foi mal paga e com irregularidades. Morreu em 1580 pobre de dinheiro, mas riquíssimo em sabedoria, deixando um legado farto para a literatura mundial e que tem passado de geração em geração, sendo perpetuado como um verdadeiro herói de sua época. Poeta de idéias, filósofo especulativo, “Esse bicho de terra vil e tão pequeno”, mas capaz não obstante de abrir mares, antes navegados, mais do que tudo, erguer a própria condição o canto que a transcende. &&&&&&&&&&&& 11. José Seara Matias ( angolano) Portugal 06 de Junho de 2002 Camões – História de Vida Camões ( Luís Vaz de ), poeta português, nascido em Freixo de Espada à Cinta, foi um dos maiores vultos da literatura da Renascença . Não é bem conhecida a sua infância e mocidade; sabe-se que estudou em Coimbra mas não foi aí ( também não se sabe onde ) que ele adquiriu toda a sua vasta cultura humanistica que revela a sua obra. Embora pobre, era um fidalgo e freqüentava a corte do rei D. João III de Portugal. Em 1547 embarcou para Ceuta, para servir a guarnição militar portuguesa, tendo sido naquela praça, que num combate com os mouros de Mazagão, foi ferido e ficou sem a vista direita. Quando regressa a Lisboa, meteu-se numa rixa com um moço do Paço Real, foi preso e deportado para a Índia. No Oriente, continuou servindo a pátria em várias expedições militares. Em Macau, chegou mesmo a ser Provedor de Defuntos e Ausentes. Era um pouco impulsivo e tinha os nervos à flor da pele e foi demitido do cargo de Provedor por se ter envolvido em rixas com os colonos; embarcaram-no num navio e foi desterrado para Goa. Acossado por temporal, o navio que o conduzia naufragou nos mares da China mas o poeta conseguiu salvar-se a nado e, com ele o manuscrito, os Lusíadas que, entretanto, já estava quase terminado. Esteve em Goa até 1567, ano em que regressa a Portugal; antes, porém, faz escala em Moçambique e por lá fica durante largos anos, vivendo na miséria, alimentado pelas sopas dos amigos, até ser encontrado por Diogo do Couto, seu grande admirador, que o ajudou. Só por volta de 1569 ou 1570 regressa a Lisboa onde, em 1572 publica os Lusíadas. Este poema lírico e épico, mundialmente conhecido, e traduzido em inúmeros idiomas, foi dedicado por Camões ao rei de Portugal, D. Sebastião. O rei, reconhecido, ofereceu a Camões uma renda anual de 15.000 reis. Morreu na miséria, sempre acompanhado pelo seu leal servidor e escravo Jó, ainda mais pobre do que ele; este escravo dedicado, andava pelas ruas a pedir esmola para o seu amo. Quando se quer dizer que uma pessoa é pobre mas mesmo muito pobre, é costume dizer-se " pobre como Jó " Toda a obra de Camões só foi publicada depois da sua morte. Muito mais haveria para dizer sobre Camões, dos seus amores, da sua vida. Moxi kandundu, Zé Seara |