16-08-2015CERRADO É GENTE CABOCLA C. BezerraCerrado é gente boa e caramelada. É tudo gente brasileira. É branco casou com preto. É índio casou também. Aí ficou bonito, feito esse jeito da gente. Gente boa e caramelada
CERRADO É GENTE CABOCLAO caboclo da vila, Menino era muito gente, mas nem sabia escrever. Na escola só podia quem aprendia crescer. Ele só sabia contar história de sonho, essas coisas. Aí Feudal chegou, e levou gente pra vender. Menino não era caro, não sabia trabalhar, e Vila comprou Menino, e ele aprendeu a cantar. De tanto contar as coisas, ele agora canta no cerrado. Canta as cores do mato e coisa de não acabar. Fala de água, de planta e de córrego Geraldo, contra Usina e Pêvú. E com seu canto, Menino faz coisas de muito valor. Quem ouve ele conta a história. Quem gosta ele canta cerrado. Samarôto, o louro azul, tenta enganar Menino, mas ele diz que vila é lugar de morar. Não quer mais nada, só quer saber de cantar. Samarôto que fique longe, com seu free-world de araque. Que gente que quer ser gente, não fica na casa dos outros, fazendo o que ele faz. Menino não quer crescer. Quer ficar sempre assim. Que o mato lhe deu seu cheiro e o córrego lhe deu seu banho. Passarinhos lhe deram música e terra lhe deu força. Arte nasceu da pele e fez de tudo bastança. É que gente não é de ferro, muito menos o cerrado, mas uma máquina, que tem carne de ferro, tá fazendo o cerrado chorar. Lá tem canto, tem cor, tem água, mas também tem bicho sapecado, fugindo do fogaréu, e só teria outro jeito, se fosse de ferro também… Agora, se ferro come verde, se acabar o verde, a máquina de carne de ferro vai comer carne de gente. O tronco é história de bicho e de árvore queimada |