Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


19-11-2015

Portugal condecora diretor do Museu Afro-Brasil


Da Redação

19/11/2015 07:15

Cerimônia irá ocorrer em 21 de novembro e contará com a presença de Francisco Ribeiro Telles, embaixador de Portugal no Brasil, e Paulo Lourenço, cônsul geral de Portugal em São Paulo.

São Paulo - O Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, decidiu este ano conferir a Emanoel Alves de Araújo, diretor do Museu Afro Brasil, as insígnias de Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique. Com o título distintivo de honra, Portugal dá testemunho público de reconhecimento pela sua trajetória profissional e pessoal.

Importante pensador da cultura nacional e das políticas públicas de cultura, divulgador da arte e da cultura afro-brasileira e artista plástico de renome, Emanoel Araújo tem sido um entusiástico impulsionador do diálogo cultural, afetivo e estético que une a cultura tradicional e contemporânea portuguesa à história e sociedade brasileiras.

A outorga da condecoração será realizada no dia 21 de novembro de 2015, às 11h30, no Museu Afro Brasil – localizado no Parque do Ibirapuera em São Paulo. O Embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Ribeiro Telles, irá se deslocar especialmente a São Paulo para, em nome do presidente Cavaco Silva, fazer a outorga da comenda.

"Trata-se de uma distinção muito merecida, que reconhece publicamente a contribuição de Emanoel Araújo na ampliação dos laços culturais e afetivos que ligam portugueses e brasileiros. Quer enquanto gestor público, quer enquanto artista, quer ainda nas exposições que organizou ou curou, soube construir pontes importantes entre os dois países que ajudam a entender de forma não complexa e construtiva a história, cultura e valores partilhados pelos dois povos", afirma Paulo Lourenço, cônsul geral de Portugal em São Paulo.

Sobre Emanoel Alves de Araújo

Nasceu em 15 de novembro de 1940, na cidade de Santo Amaro da Purificação (Bahia). Integrante de uma tradicional família de ourives, aprendeu marcenaria, linotipia e estudou composição gráfica na Imprensa Oficial de Santo Amaro da Purificação. Em 1959 realizou sua primeira exposição individual ainda em sua terra natal. Mudou-se para Salvador na década de 1960 e ingressou na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde estudou gravura.

Foi premiado com medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença (Itália) em 1972. No ano seguinte recebeu o prêmio provindo da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor gravador e, em 1983, o de melhor escultor. Entre 1981 e 1983, instala e dirige o Museu de Arte da Bahia (MAB), em Salvador, e expõe individualmente no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Em 1988 é convidado a lecionar artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York.

É considerado um pensador da cultura nacional com notável participação em projetos vinculados à política pública de cultura. Expôs em várias galerias e mostras nacionais e internacionais, somando cerca de 50 exposições individuais e mais de 150 coletivas. Foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo (1992-2002), configurando-a como o museu brasileiro de maior destaque internacional.

Entre 1995 e 1996, foi membro convidado da Comissão dos Museus e do Conselho Federal de Política Cultural, instituídos pelo Ministério da Cultura. Já em 2004 fundou o Museu Afro Brasil, onde é atualmente Diretor Curador, doando grande parte de sua coleção particular para construção do acervo e transformando-o no mais importante museu dessa natureza nas Américas.

Em 2005, exerceu o cargo de Secretário Municipal de Cultura. Já em 2007 foi homenageado pelo Instituto Tomie Ohtake com a exposição Autobiografia do Gesto, que reuniu obras de 45 anos de carreira. Agora em 2015 recebe o grau de Comendador um dia após mais de 1.000 cidades brasileiras comemorem, em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra.

Sobre a Ordem do Infante Dom Henrique da República de Portugal

A Ordem do Infante D. Henrique foi criada em 1960 para comemorar o V Centenário da morte do Infante Dom Henrique, o Navegador, filho do Rei D. João I e da Rainha D. Filipa de Lencastre, um dos membros da Ínclita Geração e o grande impulsionador do grande desígnio português que foram os Descobrimentos.

O Infante Dom Henrique, Duque de Viseu, nasceu no Porto em 4 de Março de 1394 e morreu em Sagres, em 13 de Novembro de 1460. Foi governador e administrador da Ordem de Cristo, com cujos recursos financiou os Descobrimentos. Dedicou-se ao estudo das Matemáticas e, em especial, às ciências cosmográficas. Aplicou o uso do astrolábio na navegação e inventou as cartas planas.

A ordem do Infante Dom Henrique reconhece o empenho de todos aqueles que se notabilizam na defesa e dignificação da história e a cultura portuguesas.