17-08-2016 Teto na montanha-José Afonso Mário Lima
"O Teto do Mendigo" por Mário Lima
República Boa-Bay-Ela, foi aqui num quarto onde por vezes pernoitava, que Zeca Afonso escreveu na parede quatro quadras do "O Tecto do Mendigo".
"Tecto" ou "Teto"?
Não sei em que ano foi escrito este poema, mas seguramente foi depois de 1945.
Em 1945 dá-se o Acordo Ortográfico. Antes deste acordo, "TECTO" escrevia-se "TETO". O Decreto 35.228, de 8 de Dezembro de 1945 passou a exigir a inclusão de consoantes mudas em um pequeno número de palavras em que não eram pronunciadas em Portugal, mas o eram no Brasil, quer geral, quer restritamente (caracteres, cacto, tecto).
Zeca escreveu sempre "TETO" e nunca "TECTO" neste poema mas, no entanto, nas edições de "Cantares de José Afonso", "Cantar de Novo" e "José Afonso Textos e Canções", os autores retificaram e colocaram a consoante muda "C" onde ela não existia.
Mudam-se os tempos, muda-se a grafia e, em 2015 (AO de 1990 em vigência a partir de 2015), volta o TECTO a ser de novo "TETO".
O poema do Zeca atravessa o tempo e volta a estar atual (atual sem "C").
As quadras do "O Teto do Mendigo" fazem parte da canção "Tecto da Montanha" que Zeca gravou no seu álbum 'Cantares do andarilho' (1968).
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Num lugar ermo
Só no meu abrigo
Aí terei meu teto
E meu postigo
De longe em longe
À luz das madrugadas
Duas camisas
Quem não tem lavadas?
Aí serei meu dono
E companheiro
Dizei amigos
Se não sou solteiro
E se eu morrer
O teto que não caia
Porque um mendigo
Dorme de atalaia
De quando em quando
Chamo o perdigueiro
Dizei amigos
Quem chega primeiro
Aí terei meu poiso
À luz da veia
Aí verei o sol
Duma janela
Tenho uma trompa
Tenho uma cascata
Tenho uma estrela
No bairro da lata
Olha o mar alto
Olha a maresia
Olha a montanha
Vem rompendo o dia
canta aqui
Jose Afonso - tecto na montanha
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http://tributozecaafonso.blogspot.com.br/2015/07/o-teto-do-mendigo.html
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