Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


12-11-2005

Projeto Terças Poéticas Homenagem a Bueno de Rivera


Adriano Menezes e sua Via Expressa
Homenagem a Bueno de Rivera em Leitura ao DuploJosé Aloise Bahia *

 


                                    Esculturas em Madeira, Roberto Rangel, Brasil, 2005

O projeto de leitura, vivência e memória de poesia Terças Poéticas, parceria da Fundação Clóvis Salgado e Suplemento Literário de Minas Gerais, apoios culturais da Rádio Inconfidência e Rede Minas de Televisão, está de volta e recebe na próxima terça-feira, dia 22 de novembro de 2005, às 18h30, nos jardins internos do Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, entrada franca, Adriano Menezes e sua Via Expressa, e homenageia Bueno de Rivera em Leitura ao Duplo nas vozes de Milton César Pontes e Wilmar Silva.

Adriano Menezes nasceu em São Vicente de Minas, Minas Gerais, em 1º de março de 1965. Vive em Belo Horizonte. Poeta e contista, autor dos livros de poesia Dois Corpos (Editora Etfop, 1999), parceria com Mário Alex Rosa, edição numerada e assinada pelos autores, Os Dias (Editora Scriptum, 2004) e a plaquete Via Expressa, pequena edição limitada, 2005, composto e impresso por Fernanda Moraes e Mário Alex Rosa, matéria-prima para a sua voz e suas nuances. Adriano Menezes tem  poemas publicados em jornais, revistas, sites de literatura da internet brasileira e participa da antologia O Achamento de Portugal (anomelivros, 2005).      

O Terças Poéticas homenageia Bueno de Rivera em Leitura ao Duplo, nas vozes de Milton César Pontes e Wilmar Silva, com poemas extraídos da antologia Melhores Poemas de Bueno de Rivera, organizada por Affonso Romano de Sant`Anna (Global Editora, 2003). Uma seleção de seus livros Mundo Submerso (1944), Luz do Pântano (1948), Pasto de Pedra e poemas inéditos. Bueno de Rivera nasceu em Santo Antônio do Monte, Minas Gerais, no dia três de abril de 1911, e morreu em Belo Horizonte, em 25 de junho de 1982. Considerado pela crítica literária  um dos melhores poetas da Geração 45, que renovou a poesia brasileira, ao lado de João Cabral de Melo Neto e Ledo Ivo. Para Otto Lara Rezende: “Limpa de artificialismo, a poesia essencialista de Bueno de Rivera corre livre e pura como um consolo”. E Sérgio Buarque de Holanda complementa: “É certamente uma das figuras mais extraordinárias de sua geração”.

A próxima terça poética, dia 29 de novembro de 2005, receberá o poeta Rogério Salgado e homenagem a Donizeti Rosa, um poeta cigano, nascido em Ibiá, MG, que viveu um período de sua vida em Bambuí, MG.

 

NOTURNO - Adriano Menezes (Os Dias, Editora Scriptum, 2004)

é sábado e fora
da minha boca
a tua boca
habita o mundo
é sábado lá fora

foram pisar
o mundo pretendido
por dentro da noite
firmá-lo no corpo

aponto passagens
na estrutura de fumaça
acerca da língua
fenda de teus lábios

moldura e porta
lados do espasmo
a forjar a neutralidade
da taramela

que reúne as madeiras
e tranca o grito em casa

 

CANTO DO AFOGADO - Bueno de Rivera (Melhores Poemas, Editora Global, 2003)

O que fui, as águas não devolvem.
No sumidouro me perdi.

Os amigos procuram um corpo entre as sarças.
Trazem roupas de banho, redes novas,
Escafandros no bolso. Eles não sabem
que o afogado sonha entre as anêmonas.

O pássaro entende os caminhos do mar,
o galo da manhã conhece a estrela,
mas vós, amigos, ignorais a face
imóvel sob as águas.

Ó cordeiros da infância,
no olho do peixe está a origem.

 

* José Aloise Bahia (Belo Horizonte/MG). Jornalista, escritor, ensaísta, pesquisador e colecionador de artes plásticas.

Autor de Pavios Curtos (anomelivros, 2004) e Em Linha Direta (no prelo).  josealoise@aol.com