14-03-2015Homenagem as Vitimas da Intemperie do Lobito + Dedicatorias as Mulheres Manuel de SousaManuel J.F.D. De Sousa,Luanda, compartilhou Março 14 , 2015
1. Corações Pintados De Grafiti
Corações pintados nas paredes com sprays Sangram com o castanho vertido pela natureza verde Choram lágrimas transparentes arruinadas pela lama Há muita perdição em cada gota caída ao chão Ninguém jamais beberá o leite vertido inadvertidamente Tudo fica sarapintado e manchado de maus instintos Uns olham para cima e outros para o abismo sem fundo Muitos reviram-se sem descanso na cama feita de pregos
Corações já não sabem nem amar e só odeiam Comem-se uns aos outros como canibais sem dó Evitam-se ambos mesmo quando frente-a-frente Afiam os vidros partidos dos espelhos do egocentrismo Atiram-se como feras aos restos que caiem ao solo Não deixam que as plantas sonhem sequer com o adubo Varrem até as cinzas mais pequenas para debaixo do tapete Chutam para longe os desejos alheios de quem pensa vêr Acumulam a riqueza feita de pedaços esfrangalhados de outrem
Corações perdidos na confusão caótica da selva de betão Ninguém sente o pó ácido e o lixo feito de momentos no ar Artistas pintam com os pés as pegadas petrificadas do futuro Só assume compromissos quem é mudo e tem a língua empapada Procura-se a perfeição por todo o lado e nada se encontra Floresta de gente perdida busca isso mesmo nas sombras Confunde-se a ignorância das trevas com o saber de sábios apagados A teimosia assume o papel da mestria e pretende ser iluminada Portas e janelas abrem-se escancaradas mesmo assim para abraçar todos
Escrito em Luanda, Angola, a 14 de Marco de 2015, em profundo Pesar e sentida Homenagem a todos aqueles, entre crianças e adultos, que pereceram no trágico desastre do Lobito, Província de Benguela, a Sul do Litoral de Angola, esta ultima Quarta-Feira, dia 11 de Marco, causada por chuvas torrenciais…
2.
Buquê De Rosas De Luz
Rosas na mão… No chão… No olhar … No mar… No coração… No pensamento…
Dedicatórias nas árvores Feitas com pena Escritas numa cena Gravadas à faca Esculpidas a cinzel Rascunhadas aleatoriamente
Jardins suspensos Semeados por entre paredes Plantados sem nexo Dependurados do céu Exalando perfumes imaginários Pingando de vida miraculosa
Montanhas sagradas Escadarias sem fim Subidas ingremes Desejos sonhados Glorias conquistadas Paisagens multicoloridas
Altar interior Orações silentes Palavras em surdina Verbo esvoaçando ao vento Magia de som vibrante Profusão de amor pulsante…
Escrito em Luanda, Angola, ainda no Mês de Março, dia 13 de 2015, em Honra a todas as Mulheres, Mães, Marias de todas as Espécies Animais e da Flora…, por Manuel de Sousa…
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