01-04-2007 Religiões Afro Brasileiras II Nádia S Chaia
Esta a 2 ª parte do estudo de Nádia sobre as religiões afro-brasileiras.
Em Angola – Cangundu – Espírito de branco ordinário ( Segundo Aurélio – 3. inferior, de má qualidade; 4. de baixa condição, baixo, grosseiro, mal-educado)
No Brasil – Falange de “Malandros” – Espíritos em geral de brancos ou mulatos que, em vida, eram jogadores de baralho, sambistas (na época em que eram perseguidos pela polícia), capoeiristas, bicheiros, boêmios, etc. Apresentam-se com denominações as mais diversas, tais como: Carioquinha, João Malandro, Zé Pelintra (são vários os Zés, o da Estrada, da Ladeira, depende do caminho por onde venha) e muitos outros. Há uma cantiga de malandros que bem mostra como são, diz assim:
“Quando desço a ladeira de manhã, a “nega” pensa que vou trabalhar. Eu levo meu baralho no bolso, Meu cachecol no pescoço E vou pra “Barão de Mauá”.
Trabalhar, trabalhar, Trabalhar pra que? Se eu trabalhar Eu vou morrer”.
Obs: A “ladeira” referida é a do bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Diz a lenda que Zé viveu lá. “nega” – maneira carinhosa de se referir à companheira, expressão muito usual no Brasil. “Barão de Mauá” – nome de uma praça no cais do porto, Rio de Janeiro, local muito freqüentado por prostitutas, jogadores e rufiões.
Em Angola – Sereia – Espírito da água, não fala.
No Brasil – Falange dos espíritos das águas doces ou salgadas, não falam, soltam de quando em quando um som nasalado que faz lembrar um choro meio que abafado.
Em Angola – Diculo – espírito que, na vida terrena, atingiu idade avançada.
No Brasil – Pretos- velhos – podem ser femininos ou masculinos. São espíritos de antigos escravos que aqui viveram; carinhosos no falar, são bons conselheiros e rezadores; apresentam-se sob diversos nomes, tais como: Pai Malaquias, Vovó Joana, Vovó Maria Redonda, Vovó Cambinda, Pai José de Angola, Pai Miguel de Angola, Pai Arruda, Pai Joaquim d’Angola, Vovó Maria Baiana, Vovó Benedita, etc. Anchegar, em geral, saúdam os presentes com a exclamação: “louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, em alusão à conversão a que foram submetidos quando escravos. São excelentes contadores de histórias. Fazem, também, em seus pontos típicos (todos os cânticos rituais da Umbanda são chamados de “pontos”), muitas referências a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santo Antônio de Lisboa e ao Senhor do Bonfim uma vez que, ainda escravos, fundaram ordens religiosas que freqüentavam e onde “praticavam o catolicismo” ou, pelo menos, era essa a idéia que queriam passar, pois nessas ordens é que as contribuições eram arrecadadas e juntas para a compra de cartas de alforria. Há um ponto, cujo ritmo faz lembrar um lamento, que diz assim:
“Meu Deus do céu Que dia é hoje? Nossa Senhora do Rosário... Mas ai meu Deus Que dia é hoje? Nossa Senhora do Rosário...”
Retirado do grupo de diálogos : br.groups.yahoo.com/group/dialogos_lusofonos/
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