24-07-2015Museu da Língua Portuguesa exibe a Poesia Agora
Mostra temporária tem o cenário poético atual como protagonista e incentiva o público a fazer parte dele; versos de quase 500 poetas estão na exibição que abre as portas no dia 23 de junho
O Museu da Língua Portuguesa, Instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, que já foi palco de exposições de nomes consagrados da Literatura, como Clarice Lispector, Machado de Assis e Guimarães Rosa, abre suas portas para receber quase 500 poetas. De autores célebres aos ainda não publicados, eles estarão na Exposição Poesia Agora, que será inaugurada oficialmente no dia 22 de junho – com abertura ao público no dia seguinte.
“É a primeira vez que abrimos espaço para autores talentosos e geniais, mas ainda não consagrados. Assim, o Museu se aproxima de uma produção poética e literária contemporânea, produzida pelas ruas das cidades, onde a nossa língua evolui e se transforma”, afirma Antonio Carlos Sartini, Diretor do Museu da Língua Portuguesa.
Com patrocínio dos Correios, realização da Secretaria de Estado da Cultura e do IDBrasil Cultura, Educação e Esporte, que administra o Museu da Língua Portuguesa, Poesia Agora tem curadoria do escritor e editor literário Lucas Viriato, coordenação artística de Domingos Guimaraens e Yassu Noguchi, e cenografia assinada por André Cortez.
"É muito significativo que o Museu da Língua Portuguesa abra uma exposição voltada à produção contemporânea. Com sua abordagem sempre voltada a promover novas experiências e vivências aos visitantes, o Museu tem o potencial de cativar o público para a poesia da atualidade, aproximando-o da linguagem e dos novos autores de uma forma única", afirma o secretário de Estado da Cultura, Marcelo Mattos Araujo.
Poesia Agora
A ideia da exposição vem de longe - nasceu há aproximadamente três anos. “Foi quando conhecemos o jornal Plástico Bolha, editado pelo Lucas Viriato. Pareceu-nos extremamente interessante trazer para dentro do Museu essa produção contemporânea e extremamente viva”, conta Sartini, diretor do Museu. “Dessa vez, a proposta é uma interatividade menos tecnológica e mais poética, inaugurando, assim, um novo discurso expositivo no Museu”.
Lucas Viriato, curador da mostra, conta que a exposição tem dois focos principais: um é mostrar o que está sendo feito em termos de poesia, ou seja, mostrar quem está produzindo “Poesia Agora”; o outro é instigar o público a elaborar seus versos e entrar nesse mundo.
Interação
A participação do público acontece em diversos momentos, desde a primeira sala, onde estão as Escadas da Poesia. Lá, os poemas estão em lâmpadas, e é a presença do visitante que acende a luz que ilumina os versos.
Na Sala de Leitura/Escrita, o envolvimento evolui para a autoria. 150 livros com diferentes palavras em suas lombadas convidam as pessoas a montarem seus poemas, reordenando esses livros. E a interação aumenta ao abrir esses livros, cada um com quatro poemas e diversas páginas em branco, para os espectadores colocarem seus versos.
Na mesma sala, estão os desafios poéticos. O visitante é convidado a escrever um poema sem utilizar uma das vogais, e pode depositá-lo em uma urna. A equipe de curadoria escolherá os melhores, que serão impressos em formato lambe-lambe e colados na parede da Sala Principal da mostra. “A ideia, que casa com o conceito do Museu da Língua, é subverter o conceito de que museu guarda somente coisas antigas e consagradas. O próprio visitante, o novo poeta, pode ter seu poema na exposição”, explica o curador da mostra.
Ainda no espaço principal, estão um palco que receberá apresentação semanais, aos sábados, inclusive com participação do público, cones exibindo conteúdos poéticos em áudio e vídeo (um deles é um megafone à disposição de quem quiser declamar ou se expressar, e pranchetas com poemas que precisam ser acesos pelo leitor.
Por fim, o último espaço tem a Parede dos Destaques, onde, em meio a tijolos, imagens captadas pelas ruas de São Paulo e outras cidades exibem formas diversas de expressão poéticas, como grafites, cartazes, escritas, entre outras. Nesse espaço, o público é convidado a participar mandando sua imagem de poesia das ruas por e-mail.
“São quase quinhentos poetas de todo o Brasil, e do exterior, de todos os sexos e idades, espalhados pelas salas e espaços, iluminando mundos, fazendo sentir e pensar”, conta Lucas.
Para chegar a esse time eclético de poesia, os curadores da exposição pesquisaram, durante mais de três anos, sobre as iniciativas de poesia nos quatro cantos do país e também fora do Brasil. “O critério era que o autor estivesse envolvido com atividades poéticas, sejam em movimentos literários, saraus, lançando livros, de São Paulo e Rio de Janeiro, ao Rio Grande do Sul e Rondônia, ou mesmo fora daqui”.
Conseguir contato com o poeta, conhecer seu trabalho e ter sua autorização para expor sua poesia também foram quesitos para participação. “Buscamos tratar todos em sua individualidade, respeitando sua obra e trajetória”, afirma Lucas.
Além da exibição dos versos e obras por toda a exposição, desde a entrada do Museu (o visitante recebe um exemplar do Plástico Bolha e se depara com os primeiros poemas já no elevador), os autores também ganharão destaque na programação semanal no palco da Sala Principal.
Cenografia
A exposição tem como cores predominantes o preto e o branco, aludindo ao jornal Plástico Bolha. A intenção é focar completamente na poesia, seus autores e na produção de versos pretendida junto público.
Para quebrar essa predominância, portais de cor, seguindo a escala CYMG (Cian/Azul, Yellow/Amarelo, Magenta e Gray/Cinza), separam as salas. “É um choque de cor, com locução de versos com essas palavras”, conta o cenógrafo André Cortez.
A cenografia traz ainda outros elementos fazendo a junção entre a poesia e os objetos da rua, como o palco de papel na sala principal e as escadas de poesia com luzes.
http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/noticias_interna.php?id_noticia=457 |