23-02-2016 A circulação do Direito na Europa Medieval: manuscritos jurídicos europeus em bibliotecas portuguesas
EXPOSIÇÃO | 26 fev. '16 | 18h30 | Museu do Livro | Entrada livre / até 31 maio
A inclusão de Portugal no espaço cultural europeu durante a Idade Média evidencia-se também pelos manuscritos jurídicos iluminados, conservados nas bibliotecas e arquivos portugueses. Na realidade, esses manuscritos integram o conjunto de testemunhos materiais de uma identidade comum – escrita, jurídica, intelectual, artística – e comprovam o diálogo de Portugal com o resto da Europa, especialmente com o sul de França, os restantes reinos peninsulares e da península itálica. Estes manuscritos revelam igualmente a abertura cultural de Portugal, desde a Idade Média, e demonstram a inserção do país nas dinâmicas sociais e culturais da Europa da época.
Importa ainda esclarecer as vias pelas quais certos manuscritos jurídicos estrangeiros chegaram a Portugal, mas não é surpresa a presença de manuscritos jurídicos franceses, especialmente franco-meridionais, entre nós. De facto, o aparecimento das universidades, designadamente a partir do século XIII e o seu desenvolvimento nos séculos posteriores, facilitou a chegada de estudantes e de mestres portugueses às universidades europeias, tais como o médico e bispo Afonso Dinis e os mestres franciscanos Álvaro Pais e Gonçalo Hispano à Universidade de Paris, o mestre João de Deus, no século XIII, à Universidade de Bolonha, e, ainda mais tarde, de vários outros às Universidades de Oxford, Salamanca, Montpellier e Toulouse.
Os diferentes fenómenos ligados à mobilidade universitária – circulação de estudantes, de mestres, de iluminadores e de copistas, transporte de manuscritos – não foram as únicas razões para a existência de manuscritos estrangeiros em Portugal. Também a presença, entre os séculos XIII e XIV, de franceses em Portugal, especialmente de eclesiásticos originários do sul de França, esteve na origem da chegada de manuscritos estrangeiros.
Graças a este conjunto de fenómenos, o território europeu converteu-se, entre os séculos XIII e XIV, em terreno prolífico para a troca de ideias e materiais onde experiências culturais e artísticas diferentes encontraram terreno para se confrontarem e se assemelharem.
Esta exposição é a primeira mostra de manuscritos jurídicos iluminados ocorrida em Portugal. Trata-se de uma iniciativa do Instituto de Estudos Medievais (IEM) e da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em parceria com a Biblioteca Pública de Évora, a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, a Biblioteca Pública Municipal do Porto, a Biblioteca Municipal de Elvas, o Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, o Museu Nacional de Arqueologia, a Biblioteca Municipal de Avinhão, a Biblioteca Municipal, os Arquivos Municipais de Toulouse e a Biblioteca Comunale degli Intronati de Siena.
A investigação que suporta esta exposição deriva do projeto de pós-doutoramento de Maria Alessandra Bilotta, financiado pela FCT (ref.ª: SFRH/BPD/74298/2010), que pretende salientar os laços artístico-culturais de Portugal com o resto da Europa, com particular destaque para os manuscritos das regiões meridionais (Península Ibérica, sul de França e Península Itálica). Em paralelo, entre 25 e 27 de fevereiro de 2016, decorrerá um colóquio internacional.
Comissária geral e coordenadora científica:
Maria Alessandra Bilotta (IEM/FCSH-UNL)
Comissários:
Francisco Díaz (IEM/FCSH-UNL)
Mário Farelo (IEM/FCSH-UNL)
Cabeçalho: Museu Calouste Gulbenkian, M36A (pormenor); fotografia de Catarina Gomes Ferreira
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