Canonização do P.e José Vaz (1651-1711), evangelizador de Ceilão
NOTÍCIA | 14 de janeiro
O Papa vai presidir, a 14 de janeiro de 2015, no Sri Lanka, à cerimónia de canonização do padre português José Vaz, nascido em Goa em 1651. O padre José Vaz foi beatificado, em 1995, por João Paulo II, aquando de uma visita do Papa ao Sri Lanka. É o primeiro santo de origem goesa.
A Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) assinala o evento com uma mostra bibliográfica composta por diversas biografias do padre José Vaz e por uma cópia da Chronologia da Congregação do Oratório de Goa, do padre Sebastião do Rego – autor da mais completa biografia do novo santo português –, um manuscrito do século XVIII, da Biblioteca Pública de Évora.
Nascido em Benaulim (Goa), de pais com ascendência brâmane, aprende as primeiras letras e Latim em Benaulim, frequentando primeiro Humanidades na Universidade de Goa e depois Filosofia e Teologia no Colégio Académico de S. Tomás. Em 1676, em Goa, é ordenado sacerdote, aí começando a exercer o seu ministério. Dada a notoriedade que desde cedo granjeou, era frequentemente escolhido como diretor espiritual, chegando a ser confessor do governador de Goa, D. Rodrigo da Costa.
Em 1681, é nomeado vigário da Vara e superior das Missões de Canará, onde, até 1685, desenvolve intensa atividade apostólica, construindo igrejas e instituindo eremitérios. É então que tem conhecimento da difícil situação da Igreja em Ceilão, onde os padres católicos eram perseguidos pelos holandeses. Começa aí a germinar a ideia de evangelizar Ceilão e chega mesmo, dada a dificuldade de entrar na ilha, a propor ser vendido como escravo.
Em 1684, retorna a Goa onde retoma o seu apostolado. Funda, então, a Congregação do Oratório de S. Filipe Néri, da qual é eleito Prepósito. Não abandonara a ideia de rumar a Ceilão e em 1686 resigna ao cargo de Prepósito da Congregação que fundara e parte para aquela ilha, levando apenas um breviário e o indispensável para a celebração dos ritos católicos. Veste-se como escravo e mendiga o que comia. Foi, aliás, sob o pretexto de ter de mendigar para viver que consegue embarcar. Já em Ceilão, devido ao seu aspeto andrajoso, é alvo de escárnio e maus tratos, mas nunca desiste de procurar os católicos remanescentes, aos quais ministrava os sacramentos nas suas próprias casas.
Vem a falecer em 1711, pedindo, nos seus últimos momentos, que o deixassem morrer sobre a terra nua.
Deixou em Ceilão igrejas, hospitais e uma importante comunidade católica que nas décadas seguintes continuou o seu trabalho evangelizador. Deixa também trabalhos escritos em tâmil, publicados sob pseudónimo. Sabe-se que compôs um vocabulário da língua cingalesa, que serviu aos missionários que lhe sucederam, e que traduziu o Evangelho para as línguas tâmil e cingalesa.
Em vida e depois da sua morte, são atribuídos à sua intercessão numerosos milagres, sendo ainda hoje nos locais do seu apostolado recordada a sua aura de santidade.
Conhecido como o Apóstolo do Sri Lanka, está para Goa, Canará e Ceilão como S. Francisco Xavier para o Oriente, sendo alvo de particular devoção dos católicos goeses. À data da sua morte estima-se que existissem 55 mil católicos em Ceilão. O Sri Lanka tem atualmente cerca de um milhão e meio de católicos, correspondentes a cerca de 7% da população do país.
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