Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


24-11-2015

1975 O ano que terminou em novembro António Luís Marinho, Mário Carneiro


“1975 – o ano que terminou em Novembro”, de António Luís Marinho e Mário Carneiro, Temas & Debates/Círculo de Leitores, 548 páginas, €19,80

“1975 – o ano que terminou em Novembro”, de António Luís Marinho e Mário Carneiro, Temas & Debates/Círculo de Leitores, 548 páginas

 

1975: O ano de todos os perigos em Portugal.- Revelações dos arquivos de Kissinger!! - Texto inédito do general Ramalho Eanes - Frases e acontecimentos para a História «O voto do Povo Português não vai ser exercido contra a liberdade; tem de ser exercido pela liberdade. Nós não vamos perder, por via eleitoral, aquilo que tanto tem custado aos Portugueses.» Vasco Gonçalves «Tão bom socialista é aquele que vai à Missa como aquele que não vai.»Mário Soares, em campanha «E digo-lhe mais: em Portugal, doravante, não existirá qualquer hipótese para a instauração de uma democracia como as que se conhecem na Europa Ocidental. Nunca mais!»Álvaro Cunhal, entrevista a Oriana Fallaci «É tarefa de génios gizar uma Constituição Revolucionária tão avançada que não seja ultrapassada [...] tão justa que seja digna dos trabalhadores de Portugal.» Costa Gomes, na abertura dos trabalhos da Constituinte «Povo que somos, choramos lágrimas de felicidade e verdade revolucionária. Felizes como estamos, garantimos a vitória do poder popular. Viva a aliança Povo-MFA! Pela revolução até ao fim!» Telegrama enviado às redações pelos trabalhadores de escritório do distrito de Setúbal

UMA OBRA JORNALÍSTICA

Organizado por meses e prefaciado – em 29 páginas, com detalhe e profusão de referências – pelo então tenente-coronel António Ramalho Eanes, um dos atores principais do enredo da vida real que foi 1975 (e, por essa via, primeiro Presidente da República democraticamente eleito), o livro destina-se ao público em geral, não exigindo enorme conhecimento prévio da história da Revolução dos Cravos e do que se lhe seguiu. Segue o estilo do antecessor “1974 – o ano que começou em Abril”, publicado no ano passado e dedicado ao ano do golpe dos capitães.

Da lavra de jornalistas, “1975 – o ano que terminou em Novembro” guarda o tom do ofício dos seus autores. Em prosa direta e factual, passa em revista os acontecimentos políticos mas também outros aspetos que ajudam a compreender como era a vida portuguesa naquele tempo. A apoiar o texto há inúmeros recortes de jornais e revistas (com o Expresso, o “Diário de Notícias” e a “Flama” como fontes privilegiadas), fotografias e frases que fizeram época, como aquela em que Álvaro Cunhal garante à jornalista italiana Oriana Falacci que nunca haverá em Portugal uma democracia como as europeias.

Marinho e Carneiro recorreram, ainda, a relatórios desclassificados dos serviços secretos norte-americanos (CIA) e aos arquivos do então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger. Convém não esquecer que o nosso país foi preocupação para e palco de intervenções e conspirações várias por parte das superpotências em conflito na Guerra Fria.

Figuras como Mário Soares, Álvaro Cunhal, Sá Carneiro, Melo Antunes, Vasco Gonçalves, Salgado Zenha ou Otelo Saraiva de Carvalho desfilam pelas páginas desta obra, a par com siglas, símbolos e instituições dos quais alguns desapareceram (AOC, FEC(m-l), UDP, FSP, Conselho da Revolução) e outras permanecem (PS, PPD, CDS, PCP, mas também PCTP/MRPP). Para lá das semelhanças e diferenças (mais estas do que aquelas, em todo o caso), e também por causa de umas e outras, também estão em 1975 algumas das sementes do que é este fim de 2015.(http://www.rtp.pt/noticias/pais/apresentado-em-lisboa-o-livro-1975-o-ano-que-terminou-em-novembro_a869309)

 

 

http://expresso.sapo.pt/cultura/2015-11-22-Ha-40-anos-em-novembro