22-07-2019Arqueologia da memória-A presença judaica no AlgarveArqueologia da memória-A presença judaica no AlgarveO Turismo do Algarve integrou recentemente a Rede de Judiarias de Portugal, projeto que visa a defesa do património urbanístico, arquitetónico, ambiental, histórico e cultural, relacionado com a herança judaica.
localidades da região abrigaram comunidades de judeus, a grande maioria mercadores, que chegaram na época dos Descobrimentos Marítimos Portugueses. portuguesas rumo à costa africana. Atraiu então tantos mercadores judeus que, não cabendo no bairro original, pediram autorização ao infante D. Henrique para se instalarem nas zonas cristãs, tendo esse privilégio sido concedido e reconfirmado mais tarde no reinado de D. Afonso V (1438-1481). O conflito entre as duas comunidades determinaria a demarcação de uma “judiaria nova” em 1481, já no reinado de D. João II. No entanto, o terramoto de 1755 destruiu parte da cidade, tendo, consequentemente, feito desaparecer os vestígios desta presença. ter sido o berço da imprensa em Portugal, com a edição, em 1487, por Samuel Gacon, do Pentateuco em hebraico. O édito de expulsão dos judeus, em 1496, levou ao declínio da judiaria e só no século XIX voltou a fixar-se em Faro uma próspera comunidade de judeus vindos de Gibraltar e de Marrocos e que contribuíram para o crescimento do comércio local. Cerca de 1830, esta comunidade edificou duas Sinagogas, de que já não existem vestígios, e um cemitério. Este cemitério judaico foi abandonado aquando do desaparecimento da comunidade por motivos de migração dos jovens e morte dos idosos. Nos anos 80 é promovida a inventariação das suas lápides, acabando por ser restaurado em 1993. Em 2003 é renomeado passando a designar-se Centro Histórico Judaico de Faro. Para além deste cemitério, Faro detém ainda alguns sinais da prosperidade judaica do século XIX: o edifício onde hoje está instalado o Colégio Algarve (rua Filipe Alistão), por exemplo, foi residência de Abraão Amram.
Porta principal do Cemitério Israelita de Faro e Museu
Na cidade de Tavira também existiu uma importante judiaria localizada na antiga cerca do Convento da Graça, anteriormente Mosteiro de Santo Agostinho e hoje em dia transformado em pousada da Enatur. No local existiu igualmente uma sinagoga, transformada em 1542 na Igreja de Nossa Senhora da Graça.
Sabe-se que também houve judiarias noutras localidades do Algarve: Alcoutim, Alvor, Loulé, Portimão, Silves e Castro Marim. Ligada à presença judaica no Algarve também não serão alheios certos topónimos da região: Sinagoga, Adro dos Judeus, Vale Judeu…
A presença judaica no AlgarveA presença judaica no Algarve
Portas chanfradas, associadas por certos autores, ao tipo de habitação ocupada por judeus. Foto gentilmente cedida pela Fototeca Municipal de Loulé. |