05-04-2015Orgulho e preconceito entre duas literaturas:Brasil e PortugalO convívio entre as literaturas portuguesa e brasileira não é pacífico. Há fascínio e desconhecimento, folclore e preconceito, arrogância e admiração. Nos últimos anos, portugueses passam e fixam-se em território brasileiro e transportam essa paisagem para a sua escrita. Acontece com brasileiros, mas menos. Como se dá o contágio? Quem escreve e quem lê traça um retrato onde a língua é elo e barreira, mas sempre vista como impermeável acordos diplomático. Viva, dinâmica, com muitos sotaques. Eles estão neste texto que fala com o português dos dois lados do Atlântico.
Cheirava a castanhas, mas já estava calor e havia flores nas árvores. Devia ser Maio. O brasileiro Luiz Ruffato não lembra de cor a data em que se hospedou por um mês num hotel no centro de Lisboa, fora dos circuitos turísticos. Todas as manhãs apanhava transportes públicos para a periferia e regressava à noite. “Seguia para os bairros onde estavam os brasileiros que foram para Portugal, para empregos pouco qualificados.” Ruffato fora um dos seleccionados para participar no projecto Amores Expressos que financiou viagens de escritores a várias cidades do mundo para escreverem romances sobre o amor, mas o seu projecto era mais alargado: entender melhor o curso da emigração brasileira que tinha três grandes destinos: EUA, Japão e Portugal. A sua personagem, Sérgio – natural de Cataguases, Minas Gerais, como o escritor – iria para Portugal por uma questão de língua e de geografia. Seria o protagonista de Estive em Lisboa e Lembrei de Você (Companhia das Letras) publicado no Brasil em 2009, e um ano depois em Portugal com o título Estive em Lisboa e Lembrei-me de Ti (Quetzal).
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