Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


21-09-2015

Livro retrata sociedade pernambucana entre 1840 e 1920


 

 

Elite social dos séculos 19 e 20 são retratadas no livro. Foto: Editora Massangana/Reprodução  
Elite social dos séculos 19 e 20 são retratadas no livro. Foto: Editora Massangana/Reprodução


Senhores e senhoras de engenho, casais bem vestidos, com seus filhos ou escravos, compondo um painel que reflete a elite social de parte dos séculos 19 e 20, especialmente em Pernambuco. Este é o panorama geral da Coleção Francisco Rodrigues, que tem mais de 15 mil imagens e está, atualmente, em posse da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Um recorte desse acervo é lançado como livro nesta quara-feira (19), em pleno Dia da Fotografia, pela Editora Massangana, da própria Fundaj, com o título O retrato e o tempo – Coleção Francisco Rodrigues (1840-1920), por R$ 120.

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Além das fotografias, o livro apresenta oito artigos que trazem os mais diversos olhares sobre uma coleção cujos retratos exibem algumas das famílias pernambucanas mais ricas da época. Nas páginas, discussões sobre classes sociais, a conservação de acervos fotográficos, o mercado fotográfico em Pernambuco nessa época, os aspectos técnicos da imagem e o colecionismo de fotografia. “No começo, um retrato era algo muito caro, um motivo de orgulho, algo que se mostrava às visitas como símbolo de posse. Com a popularização da fotografia em papel, a classe média também passa a se ver retratada. A intenção dessas pessoas era fixar uma imagem e transmiti-la para o futuro”, analisa.

Um dos exemplos de como as condições sociais influenciaram nos fotografados é a presença dos filhos da elite com suas amas de leite. As poses, a posição das mulheres nas fotos, os ornamentos dos estúdios e, por fim o aparecimento de imagens mais despojadas, ao ar livre e com o surgimento da classe média, também fazem parte do livro. “Vemos a importância de preservar a memória. É preciso lembrar também das pessoas desta época que não estão nas imagens”.


Projeto

sobre a coleção
A coleção foi iniciada por Francisco Rodrigues em 1927 e compreende o auge da fotografia profissional no Brasil. O Museu do Açúcar a adquiriu logo na sua abertura, em 1960, e depois de extinto, em 1977, as imagens foram incorporadas ao então Instituto Joaquim Nabuco.


 


Domínio público
Cerca de cinco mil imagens do acervo estão disponíveis no site www.dominiopublico.gov.br,
do Ministério da Educação,
ao qual a Fundação Joaquim Nabuco é ligada.

Fotografia no estado
Para lidar com a nova tecnologia que permitia a retenção da imagem, era necessária mão-de-obra especializada, que veio com os fotógrafos estrangeiros. No verso ou na parte de baixo das fotografias, era possível ler  nomes como Louis Pierecki, o alemão Alberto Henschel e o francês A. Ducasble.

Melhorias técnicas
A coleção traz desde imagens feitas a partir de daguerreótipos, nos primórdios da fotografia, até retratos feitos em cartes de visite, de 5cm por 9cm. Eles surgiram a partir da popularização dos negativos em filme, que permitiam a produção de cópias. Em seguida, na década de 1860, surgiram as carte cabinet, de 10cm por 15cm, que compõem a maior parte da Coleção Francisco Rodrigues.

 

http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2015/08/19/internas_viver,593166/no-dia-da-fotografia-livro-com-recortes-da-familia-pernambucana-e-brasileira-e-lancado.shtml