09-08-2014O PAI SOB A PARREIRA por Jorge Alberto NabutO PAI SOB A PARREIRA TALVEZ mais que a comida saída do forno e da trempe, não fosse o pão (comida sagrada), seriam as frutas o alimento mais desejado pelos árabes. Os imigrantes tinham parreira em casa e na minha, plantada por meu pai, que sob ela adivinhava os cachos que brotariam após a devassadora e obrigatória poda na lua nova de julho/agosto. Hoje, enquanto as parreiras vão se encolhendo, quase mirrando sob o efeito da afiada tesoura, as jabuticabeiras, ainda sob o efeito animador das chuvas que caíram há 15 dias, são tomadas pelo efeito de neve da floração que lhes cobre tronco, membros e grimpas, exalando um perfume que “avoa” dos quintais e alcança ruas e praças. Até outubro, as jabuticabas estarão a ponto de estourar na boca. As uvas, cacheadas, hão de aguardar o Natal. Meu pai já não está mais sob as parras a refletir o céu nos seus olhos azuis, mas o manejo da poda das ramas e o zumbido das abelhas polinizando as flores evocam prazerosa vida passada, com reflexos no presente, ao sentir a natureza programando as melhores colheitas nos quintais de nossas existências. Feliz Dia dos Pais para todos! *presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro,jornalista,historiador,escritor e que recentemente lançou o livro “Corredor dos Boiadeiros" https://www.facebook.com/jorgealberto.nabut?hc_location=timeline |