Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


09-08-2014

O PAI SOB A PARREIRA por Jorge Alberto Nabut


O PAI SOB A PARREIRA

TALVEZ mais que a comida saída do forno e da trempe, não fosse o pão (comida sagrada), seriam as frutas o alimento mais desejado pelos árabes. Os imigrantes tinham parreira em casa e na minha, plantada por meu pai, que sob ela adivinhava os cachos que brotariam após a devassadora e obrigatória poda na lua nova de julho/agosto. 
Hoje, enquanto as parreiras vão se encolhendo, quase mirrando sob o efeito da afiada tesoura, as jabuticabeiras, ainda sob o efeito animador das chuvas que caíram há 15 dias, são tomadas pelo efeito de neve da floração que lhes cobre tronco, membros e grimpas, exalando um perfume que “avoa” dos quintais e alcança ruas e praças.
Até outubro, as jabuticabas estarão a ponto de estourar na boca. As uvas, cacheadas, hão de aguardar o Natal.
Meu pai já não está mais sob as parras a refletir o céu nos seus olhos azuis, mas o manejo da poda das ramas e o zumbido das abelhas polinizando as flores evocam prazerosa vida passada, com reflexos no presente, ao sentir a natureza programando as melhores colheitas nos quintais de nossas existências. 
Feliz Dia dos Pais 
para todos!

*presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro,jornalista,historiador,escritor e que recentemente lançou o livro  “Corredor dos Boiadeiros"
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