28-08-2015Os Bakongo de Angola, etnicidade, religião e parentesco num bairro de Luanda- Luena N Nunes Pereira,uma brasileira com raízes angolanasTese de doutoramento resulta em livroBakongo em estudoPor André Kivuandinga
/ Foto DR Uma investigadora brasileira, mas com fortes ligações a Angola, estudou a comunidade bakongo num bairro em Luanda, no Zaire e no Uíge. As conclusões deram num livro que lançado na UAN. Luena Nascimento Nunes Pereira, doutorada em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, Brasil, realizou um estudo junto da comunidade dos bakongos, vindos dos Congos, vulgarmente chamados na época (1992) de ‘regressados’. Foram pessoas que deixaram Angola no tempo colonial e refugiaram-se nos dois Congos (Brazzaville e Kinshasa). A antropóloga deparou-se no Bairro Palanca, em Luanda, com o “fenómeno” de regressados ou langas, sentindo que estavam a ser “discriminados”, sobretudo na capital. Com o apoio de familiares residentes em Angola e de algumas organizações não-governamentais, desenvolveu um trabalho de pesquisa para o mestrado, começando pelos factores políticos, ideológicos, religiosos, os mercados informais e da discriminação de que “eram alvos”. Os factores culturais e a língua foram os que lhe mais interessaram e permitiram aprender algumas palavras em lingala, no bairro Palanca, chamado na época de ‘República do Congo em Angola’. Bakongo e política externa Além do livro sobre os Bakongo, Luena Nunes Pereira está em Luanda para apresentar o livro do pai, José Maria Nunes Pereira, como ele dizia: "um branco de alma negra",falecido em 13 de julho de 2015.
‘O paradoxo angolano – uma política externa em contexto de crise (1975-1994)’, com 450 páginas, faz uma análise de como o Governo angolano, de ideologias socialista, conseguiu conciliar com o facto do país ter uma economia consolidada na dependência do petróleo que era um produto comercializado sobretudo para o Ocidente, capitalista, dominado pelas grandes empresas francesas e norte-americanas. Perfil Luena Nascimento Nunes Pereira, filha de mãe angolana e pai brasileiro, é doutorada em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, e professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Brasil. |