Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


07-11-2014

Romance caboverdiano Chiquinho por Baltasar Lopes


Chiquinho

O livro expõe nuances da vida social na primeira metade do século XX. O autor e a obra tornaram-se símbolos de um momento de viragem na literatura caboverdiana.

O romance Chiquinho, de Baltasar Lopes da Silva, publicado em 1947, constitui um marco incontornável da moderna literatura de Cabo Verde. O livro divide-se em três partes: “Infância”, “S. Vicente” e “As águas”. Na primeira, o protagonista, Chiquinho, experimenta o novo com a descoberta das letras, ao mesmo tempo que convive com a sua família no meio rural, na casa construída pelo avô, onde nasceu, em São Nicolau.

“Como quem ouve uma melodia muito triste, recordo a casinha em que nasci, no Caleijão. O destino fez-me conhecer casas bem maiores, casas onde parece que habita constantemente o tumulto, mas nenhuma eu trocaria pela nossa morada coberta de telha francesa e emboçada de cal por fora, que meu avô construiu com dinheiro ganho de-riba da água do mar”, recorda o personagem.

Na segunda parte, Chiquinho encontra-se na ilha de S. Vicente, onde continua os seus estudos no liceu, inicia novas amizades, aguça interesses de ordem cívica e literária no Grémio e conhece o seu primeiro amor. A parte final, “As Águas”, marca o seu regresso à ilha natal e o início da sua vida adulta e profissional, tornando-se professor.

“Chiquinho virou soberbo com a prenda que foi buscar em S. Vicente…”, era o que muitos achavam e diziam do rapaz. Por sua vez, não poucas vezes, de regresso a São Nicolau, o protagonista sentia a falta dos companheiros do Grémio: “Queria era ter ali comigo Andrézinho levantando teses sobre a situação humana da minha ilha. Sorria-me ao vê-lo reagindo perante o caso de S. Nicolau, com seu gesto de cortar o ar com a mão direita.”

A seca, com a tragédia dos mortos pela fome, e a emigração são aspectos sociológicos que a obra reflecte. No fim da história, Chiquinho emigra para os Estados Unidos com a esperança de uma vida melhor, paradigma de muitos cabo-verdianos. Não queria continuar no Caleijão “sem eira nem beira”, ou terminar “vendendo petróleo e açúcar numa tasquinha”.

Na segunda parte, Chiquinho encontra-se na ilha de S. Vicente, onde continua os seus estudos no liceu, inicia novas amizades, aguça interesses de ordem cívica e literária no Grémio e conhece o seu primeiro amor. A parte final, “As Águas”, marca o seu regresso à ilha natal e o início da sua vida adulta e profissional, tornando-se professor.

“Chiquinho virou soberbo com a prenda que foi buscar em S. Vicente…”, era o que muitos achavam e diziam do rapaz. Por sua vez, não poucas vezes, de regresso a São Nicolau, o protagonista sentia a falta dos companheiros do Grémio: “Queria era ter ali comigo Andrézinho levantando teses sobre a situação humana da minha ilha. Sorria-me ao vê-lo reagindo perante o caso de S. Nicolau, com seu gesto de cortar o ar com a mão direita.”

A seca, com a tragédia dos mortos pela fome, e a emigração são aspectos sociológicos que a obra reflecte. No fim da história, Chiquinho emigra para os Estados Unidos com a esperança de uma vida melhor, paradigma de muitos cabo-verdianos. Não queria continuar no Caleijão “sem eira nem beira”, ou terminar “vendendo petróleo e açúcar numa tasquinha”.

 

Sobre o autor : 

Baltazar LopesBaltazar R Lopes (1907-1990) foi um homem de grande e multifacetado talento, sendo pedagogo, filólogo, advogado e escritor. Foi um dos fundadores da revista Claridade, iniciada em 1936 e que operou uma grande viragem na literatura cabo-verdiana.Tendo regressado a S. Vicente aceitou um lugar de professor no Liceu Gil Eanes, onde leccionou durante vários anos. Baltasar Lopes deixou uma marca indelével do seu saber e da sua personalidade em gerações e gerações de estudantes e leitores que unanimemente o elegem como um marco da literatura universal.

 

Fonte: Chiquinho e Baltasar: Marcos da literatura de Cabo Verde -