Iclas - Instituto de Culturas Lusófonas
Antonio Borges Sampaio


17-12-2004

Diálogos José Estrela Rego


"Somos missionários de ideal e de amor. Somos "FREE LANCER". A ninguém devemos contas. Só as damos à nossa consciência, e ajuizamos o que fazemos, mais pela vontade que usamos, pela decisão que nos anima, pelo progresso para as metas que criamos e que vamos sempre colocando mais longe, exigindo mais de nós. Não se olha ao caminho percorrido, às dificuldades ultrapassadas, e simplesmente ao que falta percorrer. Não se pode olhar para traz, porque isso traz-nos o cansaço. Assim, é no futuro, e no que nos é pedido pela nossa consciência que devemos fixar o nosso olhar. Os ideais é que fazem a criação do Mundo que queremos deixar melhor sempre com ajudas, mas não contemos com elas.”

(José Estrela Rego, açoriano de São Miguel, Portugal, 2000, Novembro, 06)

 

 

As palavras do saudoso amigo José E Rego são sementes que se multiplicam em frutos. Este espaço tem compromisso com a língua portuguesa.

 

O leitor amigo está convidado a participar aqui.

Escreva-nos que nós publicamos.

 

Títulos nesta edição :

Violência e controle da violência no Brasil, na África e em Goa; Galiza: quer recepção livre das Televisões e Rádios portuguesas; Trajectórias luso-brasileiras; Língua portuguesa em debate na Gulbenkian; Da Galiza veio o apelo; Um desafio do presente para preparar o futuro; Português é a sétima língua mundial e a terceira na Europa; Português é a sétima língua mundial e a terceira na Europa; Jorge Sampaio quer partidos políticos a defender língua portuguesa; Português - Língua Crioula. com; Língua e Património;
Diplomata brasileiro homenageado em Nova Iorque; Estudo sobre antepassados da imprensa na Galiza e Norte de Portugal apresentado no Porto; Livros para Timor; Vidas Lusófonas informa  

 

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"Violences et Contrôle de la violence au Brésil, en Afrique et à Goa"

Dossier coordenado por Camille Goirand

Edições Karthala, de Paris, Págs. 576

Os moçambicanos Mia Couto e João Paulo Borges Coelho são alguns dos investigadores políticos internacionais que contribuíram para o monumental volume sobre a violência que a revista "Lusotopie", do Centro Nacional de Pesquisa Científica, de Bordéus, há pouco lançou, sob o alto patrocínio de Michel Cahen, que muito se tem dedicado à história e à colonização portuguesas.

A pobreza no Recife, a economia e política de São Tomé e Príncipe, em tempos de passagem da monocultura do cacau para a exploração do petróleo, a guerra e a identidade de Angola, a ocupação da Amazónia...De tudo isto se fala, com muito saber, nesta super-publicação especializada na análise política de todos os espaços contemporâneos saídos da expansão portuguesa iniciada no século XV.

Os diferentes artigos, que abrangem a violência no Rio de Janeiro e a sua relativa ausência em Goa, são apresentados indistintamente em francês, em inglês e em português, conforme os autores os desejaram escrever. http://www.lusotopie.sciencespobordeaux.fr/.

 

 

Galiza: quer recepção livre das Televisões e Rádios portuguesas

Uma das medidas urgentes a realizar para conseguir inverter a tendência dos galegos para a castelhanização está em dispormos de meios de comunicação em galego-português, é conseguirmos a recepção livre, na Galiza, das Televisões e Rádios portuguesas.
Seria inadmissível por exemplo que na Suiça ou na Bélgica francófona não se pudessem ver e ouvir as TVs e Rádios francesas. É por isso que se faz necessário quebrarmos o isolamento mediático a que a Galiza está submetida.
Que na Galiza se possam receber sem problemas e livremente as emissoras de TV e Rádio do país vizinho, consideramos um avanço para a cidadania galega e acreditamos que o " impacto cultural" desta medida será notável, e positivo.
É por isso que estamos tentando reunir o maior número de pessoas dispostas a colaborar ou participar numa Plataforma Galega Para a Recepção das Televisões e Rádios Portuguesas.
Esta lista de correio de trabalho foi criada para definirmos estratégias, acções e objectivos a atingir.

Se estás interessado(a) em colaborar ou participar no projecto só precisas inscrever-te nela. Televisões e Rádios Portuguesas na Galiza já!

  Fonte: br.groups.yahoo.com/group/tvsptnagaliza/?yguid=106153321

 

 

TRAJECTÓRIAS LUSO-BRASILEIRAS

Francisco de Brito Freire

(n. Coruche-1625?; m. Lisboa-1692)

Filho de António Fróis de Andrade e de D. Catarina Freire, seguiu ainda jovem a tradição militar da família, participando na batalha do Montijo, durante as guerras da Restauração. Pelos serviços prestados à Coroa, foi Capitão de Cavalaria na Beira e Comendador da Ordem de Cristo.

Duas vezes nomeado Almirante da frota da Companhia de Comércio do Brasil, fez parte da acção militar que terminaria com a resistência holandesa em Pernambuco (1654). Seria ainda Governador da praça de Juromenha no Alentejo (1658), de Pernambuco (1661-1664) e de Beja (1665).

Em 1669, seria preso na Torre de Belém pela recusa de conduzir D. Afonso VI ao exílio na ilha Terceira. Só mais tarde, em 1682, embarcaria na armada que se destina a trazer o Duque de Sabóia, noivo da Infanta D. Isabel, filha de D. Pedro II.

Homem rico, amigo pessoal do Padre António Vieira, casou com D. Maria de Menezes, de quem teve vários filhos, entre eles Gaspar de Brito Freire, mandado vir preso da Bahia em 1690, por ordem de seu pai. Deixou-nos, como testemunho escrito da sua experiência no Brasil, a " Relação da Viagem que fez ao Brasil a Armada da Companhia, anno de 1655" (1657) e " Nova Lusitânia, História da Guerra Brasílica" (1675). Fonte: Jornal O Público

 

 

Língua portuguesa em debate na Gulbenkian
«A Língua Portuguesa: Presente e Futuro» o tema da conferência que
decorreu, em dois dias, na Fundação Calouste Gulbenkian, em
colaboração com a Presidência da República.
Eduardo Prado Coelho, comissário deste encontro, salienta que se
partiu de duas verificações convergentes: há hoje uma diminuição da
leitura , predomínio do sonoro sobre o visual e desvalorização do
culto do livro; e uma determinada tradição que fazia das línguas
fundamentos de formação humanística e reforços da ideia de nação
tende hoje a dissolver-se.
Jorge Sampaio esteve presente, na sessão de abertura, que inclui uma conferência de Vítor Aguiar e Silva. Das 11.00 às 12.30, primeira sessão de trabalhos sobre «A língua materna nos primeiros anos de trabalho - a perspectiva das ciências cognitivas»; das 14.30 às 16.15, «Os problemas sociais da escolarização»; às 16.30, «A língua portuguesa e o desafio das novas tecnologias»; às 21.30, « Antologias», espectáculo de música e
poesia .
No segundo dia , o tema : « Convergências e divergências no espaço da língua
portuguesa», « Políticas da língua portuguesa» e «Os usos estéticos
da língua portuguesa: literatura e comunicação». Intervenções de
Isabel Hub Faria, Ivo Castro, Adriano Moreira, Marcelo Rebelo de
Sousa e Eduardo Lourenço.

 

 

Da Galiza veio o apelo

A Língua Portuguesa: Presente e Futuro", na Fundação Calouste Gulbenkian
Prezados /as:
O Serviço de Educação e Bolsas da Gulbenkian está a celebrar um Conferência Internacional subordinada ao tema "A Língua Portuguesa: Presente e Futuro", na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa. Como podeis ver no programa
http://www.gulbenkian.pt/FCG.pdf ,
a Galiza nem existe neste encontro e até podia porque há temas em
que se devia falar disso ( nos usos estéticos em literatura, e na de
políticas da língua portuguesa) e temos pessoas preparadas para
falar desses temas.
Proponho a todo o mundo que envie protestos individuais (e até colectivos se parece interessante) protestando pelo facto de não existirmos num evento deste tipo, quando na Galiza provavelmente existem mais pessoas a escrever em português do que, por ex. em Timor, e a falar ( ainda sem saber), nem digamos.
Proponho também que quem saiba ou se sinta capacitado proponha nomes
de pessoas que poderiam representar-nos.
Também parece interessante aos membros do Portal Galego da Língua fazer uma notícia acerca desta falta de sensibilidade.

 

 

Um desafio do presente para preparar o futuro
- 7-Dec-2004 - 19:38
Jorge Sampaio recorda no seu Bloco de Notas que o Português é a sétima
língua mundial e a terceira na Europa
Começo por lembrar o que as estatísticas mostram com cerca de 200 milhões de falantes, espalhados por vários continentes, o português é uma língua de
comunicação internacional, fruto da história, da colonização e de uma
vontade política. Sétima língua mundial, terceira mais falada na Europa, o
português, língua de mestiçagem cultural, é, para além do espanhol, a única língua europeia que está em crescimento.

Português é a sétima língua mundial e a terceira na Europa
Por Jorge Sampaio (*)
Não obstante, defrontamo-nos com desafios importantes a que urge dar uma resposta adequada até porque num mundo em que tudo mudou, o modo como hoje se encaram as línguas e as suas políticas de afirmação e de expansão mudaram igualmente.
Uma política da língua, moderna, coordenada, aberta, diversificada e
dinâmica, exige meios, instrumentos, articulações e objectivos de longo, médio e curto prazo. Exige coordenação com as políticas de ensino, com a política cultural, com a política externa, com uma estratégia global e racionalizada de afirmação e projecção da imagem do país.
Não tenho dúvidas de que a causa da língua portuguesa representa um grande
desígnio nacional. Se o não soubermos agarrar, estamos verdadeiramente a
falhar uma responsabilidade primordial do presente, a desperdiçar uma enorme
riqueza que recebemos do passado e a descuidar o futuro.
Das intervenções realizadas no primeiro dia desta Conferência, gostaria de
salientar algumas observações que me pareceram especialmente oportunas
relativas à necessidade de uma política forte da língua na sua dupla
dimensão nacional e internacional.
Foi frisado por alguns oradores que uma política nacional da língua passa pela
criação de condições de escolaridade que permitam o desenvolvimento das
competências essenciais ao domínio da língua portuguesa, dado esta ocupar um lugar central e ímpar no conjunto de conhecimentos que todos devem adquirir na sua educação. É de salientar a importância dos primeiros anos de
escolaridade , o papel do professor e do meio familiar envolvente. Não me
tenho cansado, nas visitas que faço a escolas, de frisar esta ideia.
Aprender a falar, a ler e a escrever bem, é assim um objectivo primordial do
ensino e uma tarefa prioritária da escola até porque é através da língua que comunicamos e exercemos os nossos direitos de cidadãos. A este respeito, foi salientada a vantagem de, por um lado, haver uma maior interdisciplinaridade e, por outro, os métodos de ensino reflectirem melhor os avanços das ciências cognitivas no conhecimento do funcionamento da memória e dos processos de aprendizagem. Um outro ponto que mereceu especial destaque foi o da influência profunda do meio socio-económico das crianças e a necessidade de escolher estratégias de ensino adequadas para suprir eventuais carências.
Tenho visto experiências muito interessantes que é preciso multiplicar.
Sublinhou-se igualmente o papel fulcral das novas tecnologias como
facilitadoras da aprendizagem bem como o desafio que colocam a nível da produção de materiais e de conteúdos adequados a este fim.

Foi também avançada a ideia da criação de um Observatório da Língua
Portuguesa, que reunindo todos os intervenientes no processo de aprendizagem da língua - pais, investigadores, professores, representantes dos poderes públicos - facilite a avaliação dos programas de ensino, das práticas e dos resultados obtidos.
Quanto à política internacional da língua que, a meu ver, deveria ser uma das prioridades da política cultural externa do nosso país, foi reconhecida a exigência de se aumentar o investimento público quer através do reforço de medidas conjuntas com os países de língua portuguesa, muito especialmente com o Brasil, quer suprindo a carência crónica de meios financeiros e de recursos humanos do Instituto Camões.
O impasse em torno da criação do Instituto Internacional de Língua Portuguesa deveria ser urgentemente ultrapassado, uma vez que se trata de um instrumento importante para a promoção do português como língua de comunicação internacional, de cultura e de prestígio. Para o efeito, é preciso repensar o projecto inicial e é também importante desenvolver a rede de instituições de ensino superior nos países africanos.
Concordo com a ideia de que, a nível da lusofonia, importaria porventura transformar o capital simbólico que a língua portuguesa encerra num projecto de cooperação multilateral, tornando patente a co-responsabilidade e a solidariedade entre os oito países lusófonos.
Por último, é igualmente indispensável investir no ensino do português como língua estrangeira até porque a vitalidade de uma língua mede-se também pela
sua capacidade de cativar novos falantes, num mundo caracterizado pela
mobilidade das populações, de que as nossas comunidades migratórias são um exemplo, e no quadro da globalização das relações internacionais.
Do que foi dito e do debate que as questões suscitaram, ficaram sugestões muito úteis, informações porventura pouco divulgadas e também testemunhos na primeira pessoa. Esta Conferência mostra bem a importância central do desafio da afirmação da língua e o muito que há a fazer, a avaliar e inovar, a
coordenar . (*) In Jornal de Notícias, Portugal

 

Jorge Sampaio quer partidos políticos a defender língua portuguesa

Lisboa, 07 Dez (Lusa) - O Presidente da República, Jorge Sampaio, sugeriu que as conclusões da conferência internacional "A língua portuguesa: presente e futuro"sejam entregues aos partidos políticos e aos grupos parlamentares.

Face à proximidade de eleições legislativas antecipadas, Jorge Sampaio defendeu que os partidos políticos e os grupos parlamentares devem ser confrontados com o que se tem feito ou não em defesa da língua portuguesa.

"O português é uma básica questão política", realçou o Presidente da República, adiantando que, depois de acompanhar os dois dias da conferência internacional, verificou, congratulando-se, que "há causas e disponibilidade para causas, uma das quais é a defesa da língua portuguesa".

Jorge Sampaio defendeu que, na orgânica do Governo, este ou outro, "o português deve estar ligado ao primeiro-ministro", considerando que é uma causa que deve envolver todo o executivo e não estar sob a tutela de um ou dois ministérios.

O Chefe de Estado defendeu, igualmente, "uma diplomacia cultural", para promover no estrangeiro "os produtos culturais portugueses".

Muito aplaudido, Jorge Sampaio apelou ao combate ao insucesso escolar, que considerou " um desiderato nacional", assim como às desigualdades, que afectam muitas crianças e jovens, prejudicando as suas possibilidades de êxito académico.

" Isto põe todos em causa: famílias, professores e políticos", realçou o Chefe de Estado, para depois criticar a sucessão de currículos escolares, defendendo a necessidade de " estabilidade, coordenação e capacidade de avaliação" no Ensino em Portugal.

" Quando me apresentam um currículo escolar novo para promulgação, eu questiono se foi feita uma avaliação aos resultados do currículo anterior. Não há avaliação alguma", lamentou o Presidente da República.

A defesa da língua portuguesa e da escola deve envolver, na opinião de Jorge Sampaio, não só o Governo, mas também as autarquias, os sindicatos e as empresas, no quadro de " um sistema aberto, moderno e capaz".

Por exemplo, "as autarquias devem mostrar menos obra e dar mais apoio às escolas, nomeadamente em termos de aquecimento, autocarros, visitas de estudo e cantinas", frisou o Chefe de Estado, que falava na sessão final da conferência internacional.

Jorge Sampaio disse, também, que os leitorados não podem acabar, antes devem ser estimulados, e as bibliotecas, que também devem aumentar, nomeadamente em localidades afastadas dos grandes centros, devem estar sempre actualizadas.

A conferência internacional de dois dias sobre o presente e futuro da língua portuguesa foi organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, por sugestão e com o apoio da Presidência da República.

O encontro reuniu cerca de 600 participantes, que reflectiram sobre os problemas da língua portuguesa, o seu ensino em Portugal, no espaço lusófono e no mundo. TQ. Lusa/ Fim

Português - Língua Crioula. com
Por ISABEL PIRES DE LIMA Público , Sábado, 11 de Dezembro de 2004

Desde que as línguas vernáculas definitivamente acantonaram o latim no seu definitivo lugar de língua morta e se transformaram em línguas de cultura, isto é, desde os tempos modernos, que puristas emergiram tentando prender a língua a uma norma imutável. Acontece, porém, que a língua é, por natureza, subversora de normas, exactamente porque, como ser vivo que é, é movente.

Vem isto a respeito de um recorrente discurso sobre uma eventual patologia grave que atingiria a língua portuguesa: o português está doente, ninguém fala com correcção a língua portuguesa; toda a gente desrespeita esse bem patrimonial que é a língua... Veja-se o tom trágico-patriótico do início do editorial do PÚBLICO de 6 do corrente: "Se a nossa pátria é a nossa língua (...), então cada vez temos menos pátria", já que a língua estaria a " definhar, acometida de vulgaridades, doente de vícios, trôpega de verbo"... Este dramatismo decorre de duas razões: do facto de estarmos a falar, por um lado, de património e, portanto, de alguma coisa que toca a identidade colectiva/ nacional e, por outro, de um valor social cuja competência é potenciadora de sucesso escolar, profissional, pessoal e de prática de uma cidadania consciente e crítica.

Na verdade, a sociedade portuguesa e as suas elites culturais estão a lidar mal com as consequências que a lógica da globalização e as novas linguagens da sociedade da informação inelutavelmente acarretam para o futuro do português e das línguas em geral. Estão a lidar mal com o facto de Portugal, ao ter deixado de ser definitivamente uma potência imperial, ter deixado de " mandar" na língua e, portanto, ter passado a ser apenas seu co-proprietário, um entre oito e ainda com o facto de se ter bruscamente transformado num país de imigração e definitivamente numa sociedade multicultural. E não estarão a lidar mal também com o facto de assistirem à assunção da palavra por muitos que há apenas uma geração atrás eram silenciados ou não ousavam fazer uso desse poder que o direito à palavra comporta?

Acarreta tudo isto uma nostalgia da " norma". Era tão mais fácil lidar com uma língua que se movia mais paulatinamente, embora sempre se movendo (lembre-se as dificuldades de um Eça de Queirós em fazer aceitar a presença nos seus romances de palavras hoje tão pacíficas como champanhe ou hotel)! Mas, de facto, numa sociedade da informação generalizada processada a alta velocidade, também a língua muda com rapidez e tem mesmo de mudar, sob pena de perdermos com isso um mar de oportunidades que as novas navegações trilham. E tem pouca importância que a comunicação via SMS ou via Internet (e nem os puristas dizem algo como "no interior da rede") se faça com soluções não canónicas relativamente à norma. Importa, isso sim, é não criar uma nova forma de exclusão - a infoexclusão. E, claro, importa também defender a norma sem saudosismos serôdios e desatentos ao efectivo processo de crioulização que a língua portuguesa está a viver neste momento tão especialmente rico da sua já longa vida. A língua portuguesa -- importa lembrá-lo -- nasceu ela própria de um processo de crioulização relativamente ao latim.

Defender a norma passa por uma aposta no ensino " inovador" da língua materna. Inovador quer dizer novo e não recuperador de métodos descritivos tradicionais do tempo em que os que aprendiam a ler e a escrever, para além do básico ler, escrever e contar que em breve tornava alfabetizados em analfabetos funcionais, era uma minoria privilegiada. Defender a norma passa por apostar na educação pré-escolar e básica no seguimento do reconhecimento de quanto a língua é um capital simbólico muito desigualmente distribuído, havendo uma correlação estreita entre a literacia ou a iliteracia funcional e a origem sócio-cultural do cidadão. Defender a norma passa por apostar com urgência de modo " inovador" na formação dos professores de língua materna a montante e a jusante, quer no que se refere ao seu melhor apetrechamento no domínio das pedagogias da leitura e dos discursos, quer na sua formação contínua, particularmente no que ao incentivo à sua própria leitura recreativa diz respeito. E não vale a pena ignorar que vivemos numa sociedade ruidosa, desmobilizadora relativamente às exigências elevadas da leitura, particularmente da literária e que muitos professores de língua materna não escapam a essa desmobilização, tanto mais grave quanto importa, ainda na defesa da norma, mas não só com esse objectivo, batermo-nos pela inseparabilidade entre ensino da língua e da literatura.

Aceitar a crioulização do português como um enriquecimento não é incompatível com a defesa da norma e essa dialéctica é conjugável com sociedade da informação. Viva o português língua crioula.com!

Deputada do PS e professora da UP

Língua e Património
Por NUNO PACHECO
Público , Sábado, 11 de Dezembro de 2004

A língua pode ser um instrumento de poder e isso tem sido provado inúmeras vezes ao longo dos séculos. Mas pode ser também um veículo vivo de transmissão de cultura e, nesse sentido, permanecendo um património essencial dos povos, será tanto mais rica quanto souber rejuvenescer-se em múltiplas mestiçagens. A conferência "A Língua Portuguesa: Presente e Futuro", que esta semana decorreu na Fundação Gulbenkian, teve o mérito de sublinhar esta evidência, contornando a lógica de um certo "missionarismo" linguístico que leva a considerar o português " puro" como receita obrigatória para outros povos. Talvez por isso a simples menção dessa coisa chamada "lusofonia" provoque tantas irritações entre angolanos ou brasileiros, para citar apenas dois exemplos dos mais divulgados. O predomínio da matriz lusa, nesta matéria, foi há muito relativizado pela própria evolução da língua nos países onde o português se tornou também reflexo de outras culturas, abrigando novas palavras e novos sons. Talvez por isso as normas a que poderão estar compulsivamente agarrados alguns puristas, sejam cada vez mais difíceis de estabelecer, ultrapassadas pela vida.

O quanto isso tem sido benéfico torna-se evidente nas culturas não só do Brasil, onde a língua portuguesa se ampliou num considerável enriquecimento, como nos países africanos que a partilham com línguas ou dialectos próprios, do crioulo a expressões nativas de tradição secular. Não é aqui, de modo nenhum, que residem perigos para o futuro da língua portuguesa, pelo contrário: aqui reside a sua principal riqueza, a de crescer num cenário florescente de diversidade. Tão pouco as novas tecnologias, por mais avançadas, constituem ameaça ao desenvolvimento da língua. Se alguma ameaça existe, ela reside na ignorância, no definhar da cultura, no empobrecimento das expressões verbais ou escritas, na sua primarização rasteira. Não é isto que se passa quando o português se transmuta em vários, por influência de migrações e por acção dos povos em múltiplas geografias.

"A língua portuguesa pertence de igual modo a todos os que a falam. São todos co-proprietários", disse Vítor Aguiar e Silva na palestra inaugural da conferência da Gulbenkian. E é por causa desta partilha de propriedade mas também do domínio do português que se torna penoso ver a diferença entre a forma extraordinária como falam ou escrevem muitos brasileiros ou africanos e a penúria criativa com que se exprimem muitos dos nossos estudantes, licenciados e até, já agora, alguns professores ou mesmo jornalistas. Repete-se: não é a diversidade que mata o português, é a ignorância. E ela manifesta-se mais por cá, dentro de portas, do que nos países que alguns pretendem adjacentes da chamada "lusofonia". Se o agora sugerido Observatório da Língua Portuguesa se limitar a olhar para lá das nossas fronteiras, errará o alvo. É em Portugal que a língua sofre maiores martírios. Não pela diversidade ou pela mestiçagem, natural e desejável; mas pelo desprezo a que é votada como matéria viva


Diplomata brasileiro homenageado em Nova Iorque
Mais de 150 pessoas prestaram, em Nova Iorque, homenagem ao antigo embaixador brasileiro em Paris, Luiz Souza Dantas, que salvou centenas de judeus durante a II Grande Guerra, concedendo-lhes vistos de saída para a América.
A homenagem - que se realizou no ano do 50º aniversário da sua morte - teve lugar no consulado do Brasil em Nova Iorque e é uma organização deste Consulado e da International Raoul Wallenberg Foundation.
A ideia de homenagear o antigo diplomata brasileiro partiu do português João Crisóstomo , vice-presidente da fundação e um activista que tem trabalhado nos últimos tempos na reabilitação da imagem do diplomata Aristides de Sousa Mendes pelos mesmos motivos: a salvação de judeus durante a Segunda Grande Guerra.
Segundo João Crisóstomo a ideia de homenagear o diplomata surgiu quando, depois de ter lido a sua biografia " Quixote nas Trevas", de Fábio Koifman, notou muitas semelhança com Aristides de Sousa Mendes.
" São dois diplomatas de língua portuguesa, dois heróis humanistas
que salvaram judeus durante a Segunda Grande Guerra contrariando
ordens dos seus governos, e ambos faleceram há precisamente 50
anos ", disse.
João Crisóstomo propôs ao consulado Brasileiro esta homenagem que
foi imediatamente aceite " com entusiasmo", conseguindo reunir vários
apoios , entre eles o da Varig e do Astro Café, uma cadeia de lojas
propriedade de uma brasileira residente em Nova Iorque.
Este português, que era um dos oradores da noite, aproveitou para
falar de Sousa Mendes e referir as semelhanças entre os dois heróis,
até há pouco esquecidos pelo grande público.
Estiveram presentes ainda, além do cônsul do Brasil em Nova Iorque,
embaixador Júlio Gomes dos Santos, Baruch Tenembaum, fundador da
International Raoul Wallenberg Foudation, Fábio Koifman, autor da
biografia de Luiz Souza Dantas, familiares de Souza Dantas e muitos
diplomatas estrangeiros.
Luiz de Sousa Dantas concedeu vistos a cerca de 800 a judeus durante
a Segunda Grande Guerra, entre eles Felix Rohatyn, um banqueiro que
depois se tornou diplomata e foi embaixador dos Estados Unidos em
Paris durante a administração Clinton.
Felix Royatom ficou conhecido na história americana por ter salvo,
nos anos 70, a cidade de Nova Iorque da banca rota.

Estudo sobre antepassados da imprensa na Galiza e Norte de Portugal apresentado no Porto

Porto - Um projecto de catalogação e digitalização de um dos primeiros antepassados da imprensa escrita na Galiza e Norte de Portugal, as « Relações de Sucesso», é apresentado, esta sexta-feira, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Antecessoras das gazetas, as « Relações de Sucessos» eram textos de circulação popular, publicados entre os séculos XV e XVIII por toda a Europa, que narravam um acontecimento, real ou inventado, com a finalidade de informar ou entreter. Difundidos em folhas manuscritas ou impressas, em verso ou em prosa, foram um dos primeiros meios escritos de difusão popular de notícias.
Na conferência, Sagrario López Poza, professora catedrática da Faculdade de Filologia da Universidade da Corunha e responsável máxima do projecto, dará a conhecer aquela que é uma das primeiras iniciativas do Centro de Estudos Euro-Regionais Galiza - Norte de Portugal (CEER).

Fundado em Dezembro de 2002, o CEER congrega seis universidades dos dois lados da fronteira - Porto, Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, Vigo, Corunha e Santiago de Compostela - com o objectivo de incrementar a competitividade do Noroeste Peninsular.

Fonte: jornaldigital.com/noticias.php?noticia=2082

Livros para Timor

Mirian Giannella" < casadocipreste@u...> Qui  Dez 2, 2004  4:02 pm
Olá pessoal de São Paulo,

 Recebi uma mensagem com pedido de livros infantis em português para o Timor leste, onde estão muito carentes de tudo. Conseguimos saber como enviar e segue abaixo as orientações para os interessados.

 Lembrando que nosso encontro será no próximo sábado no Lua Nova,

(Virgílio com Artur) se quiserem também podem entregar lá para mim.

Espero vocês! Mirian Giannella

Assunto: Remessa de materiais pedagógicos.
BASE DE ADMINISTRAÇÃO E APOIO.

Rua da Independencia, 632 Cambuci - São  Paulo.

Entregar na Companhia de Guarda.

Ministério do Exército- fone: (11) 3888-5200. Relações Públicas.
Fiquei sabendo que este material seguirá para a base aérea do Rio de Janeiro, em seguida irá para  o Timor, provavelmente sairá no dia 09/12/2005 aquí do Brasil com destino ao Timor.

Para MAC - Crianças Unidas: HQ Sector Central - Contingente Brasileiro
P. O. Box 2436 - UNTAET - (Darwin NT 0801 - Austrália)
Dili - Timor Leste

A/C Caci Sassi 

Vidas Lusófonas informa 

Navegando por  Dezembro de 2004, informamos: sim, é verdade, já recebemos 3,5 milhões de visitas e verificámos ser  possível conviver com os grandes vultos do nosso passado comum. No www.vidaslusofonas.pt

é só clicar em cada um dos nomes dos 85 vultos e eles irão sentar-se à vossa mesa para festejar o Natal e o Novo Ano  que vem aí...

  Excelente 2005 para todos vós! - são os votos da equipa de

  VIDAS LUSÓFONAS

  Quem vos leva o nosso abraço é o coordenador do site :   

                                                                Fernando Correia da Silva